Este brevíssimo texto serve para dar conta de um modo simples a antologia co-editada pela portuguesa Chili Com Carne (pelas mãos de Marcos Farrajota) e a italiana Forte Pressa, por ocasião da participação de um “contigente” português daquilo que passa pela banda desenhada alternativa no festival Crack.
A antologia não é apenas partilhada por autores destes dois países, e encontraremos os sérvios Nina Bunjevac (que vive no Canadá), com uma pequena cena da vida de uma personagem que, pensamos, a autora emprega várias vezes, e o mais famoso Aleksandar Zograf, com uma curta e simples história sobre o seu encontro com a banda The Residents.
A antologia não reune trabalhos particularmente interessantes, sendo a esmagadora maioria deles ou estranhas semi-elucubrações em torna da ilustração “solta” ou da livre associação, e quando há um autor que chama mais a atenção, como Massimiliano Bomba, apercebemo-nos de que aquilo que nos atrai é a sua proximidade a uma qualidade gráfica vista em, por exemplo, Fábio Zimbres. A excepção, neste campo, é o ilustrador profissional Onze, que apresenta um exercício de ocupação das páginas muito interessante se bem que largamente afastado das regras mais comuns dessa área (o seu trabalho parece beber largamente da ilustração de moda e de um design gráfico contemporâneo, urbano).
Os autores portugueses “salvam” a edição, mas também estes contribuíram com trabalhos já anteriormente vistos, como é o caso de Marco Mendes, Miguel Carneiro, João Maio Pinto – se bem que possa ser material inédito, havia sido apresentado noutros locais -, Dos outros, quer os veteranos quer os novos, apresentam trabalhos mais ou menos felizes, mas sem grandes voos ou surpresas de maior: João Chambel, Ricardo Martins, Rafael Gouveia, Lucas Almeida, Sílvia Rodrigues, José Feitor e Pedro Zamith... Joana Figueiredo apresenta-se na capa e com uma história que parece participar nas explorações da banda desenhada alternativa norte-americana no mundo dos super-heróis, tal como em Coober Skeeber ou Bizarro Comics. É bom ver a retornar a uma linguagem mais “contida” de banda desenhada dois artistas como André Lemos e Bruno Borges, sem querer com isso querer dar a entender que é “melhor assim”. É somente uma fonte de um pequeno prazer, o que torna este título uma boa referência arquivística.
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