25 de fevereiro de 2009

Frances. Joanna Hellgren (Cambourakis)

Na continuidade de pequenos e sucintos recados sobre a existência de livros recentes, numa abordagem pouco crítica, mas que julgo útil, desta feita gostaria de chamar a atenção para Frances, um livro muito singelo, primeiro episódio do que se adivinha ser uma espaçada e lenta criação desta personagem. A sueca Joanna Hellgren é a autora, que experimenta muitas vezes campos fronteiriços entre a literatura ilustrada, a literatura infantil e a banda desenhada. Frances tem uma abordagem menos complicada, mais normalizada, mas não por isso menos merecedora da nossa atenção. (Mais) 

Trata-se de uma viagem interior, ou quem abe um Bildungsroman, em torno de uma jovem órfã que inicia uma nova etapa na sua jovem vida, junto à tia da cidade.
Este primeiro episódio lança os elementos todos, a rede familiar que mostra ter pormenores a revelar ou tornar mais claros antes, domínios que têm a ver com o amor e a indiferença dos pais, as aparências sociais, a impossibilidade de demonstrar o afecto tal qual como ele emerge na pele, a surdez dos que mais deveriam compreender-nos...

Hellgren está numa tradição relativamente recente de autores que emprega apenas o lápis, sem qualquer tinta, o que é permitido não só pelas novas tecnologias de reprodução, como também por uma nova apetência do público. Vähämäki, Wiggert, Chihoi, Setola, Joana Figueiredo pertencem também a esse grupo.

Ficam aqui as imagens do livro que mais me prenderam a atenção: galgos ligeiros como o vento, a magnífica "splash page" que mostra a fachada da nova casa de Frances, e uma das mais belas cenas que vi de primeiros beijos...
Nota: agradecimentos a Sascha Krader, pelo empréstimo do livro.


2 comentários:

  1. Ve, ve, ve como o menino consegue? Quando nao se deixa tomar por esses demonios do estruturalismo Chomskiano ou da sintaxe sincronica? Va coragem que o menino ate e capaz de se fazer perceber, aos outros e a si proprio.

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  2. Caro Anónimo,
    Pela quantidade de comentários "anónimos surgidos ao longo de uma série de meus textos, parto do pressuposto que será a mesma pessoa a escrevê-los. Já entendi que gosta de coisas mais curtas, e simples, como não nego ser este texto (de 2009). Mas, diga-me, para poder protegê-lo ou protegê-la, ninguém o/a obrigou a ler estas coisas todas, pois não?
    Meus deuses, que tortura isso seria decerto!

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