Serve a presente "interrupção" para indicar ter participado mais uma vez no Cadeirão Voltaire com um post sobre uma obra literária, a saber, Uma Viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares, cujo prefácio, de Eduardo Lourenço, curiosamente cita a banda desenhada enquanto modo próprio mas para sublinhar os seus aspectos mais redutores, procurando formas de abaixamento e sub-dimensionação das personagens de Tavares (que faz sentido em termos literários, claro, mas desfavorece uma visão mais ampla da banda desenhada em si mesma).
Encontro entre a prosa pautada e perscrutadora do escritor português e a sua poesia quase parcimoniosa (este é uma prosa em verso, em termos formais), e espelho d'Os Lusíadas com a patina da contemporaneidade, Uma Viagem à Índia é não tanto um retrato dessa mesma contemporaneidade ou algo assim de superficial, como uma potência do que se pode dizer.
Menos do que uma crítica (uma vez que os nossos instrumentos são mais limitados nessa outra área do que nos arrogaremos ter nesta da banda desenhada), são notas de leitura do mais profícuo e interessante (dois elementos em conjunto, não absolutos) escritor português contemporâneo.
Sem comentários:
Enviar um comentário