28 de outubro de 2016
Este fim-de-semana: partipação em "Central Parque" e "Os Livros" (RTP3)
Serve o presente post para anunciar que participámos em dois programas da RTP3 que, por coincidência, serão divulgados neste mesmo fim-de-semana.
Em primeiro lugar, trata-se do "Central Parque", apresentado por Joana Stichini Vilela e Pedro Rolo Duarte. Dedicado à banda desenhada, teve como convidados (tal como ocorrera com o programa "Sociedade Civil") o autor António Jorge Gonçalves e eu próprio. A conversa foi amena e dava pano para mangas, mas esperamos ter dado conta do recado das múltiplas linhas que havia para discutir. Passará Sábado, 29, às 18h10, repetindo depois noutros canais da cadeia mas ficando disponível na RTP Play.
Em segundo lugar (mas gravado muito antes), trata-se do programa "Os livros", de Inês Fonseca Santos, dedicado a Contos dos Subúrbios, de Shaun Tan. Passará Domingo, 30, na RTP3 às 12h50 e às 20h50, ficando depois disponível também na RTP Play. [nota adicional: por lapso, o programa não foi para o ar correctamente; o episódio referido será transmitido Domingo, dia 6 de Novembro]
Os meus agradecimentos aos produtores de ambos os programas.
Simplesmente Samuel. Tommi Musturi (Mmmnnnrrrg)
Quando
escrevemos sobre Caminhando com Samuel, fizemo-lo no
interior de um enquadramento não apenas comparatista – lendo-o em
conjunto com outros dois livros – como sob um foco muito
particular, que tinha a ver com a pesquisa possível sobre a natureza
do divino pela banda desenhada. Com efeito, se podemos dizer que
Musturi transforma as suas pesquisas formais num exercício não
apenas metatextual sobre a criação da própria banda desenhada, ou
outras disciplinas, mas até sobre a própria existência humana,
quase de uma forma goethiana (devido à citação transversal que há àquele "mundo das madres" onde as formas ainda se encontram por formar...), existirão vários graus ou até
naturezas dessa mesma tarefa conforme o propósito ou programa
narrativo a que se entrega. Caminhando
com Samuel
transformava o que parecia um inflexível mecanismo de causalidade e
movimento numa incessante interrogação. Simplesmente Samuel, quer
pelo título quer pelas acções, parece “diminuir” a intensidade
dessa inflexibilidade, mas a constância mantém-se. (Mais)
26 de outubro de 2016
Megg, Mogg & Mocho. Simon Hanselmann (Mmmnnnrrrg)
Este texto serve para dar conta de um dos livros que a Chili
Com Carne & a Mmmnnnrrrg lançaram de catadupa, por ocasião,
parece-nos, do Amadora BD, reunindo este pequeno caderno uma pequena selecção
das histórias das personagens incómodas e delirantes do autor australiano Simon
Hanselmann. Há quase três anos certos demos conta de uma leitura por atacado detoda uma série de publicações desse autor, explorando o seu universo temático,
os seus ambientes, um paradoxal misto de humor negro, aventuras de desenhos
animados e desespero urbano. Pouco tempo depois, a Fantagraphics agregaria a
esmagadora maioria dessa produção num volume imponente. Este volume, mais modesto, não deixa ainda assim de ser um
decisivo contributo para a disponibilização, em Portugal e em português, de
material digno da “gente bruta” anunciada pelo selo editorial. (Mais)
18 de outubro de 2016
15 de outubro de 2016
Bad Little Children's Books. Arthur C. Gackley (Abrams)
12 de outubro de 2016
"Espelhos meus", com Vasco Ruivo. Cais # 221.
Saiu hoje a revista Cais no. 221. De há três anos a esta parte, a revista contou com duas páginas de banda desenhada, criadas pelo argumentista André Oliveira (tendo reunido depois algumas dessas histórias em Casulo), e desenhada por uma bateria de novos (e menos novos) talentos.
