tag:blogger.com,1999:blog-7498791.post7439256818881049864..comments2024-03-21T07:34:30.258+00:00Comments on Ler BD: L.L. de Mars/ Steve Aylett. Judex/Johnny Viable and his terse friends (La cinquième couche/Floating World Comics)Unknownnoreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-7498791.post-48759577338514778662015-11-28T09:59:28.992+00:002015-11-28T09:59:28.992+00:00Olá. Em primeiro lugar, as minhas desculpas por re...Olá. Em primeiro lugar, as minhas desculpas por responder tão tarde. Bom, não sei se lendo algum particular trecho do meu texto se leva à ideia de que estou a dizer que a banda desenhada deve seguir caminhos já trilhados por outras disciplinas artísticas, mas não nego que possa haver essa ideia. Porém, na contextualização do trabalho contínuo que espero ter feito - presunção à parte -, acho que é bastante clara a minha posição sobre esse assunto: não se trata tanto de seguir "percursos já feitos", mas sim de aprender a dialogar com as questões prementes colocadas alhures, e encontrar modelos de interrogação que possam fazer também repensar a banda desenhada enquanto arte. Sempre me fez confusão que as pessoas que mais se batem pelo termo "9ª arte" são as mesmas que, as mais das vezes, não aceitam experiências ("artísticas", "experimentais", "diferentes", "difusas", "expansivas"?) na banda desenhada como banda desenhada tout court. <br />A ideia de "obra aberta" é um caso bicudo, pois o Umberto Eco propôs um conceito extremamente útil para pensar a interpretação literária, e foi abusado até ao ponto das pessoas o empregarem como "posso interpretar como quiser". Não, não podes: existem elementos concretos e objectivos (no sentido de "possuindo as qualidades de um objecto") - daí que o próprio Eco tenha depois feito uma resposta a esse abuso, publicado entre nós como ""interpretação e Sobreinterpretação" e, mais tarde, "Os limites da interpretação". Dito isto, sim, é óbvio que as lições aprendidas pela história da montagem/sutura, no cinema, fazem todo o sentido, mas nessa discussão e aprendizagem, seria interessante estudar autores ainda mais radicais, como os Straub-Huillet, ou a panóplia de filmes que exploram essas relações. Os Davides, como dizes, são exemplos interessantes, mas eu diria que trabalham mais ao nível do ataque à diegese, sem porém a abandonar totalmente. <br />Neste espaço, já tive a oportunidade de falar de várias bandas desenhadas que bebem da recombinação: o Pedro Franz com um dos episódios de "Promessas de Amor", Joana Figueiredo com "Post-Shit", a obra de Jess, e até o Marco Mendes nas suas várias formas de edição/reedição (e o Ware é um óptimo exemplo,sim). Porém, aqui estamos a um nível de exigência da materialidade das imagens que é algo diferente do "agenciamento" da própria diegese, e esse ligeiro abuso de interpretação da parte dos leitores...<br />Isto tudo para depois desembocar precisamente nas relaçõs da re-leitura, que se pode alterar por tantos, tantos factores: começando pela idade/maturidade, conhecimento, novas relações intertextuais, etc. Ou até, mais importante aqui, um simples debate, que nos pode obrigar a reler e repensar...<br />Obrigado.<br />PedroPedro Mourahttps://www.blogger.com/profile/13850102500313668884noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7498791.post-57862786777377551882015-11-09T02:24:47.908+00:002015-11-09T02:24:47.908+00:00Olá Pedro,
Propositadamente li esta entrada uma só...Olá Pedro,<br />Propositadamente li esta entrada uma só vez e não a reli ao comentá-la, ao contrário do que me é hábito. Se o fizesse retiraria outras leituras desenquadradas no contexto do que agora estou a escrever. Será mesmo verdade que se a bd quer assumir uma igualdade de estatura entre as demais formas de arte terá de repetir como estas os percursos já feitos? Injustiça te seja feita, se o teu texto é uma prancha de bd, isto não é mais que uma inscrição sobre um balão aberto, mas assim são as leituras primitivas. Se continuasse, na segunda vinheta as personagens afirmariam que encetar um caminho obrigatório pode derivar a bd, ou qualquer outra forma de arte, para a ciência, ao encerrá-la num campo de concentração epistemológico vigiado por dogmas ferozes. Um investigador da arte não esconde em si um oxímoro? Costumas colocar a ti próprio este tipo de alertas ou estou somente a colocar um desafio pelo desafio?<br />Mais que quaisquer outros, sempre me fascinaram no cinema os filmes que permitiam um infinito espaço de interpretações, pela ambiguidade das personagens e da história. Filmes do Cronenberg e do Lynch (ambos Davides, mas de autores diferentes:-) deixam sempre o desejo de regresso à sua diegese para contar uma história diferente, bastando uma nova montagem das cenas, ou até a recuperação de outras nunca filmadas, ou pertencentes a fitas que estariam melhor enquadradas na versão, memória, que em cada momento se constrói. Dizias no teu VerBD que podemos regressar às histórias de que gostamos sem nos importarmos de já conhecermos o seu final. Mas quantas leituras bastarão para de facto o conhecermos?<br />Avaliar as possibilidades e a extensão de um trabalho gráfico parece-me um exercício comum e que já é feito há muito tempo, bastando alguma aliteração de imagens e outros truques de mesa de montagem, habituais até no Chris Ware sempre que ele quer marcar pausas entre eras ou gerações. Inclusivamente quando ele reparte a mesma obra por vários formatos que permitem começar a história por qualquer um dos suportes, não estará a permitir-nos contar outra história com os mesmos desenhos? Certamente que a tua memória enciclopédica poderá recordar duma assentada uma meia-dúzia ou mais de obras com páginas amovíveis entre si com enredos recombinantes. É fácil pegar num maço de pranchas e entregá-las a um conjunto de autores para que cada um lhe confira a sua narrativa, mas para isso não basta já entregá-las aos leitores? Outro exercício é o mesmo autor fazer várias versões duma mesma e exacta criação. Quantos de nós entram numa discussão sabendo que não iremos mudaer de ideias? Não acontece a mesma coisa ao autor de uma história?<br />Uma possibilidade será também reler a tua crítica e usar outra parte do meu cérebro para fazer um novo comentário.<br />Obrigado<br />Aquele Abraço,<br />José<br />José Sánoreply@blogger.com