Dos
quatro primeiros títulos desta série, Pavor
espaciar parece ser aquele que melhor se
coaduna com a típica estrutura narrativa das mais costumeiras
aventuras dos gibis. Seria preciso um estudo mais aturado, mas a
grande esmagadora maioria da produção das narrativas da Mônica
e títulos companheiros são de histórias curtas, que raramente
ultrapassam as dez páginas. É claro que com mais de 6 décadas de
produção, a nova linha Jovem e adaptações de histórias
tradicionais,, literárias ou cinematográficas em monografias
especiais, existem narrativas mais longas, e mesmo no interior dos
gibis será possível descobrir histórias por volta de 20 páginas,
o que é raro mas não inédito: Mas o ponto forte são as curtas.
Fazer histórias curtas, porém, num género como o habitual da MSP,
significa que é necessário encontrar um bom equilíbrio entre
brincar com expectativas e as características típicas das
personagens, assim como com o humor ou a possibilidade de citações
e variações de temas. (mais)
A colecção “Graphic MSP” vem permitir um maior fôlego aos autores convidados, mas isso nem sempre significa um aproveitamento para que se criem narrativas densas ou estruturalmente mais complexas. Tanto Magnetar como Laços, como veremos, criam histórias relativamente concentradas numa acção, mas Pavor procura uma situação ainda mais simples, e bem mais linear. O único ponto que a diferencia de uma curta da revista desta personagem é o tratamento gráfico e a distensão das cenas, mas não o espírito narrativo mais habitual.
A colecção “Graphic MSP” vem permitir um maior fôlego aos autores convidados, mas isso nem sempre significa um aproveitamento para que se criem narrativas densas ou estruturalmente mais complexas. Tanto Magnetar como Laços, como veremos, criam histórias relativamente concentradas numa acção, mas Pavor procura uma situação ainda mais simples, e bem mais linear. O único ponto que a diferencia de uma curta da revista desta personagem é o tratamento gráfico e a distensão das cenas, mas não o espírito narrativo mais habitual.
Uma
possível sinopse reduziria drasticamente a história a uma breve
anedota: Chico Bento e Zé Lelé são raptados por alienígenas,
juntamente com o porco Torresmo e a galinha Giserda,
conseguem escapar, mas ninguém acredita na aventura deles e levam um
raspanete. A força, porém, de Duarte, é a exploração das cenas
com um tempo dilatado, e muitas vezes em cenas “silenciosas” (uma
característica, de resto, da sua obra), o que permite explorar
vários efeitos cómicos das expressões e reacções das
personagens: Além disso, o autor permite-se a incrustar nessa
estrutura simples e linear variadíssimas piadas construídas com
base em referências não apenas ao universo diegético da própria
produção de Mauricio (o Jotalhão preso, o fato do Astronauta, o
esqueleto do Horácio, etc.) como também a variadíssimos elementos
da cultura popular (o aliens em si, Panoramix [ou outra personagem? Ver comentário de Renan, em baixo], a kriptonite, Michael
Jackson, os comics de
Eisner e Schulz).
Gustavo
Duarte é um cultor particular de histórias com criaturas estranhas,
como se depreende desde logo do seu volume Monstros
(que conheceu edições internacionais): Pela participação na
antologia da MSP, não se alheou a essa escolha – colocando o
insuportável-amoroso Bugu no centro das atenções -, se bem que
criando antes uma espécie de ilustração compartimentada por
“retratos” das personagens.
O
trabalho de composição de Pavor Espaciar
é muito simples, optando-se por um número baixo de vinhetas bem
largas, e também empregando bastas vezes splash
pages e um spread
para grande efeito dramático, de maneira a tornar a leitura mais
célere, simples mas também “abandonando” as personagens
naqueles cenários titânicos no interior da nave. A figuração é
bem simplificada nas linhas, usando apenas uma abordagem
semi-esquemática, arredondada e caricatural que aumenta a
expressividade das personagens, e as suas dinâmicas próprias, mas
onde tudo se encontra direccionado para o fito claro da narrativa,
que pouco mais é do que uma anedota amplificada no tempo e no espaço
de uma, um termo algo abusado, “graphic novel”
Nota:
agradecimentos à Panini Brasil, a André Diniz, Pedro Franz, Maria
Clara Carneiro, e Sidney Gusman, pela ajuda em obter os livros, e
algumas outras questões. Escusado será dizer que nenhuma das nossas
posições e/ou leituras responsabiliza terceiros.
Olá, Pedro! Acredito que o Panoramix ao qual você se refere é na verdade um personagem do livro "Monstros!" do mesmo Gustavo Duarte. Quanto ao "Alien", você quis dizer a criatura do filme que leva o mesmo nome? Se sim, não o encontrei no livro. Ou você se referia às criaturas que abduzem o Chico e seu amigos?
ResponderEliminarUm abraço!
Caro Renan,
ResponderEliminarTem razão, provavelmente não é o Panoramix, pois pelas roupas remete antes a esse outro livro do Duarte. Quanto ao "Aliens", estava a falar do filme, mas de uma maneira muito geral e que dá a entender haver uma referência directa, o que não parece ser verdade. Mas "Pavor" está tão cheio de referências, que fazer o seu mapa seria algo desprovido de interesse, pelo menos nesta minha abordagem.
Obrigado!
Pedro Moura
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCertamente um mapa não seria de grande utilidade, Pedro. Até porque as referências parecem funcionar mais como pequenas piadas ou acenos aos leitores, desprovidas da intenção de acrescentar uma camada que seja indispensável à narrativa, ao menos na minha leitura. Algo poderia ser escrito em algum lugar sobre esse tipo de dispositivo de citar outras obras, que é tão querido pelos "fãs de quadrinhos" (desculpas pela categoria um tanto ampla), por exemplo as aparições do Stan Lee nos filmes da Marvel.
ResponderEliminarVa, isso e que e botar faladura. Que pena nao poder haver lugar ao emprego de expressoes alemas colhidas da teoria literaria. Caspite!!!
ResponderEliminarVa, isso e que e botar faladura. Que pena nao poder haver lugar ao emprego de expressoes alemas colhidas da teoria literaria. Caspite!!!
ResponderEliminarCaro Anónimo (parece que já nos conhecemos, com tantas mensagens),
ResponderEliminarMais um vez não entendo o que o incomoda nos textos de (pobre, decerto) análise ou crítica que aqui tento. Se a "faladura" incomoda, porque cumprir a sua leitura? E, por favor, se achar que eu deveria ter em conta a obra enquanto "als seiendes Ganzes", diga-me.
Pedro Moura