4 de outubro de 2005

Emily, the Strange. Cosmic Debris TM (Dark Horse)



São sobejamente conhecidos os exemplos de characters criados por companhias de merchandising como a Hello Kitty!, Pucca, o macaco de Paul Smith, etc. Outros são menos conhecidos, mas não por isso desprovidos de interesse, como as Angry Little Girls. Se bem que o merchandising de personagens famosas (quer pelos contos tradicionais, bandas desenhadas, filmes, etc.) seja já prática bem antiga, e contínua, a empresa japonesa Sanrio criou no final dos anos 70 a Hello Kitty!, que eu saiba a primeira character a surgir sem relação com trabalhos anteriores. Isto é, a gatinha que não tem boca (porque nos fala do coração” não é personagem de desenhos animados, nem de bandas desenhadas, nem de livros, mas exclusivamente da decoração de milhentos (número oficial) de produtos, desde roupa a skis de neve, de esferográficas a... massajadores faciais.
Em 1993, Rob Reger criou mais uma destas personagens, Emily, the Strange, colocando a face desta miúda de uns supostos 13 anos, com uma inclinação pelo misterioso e "spooky", e uma paixão por gatos pretos e malvados e aranhas em autocolantes (para "bombar" pelas ruas), skates, etc. um pouco como os autocolantes da cara de Andre the Giant da Obey, espalhados pelo mundo inteiro. Rapidamente se transformou num character para outros produtos, e não demorou muito até que se transformasse num chorudo negócio de roupas – especialmente dirigido a jovens adolescentes góticas ou neo-punk – com um ou dois livros à mistura (com ilustrações e textos, não propriamente narrativos, mas mais próximos de colecções de aforismos – banais, fáceis, mas que as fãs dirão “espectaculares!”).
A aparição de um livro de banda desenhada mais clássico não deverá surpreender ninguém, tal como a série de animação que começará lá para 2007. Emily encontra-se num grande grupo de personagens desenhadas para um novo e jovem público com interesses superficiais e teatrais pelo esoterismo, e no qual julgo não exagerar se juntar no saco o Harry Potter, as Witch, e até O Código Da Vinci. (Ler Isaac Luria, Gershom Scholem e Robert Graves é que é mais difícil...).
Mas mesmo para os fãs das frases soltas e “estranhas” dos outros livros (e produtos) de Emily, este comic deve parecer pobre: não é mais do que “do mesmo” reaquecido e reapresentado num formato ligeiramente diferente, uma mescla de livro de passatempos e pequenas anedotas esticadas a passar por “histórias” (profissionalmente conhecido como “síndrome Malucos do Riso”), e papel caro e brilhante (daí o exorbitante preço por umas ouças páginas). O único trunfo é as duas folhas finais com autocolantes para colocar nos cadernos da rentrée escolar.
Disse trunfos? Cultura trash para quem gosta de trashar.
Nota: agradecimentos ao meu amigo Fernando Ferreira, nipodependente, e a Yunseon Yang, strange e bored (por mim). Posted by Picasa

1 comentário:

  1. É precisamente isso o que se passa. Só que este veio da loja e não dá para devolver. Como disse, ficam os autocolantes...

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