
Tendo já aqui falado de Blue, editado na mesma colecção, remeto a essoutro texto as maiores considerações das especificidades do trabalho de Nananan, que aqui se mantêm, já que este também é um livro de uma novela, que foi sendo editada em curtos episódios (9, mais epílogo) desde 1988 até 99, logo, mantendo as mesmas características gráficas e narrativas.
A voz que estas imagens e este tom de escrita transmitem é de um olhar para a intimidade que existe entre as pessoas, o espaço que se constrói entre um casal (seja este "oficial" ou não, e até mesmo "momentâneo")... A mera quantidade de vinhetas "silenciosas", e a sua integração nas vinhetas, o esparso e contido uso de figurações onde as personagens trocam olhares ou os dirigem ao seu interlocutor, o súbito movimento do olhar (do foco, do leitor), desviando-o dos actores humanos, são algumas das estratégias de Nananan para mostrar o proverbial "outro lado" da psique das relações humanas.

É toda essa espécie de perguntas que Miho, a personagem principal, parece procurar, em primeiro lugar, fazer... mesmo que, no fim, não tenha respoistas definitivas. Pelo menos valeu-lhe o ter caminhado pelo campo dessas questões.

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