André Oliveira passou-nos o testemunho dessa tarefa e, a partir deste número, as histórias contarão com os nossos argumentos. O primeiro foi trabalhado e interpretado de forma brilhante, se nos for permitido dizer, pelo Vasco Ruivo (de quem falámos a propósito de uns zines). A história intitula-se "Espelhos meus" e joga com memórias de infância. Em breve, daremos mais notícias, assim como criaremos acesso online a estas histórias, estando as próximas já em produção.
Um agradecimento especial ao André Oliveira e ao Vasco Ruivo, assim com aos editores da Cais.
10 de outubro de 2016
imageria. Rogério de Campos (Veneta)
6 de outubro de 2016
Colecção Novela Gráfica II. AAVV (Levoir)
Nota
de intenções: tendo traduzido dois volumes desta colecção, assim
como escrito o prólogo de dois outros, temos uma associação
profissional a esta colecção.
Tendo
terminado esta colecção, e não tendo tido oportunidade antes de
falar sobre ela, esperamos que ainda sejam pertinentes estes
comentários, uma vez que a colecção continuará disponível quer
através da rede do Público quer, mais tarde, no mercado
livreiro. As ideias apresentadas a propósito da primeira colecção
são ainda válidas para esta segunda. Compreendendo-se que o mundo
editorial em Portugal, no que diz respeito à banda desenhada, ainda
não se encontra num estado óptimo, sobretudo no que diz respeito à
sua recepção e circulação, a aposta em apresentar de rompão toda
uma série de títulos é uma estratégia válida. De certa forma, é
mesmo uma maneira de revalidar alguma da sua história, aumentar
exponencialmente os títulos disponíveis de entre os “clássicos”,
os “desconhecidos” e os “contemporâneos”, e, de resto,
trazer algum grau de diversidade à sua maneira. Não sendo possível
esquecermos os gestos, tão diferentes mas sustentados e
programáticos, de editoras como a Polvo, a Chili Com Carne e a
Kingpin Books, selos mais pequenos mas também buscando coerências
várias, como a El Pep, o Clube do Inferno, a Libri Impressi, os
projectos comerciais sólidos da Devir, da Goody e da G.Floy, os
gestos mais ou menos isolados de editoras generalistas com apostas na
banda desenhada nacional e internacional (Bertrand, Parceria A. M.
Pereira, Tinta da China, Teorema, Gradiva, etc.), a paisagem é
suficientemente variada para albergar e acomodar os propósitos
destes projectos da Levoir. (Mais)
5 de outubro de 2016
Colecção Sandman. Neil Gaiman et al. (Levoir)
Quando a edição de Sandman, pela Devir, se viu interrompida
por problemas de cariz legal e internacional, que não era imputável à editora,
tecemos algumas considerações gerais sobre a série. A elas remetemos, pois
apesar da distância de dez anos, algumas dessas notas são ainda pertinentes. É
verdade que a leitura desta série, no início dos anos 1990, se fez numa
paisagem mediática e de produção de banda desenhada profundamente distinta
daquela que é possível nos nossos dias, já para não falar da própria recepção
pessoal, que tem de ser diferente por razões tão várias quanto óbvias. (Mais)
3 de outubro de 2016
Bulldogma. Wagner Willian (Veneta)
Com
mais de 300 páginas, é tentador encontrar em Bulldogma um
objecto descritível como “romance gráfico”, no sentido que se
lhe atribui uma importância, a um só tempo, de tamanho, gravidade e
sofisticação narrativa, diferenciado-a de outras prestações no
mesmo território criativo. Não queremos de forma alguma negar a
presença de todas essas características no livro, mas antes
especificar, desde logo, que talvez estejamos menos em presença de
um “romance” do que de um densíssima, mas livre, novela centrada
na vida interior da protagonista, Deisy Mantovani, ilustradora (e
grafiteira secreta) que se encontra numa encruzilhada profissional,
mas igualmente nos destroços da sua vida amorosa, e no início da
habitação de um novo apartamento e de projectos criativos. Todas
essas linhas concorrem para criar um substrato da experiência que
criam as condições do que testemunharemos da sua vida, quer aquela
diária do mundo da vigília, quer aquela que é alimentada por ela
nas esferas da fantasia diurna, os medos nocturnos e os sonhos a
qualquer hora. (Mais)