27 de agosto de 2019
Bande dessinée et Abstraction. AAVV (La Cinquième Couche/Presses Universitaires de Liège)
Serve o presente post para indicar tão-somente que já se encontra à venda a antologia artística-académica Bande Dessinée et Abstraction/Abstraction and Comics. Trata-se de um livro em dois volumes que faz parte do colectivo académico ACME, da Universidade de Liège, tendo sido este projecto coordenado sobretudo por Aarnoud Rommens. Reúne dezenas de bandas desenhadas, inéditas ou não, completas e em excertos, de trabalhos que, de uma forma ou outra, se podem inscrever na promessa do título. A variedade de autores, em termos de nacionalidades, é assombrosa, e é salutar que uma produção de um centro desta disciplina esteja aberto a participações de todo o mundo. (Mais)
Dois autores portugueses participam neste projecto, Cátia Serrão e Diniz Conefrey, este último apresentado uma sequência com um título que se manteve em português. Mais, é a peça de Conefrey que abre o primeiro volume, ilustrando as massas flutuantes de cores, linhas e leituras que se seguirão. Estas pequenas informações não servem para quaisquer tipos de orgulhos bacocos, mas é curioso. As duas peças estão dentro das experiências já conhecidas de ambos os autores, ou dos leitores do Lerbd que sabem como têm sido por nós acompanhados esses mesmos percursos.
As partes ensaísticas estão divididas em várias secções e/ou palavras-chave: "arqueologia", "práticas", "narração", "significados" (no volume 1), "epistemologias", "opacidades", "bruto", "variações" e "paralelos". Haverá, seguramente, porosidades e transversalidades que permitiriam outras distribuições, mas esta é uma forma de navegar que será bastante clara nas várias dimensões de arte e pensamento que estas experiências de banda desenhada permitirão explorar. As peças artísticas em si encontram-se igualmente espalhadas por entre os ensaios, não tanto como formas de ilustrar os argumentos esgrimidos, se bem que poderão surgir por afinidade imediata a uma citação nos textos, mas como sinalizações dos vários percursos.
Encontrar-se-ão aqui alguns nomes muito importantes dos comics studies, outros jovens emergentes na escrita sobre esta arte, e ainda um ensaio deste vosso criado, intitulado "Comics, Scissors, Paper: The bandes collées of Pascal Matthey and Diceindustries", repescando temas discutidos neste mesmo espaço, mas numa contextualização mais balizada.
Nota final: agradecimentos a Aarnoud Rommens, pela abertura da chamada, a Benoît Crucifix, pelo apoio, e aos autores, pela disponibilidade.
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