24 de janeiro de 2018

Desenhos efémeros. António Jorge Gonçalves (Orfeu Negro)

Serve o present post para indicar que já está disponível o volume Desenhos efémeros, de António Jorge Gonçalves. Trata-se de um tomo considerável, com mais de 300 páginas, que reúne material fotográfico e documental das experiências em levar o acto de desenhar para os palcos preconizado pelo artista. Seja sob a forma de uma banda desenhada “explodida”, com a cenografia, figurinos, cenários, etc. de O que diz Molero, em 1994, sejam os primeiros “diálogos” de improviso com músicos a solo ou aos variadíssimos projectos de espectáculos de desenho ao vivo que tem vindo a desenvolver nos últimos anos, nos mais variados contextos, e em âmbitos distintos em termos de público, género, grau de interacção com os espaços, e as relações interartes implicadas, temos aqui um passeio cronológico dessa dimensão do seu trabalho.



O volume é sobretudo imagético, e é fruto de um aturado trabalho de arquivo, pesquisa e, necessariamente, uma espécie de longo gesto de agregação das colaborações de Gonçalves, vistas não apenas como momentos de aprendizagem, encontro, experimentação, interrogação, desenvolvimento do próprio artista e da sua lavra, como dos estímulos mútuos que permitiu tanto aos seus interlocutores criativos como aos públicos. Como modo de reforçar os conceitos que subjazem estes actos e ajudando à consolidação da história, o autor convidou várias pessoas para escreverem sobre esta dimensão, sobretudo junto a colaboradores de longa data. É assim que se arrola a presença de Rui Eduardo Paes, Carlos Pimenta e, claro, Nuno Artur Silva, com quem Gonçalves criou a série Filipe Seems, trazendo uma nova exigência à banda desenhada contemporânea portuguesa. Além dos ensaios desses três colaboradores, conta-se ainda com uma entrevista com Anabela Mota Ribeiro, deslidando o percurso e os desdobramentos sucessivos da linha, associando esses espectáculos à banda desenhada e ilustração, aos famosos desenhos no metro, a outras vertentes. Conta-se ainda com um breve texto deste vosso criado, numa tentativa breve de pensar as implicações específicas do desenho em performance, intitulado “Da efemeridade da retina”.

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