23 de janeiro de 2006
Aqui no Canto, boxing number. João Rubim e Manel Brito (autoedição)
Nova aventura de um fanzine de que aqui já falámos, este "boxing number" apresenta uma fórmula relativamente simples: dois artistas, desenhando "lado a lado", cada um assumindo um dos boxeurs envolvidos em uppercuts e direitas bem assentes (na verdade, cada um é responsável por uma vinheta, que pode ou não representar os dois combatentes, que mimam os rostos dos autores reais). Por um lado, poderá ser reminiscente de um trabalho que revisite um artista anterior, como quando André Lemos "brincou" com desenhos de Georges Grosz, em Super Fight II (v. comentários) ou por outro, os diálogos de Kochalka e os amigos. Este projecto está aquém das questões dessoutros trabalhos (revisitação & questionamento) mas para além em termos de diálogo vivo.
Verão que a distinção é clara entre o traço dos dois artistas - não se trata da busca de uma osmose, como no caso do Flat Bosnian Dog, de Andersson e Sjunnesson: os de João Rubim com traços desenhados de uma forma mais solta, o que faz sublinhar as costumeiras linhas de movimento da banda desenhada, de impacto, de metaforização dos choques físicos, de irradiações e linhas de fuga da acção em curso, ao passo que os de Manel Brito, mais estilizados, se parecem centrar mais nos pontos de impacto, nos ecos que um corpo faz no outro no momento do embate, nas repercussões (inclusive as visuais) que esta pequena e escorreita banda desenhada provoca...
A montagem de Ana Lúcia deve-se ao facto dos autores terem delegado essa responsabilidade - qual montagem - a outra pessoa, mas que respeitou uma "ordem aparente" da acção. Ao princípio, pensei tratar-se de um exercício livre de desenhos cuja sequencialização seria ao acaso, pela "montadora", mas fui informado pelos mesmos que iso não era assim. No entanto, uma vez que somos lançados e abandonamos a "estória" (ou o segmento, se preferirem) sempre no combate propriamente dito, sem quaisquer outros elementos laterais, faz-me pensar numa sequência circular, num loop eterno de dois amigos que se empurram um ao outro nos terrenos da criação.
O preço é algo elevado (5 Euros), mas deve-se à inclusão, na compra do fanzine, de um CD com uma animação pelos dois autores, uma curta-metragem que mostra um outro combate gráfico, também experimental, também intenso. Só há 30 exemplares, duas metades com capas ilustradas ora por um ora por outro. Esta é a de Rubim. Ide: http://aquinocanto.do.sapo.pt/
(Apesar de saber que isto vai irritar pessoalmente o Manel Brito, deixo só mais uma vez a ideia de que, havendo diferenças, há também semelhanças em escolhas gráficas, ou uma linguagem geral, com o seu pai, o Fernando Brito, pintor, artista multifacetado e autor de algumas bandas desenhadas, inclusive a Fado - v. Quadrado #5, da Bedeteca - e uma epopeia de ficção científica, há anos para ser editada... Aceitam-se discussões sobre este assunto).
Nota: notarão numa dedicatória na capa. Não consta da capa original.
ei cromo, o superfight II é da MMMNNNRRRG enão da CCC.
ResponderEliminarE se eu passar a dizer que é tudo do Empório Farrajota? Cáspite!
ResponderEliminarPeço desculpa, meu príncipe, mas refere-se a que "merda escrita", à sua? Mais um dos meus iluminados leitores atentos e críticos, parece-me...mas a quem peço, mais uma vez, para ser mais claro.
ResponderEliminarCaro Prince,
ResponderEliminarSe era sem "offence", esse objectivo falhou duplamente, primeiro pelo uso de "merda destas", depois por se referir a "psicologia do bairro de camarate", onde até vive muito boa gente. Até mesmo triplamente, porque não dando a entender se conhece ou não o fanzine em questão, não põe em causa a leitura feita por mim.
O mais grave, obviamente, está em se referir ao conjunto do pensamento como "de bairro", da "maria", etc., mas sem nunca se referir a um ponto concreto, em desmontar algum elemento que ache de facto erróneo ou generalsta demais, ou até impressionista da minha parte. Já disse várias vezes que não estou acima das críticas, e basta apontar as baterias como deve ser e iniciaremos um diálogo construtivo. Se é para estes bate-bocas, é simples: "vozes de burro não chegam ao céu." Tenho dito. Quaisquer comentários que se sigam da sua parte sem uma crítica autêntica serão, sem dó nem piedade (ditatorialmente), apagados...
Um bem-haja, se vier por bem,
Pedro
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ResponderEliminarAcertou na mosca. Pois não.
ResponderEliminarBeijinhos,
Pedro
Cabrão do prince tem lata...
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