17 de junho de 2005
Dispersion 2. Hideji Oda (Kodansha/Casterman)
Há cada vez mais projectos editoriais que nos permitem aceder a uma mais vasta visão e fruição da banda desenhada japonesa. Esta nova colecção, Sakka (v. www.sakka.info), da Casterman e da Kodansha é mais que bem-vinda, e é suficientemente ampla no seu catálogo para poder chegar a um igualmente amplo e diverso público. Os dois ideogramas chineses que compõem esta palavra são "escrita" e "casa", perfazendo "autor": o mote é "a outra mangá", isto é, "de autor", como contraponto a produções mais comerciais... Não vejo que uma classificação dessas implique necessariamente diferenças entre qualidades e forças e valores artísticos, mas deixo essa discussão para outra ocasião. Adiante.
Comecemos com o segundo volume de Dispersion, ou Diffusion em inglês, de Oda.
Uma das características que os próprios japoneses gostam sempre de sublinhar é a sua insularidade e, consequentemente, a sua singularidade. Mas tirando a parte de presunção e arrogância que cabe a cada povo, o facto é que nem sempre é fácil aos filhos do sol nascente lidarem com a ideia do Outro. Estranhamente, esta aventura que mistura tanto de ficção científica, como de maravilhoso e relato urbano-depressivo (o epílogo incluso é bastante informativo nesse sentido), lida muito bem com essas mesmas questões de identidade, alteridade e, claro está, a dispersão que apenas o amor permite ou de que o amor salva. O segundo volume desta estranha narrativa, um trabalho que se iniciou há mais de uma década atrás, e agora acessível em francês, leva-nos ainda mais longe em termos geográficos na errância do protagonista, mas algumas respostas acabam por o redimir.
Sem comentários:
Enviar um comentário