19 de fevereiro de 2008

Quadradinhos. Histórias Postadas. Galeria Yron. Conversa a 23 Fevereiro.

Desde finais de Janeiro que a galeria Yron, na Rua de São Bento, apresenta uma exposição intitulada Quadradinhos. Histórias Postadas, na qual se apresentam projectos artísticos que partem de pressupostos formais cuja fonte se encontra na banda desenhada, num seu cruzamento com um objecto específico, os papelinhos autocolantes de notas "Post-it".

O grande objectivo desta exposição é não somente apresentarem novos trabalhos como colocarem em questão modos de apresentação, de discursar sobre as artes, de dividir terrenos, ou melhor, de como esses terrenos não são facilmente divisíveis.
São apresentados vários artistas, mas permitam-me salientar o trabalho de Joana Figueiredo, de quem aqui já falámos, e que apresenta uma obra claramente de princípios narrativos, ainda que onde essa raíz narrativa se dilui ou so é captada através de um exercício de multi-legibilidade da parte do leitor.
Além disso, o espaço tem servido de ponto de encontro e discussão de alguns temas sobre a banda desenhada no geral. Nos dois anteriores Sábados, houve a oportunidade de se escutar e conversar com Marcos Farrajota a propósito do mercado editorial de banda desenhada, nacional e internacional, com uma atenção especial para com estratégias alternativas às mais usuais, e com Geraldes Lino em torno da noção e amplíssimo mundo dos fanzines, sobretudo dos portugueses, mas não só. No próximo dia 23, pelas 17h, será a minha oportunidade de torturar as pessoas que tiverem o descuido de aparecerem por lá... O tema é muito amplo, aberto e será desencadeado pelo diálogo com os circunstantes, mas centrar-se-á sobre aspectos da estética da banda desenhada, do experimentalismo que ela própria possui, permitiu e para o qual se abre, e alguns dos possíveis e mais interessantes diálogos que ela estabeleceu com outras linguagens artísticas.
O objectivo é sensibilizar para quão amplo e inesperado é esse universo de diálogos, mas sobretudo como a banda desenhada tem uma especificidade que a torna autónoma e passível de admiração, enquanto plataforma de pensamento sobre o mundo.
Sejam bem-vindos.

9 comentários:

elcerdo disse...

Curti muito o seu blog.
excelentes dicas, sempre com bons trabalhos.
e escreve muito bem,os textos e as críticas saõ muito bem escritas.
é de portugal?

Pedro Moura disse...

Olá, e obrigado, Elcerdo.
Sim, sou de Portugal. Mas não há nenhum oceano a separar-nos, aos internautas, não é?

tO mY: disse...

ola, sou eu polaco q escreve sobre bd portuguesa :-) mas q estranho, nao e? :-)

deixo aqui os meus parabens pelo discurso no YRON, bem como este endereco do meu blogue, em polaco mas tem links por onde procurar de algumas referencias da bd polaca

http://przypadkiem.blogspot.com/

Anónimo disse...

Foi uma discussão muito interessante.
Já agora, se não for pedir muito, podia deixar aqui uma listagem dos trabalhos que usou como exemplo? Fiquei muito interessado por alguns dos trabalhos, mas não memorizei o nome de todos ou dos autores.

Pedro Moura disse...

Olá J.-J.
Vou tentar ser organizado.
Os autores mais "clássicos" de que falei e de quem mostrei imagens foram o seu "pai", Rodolphe Töpffer, Winsor McKay com "LIttle Nemo in Slumberland" e Frank King com "Gasoline Alley", Guido Buzzelli com "Zil Zelub" e Gianni de Luca com as adaptações de Shakespeare.
Quanto aos autores contemporâneos, foram Chris Ware com "Jimmy Corrigan, The Smartest Kid on Earth", Kevin Huzeinga com "Glenn Ganges", Lewis Trondheim com "Bleu", Jochen Gerner com "T.N.T. en Amérique", Raúl e Filipe H. Cava com "Tatanka" (na Quadrado, vol. 3, no. 1), Richard McGuire com "Here" (não existe em livro), Warren Craghead III com vários trabalhos, Silvestre com "Relations", e Martin Vaughn-James com "The Cage". Infelizmente, não me recordo se algum dos livros que levei era muito diferente, com a excepção do "La Femme 100 Têtes" de Max Ernst.
Se quiser que eu deixe o nome dos artistas plásticos de que falei, é só indicar. Quanto ao resto, o google ajudará, mas pode contar comigo para qualquer indicação de que necessite.
Pedro

tO mY: disse...

deixo aqui o meu endereco caso na receber daqui a pouco o meu email

jacube88@yahoo.com

abraco
tgo

Anónimo disse...

Muito obrigado pela lista. Assim sendo, vou tentar adquirir o The Cage. É uma pena que não possa fazer o mesmo com o Here.

Pedro Moura disse...

Tenta o site de alfarrabistas abebooks.com para encontrares a versão original do "The Cage" (em inglês, The Coach House Press) de 1975. Há uma versão em francês (o texto é completamente diferente e as páginas são em branco, não creme) nas Les Impressions Nouvelles (têm site).
Quanto ao "Here", do Richard McGuire, procura a revista RAW, vol. 2, no. 1 de 1989, para a primeira versão. Se quiseres, posso arranjar-te estas e outras em scans ou fotocópias.
Até já
P.

Anónimo disse...

Vou tentar arranjar os originais, mas obrigado de qualquer das formas. O abebooks.com é um site muito útil. Obrigado.