10 de novembro de 2005
The Octopi and the Ocean. Dan James (Top Shelf)
Dan James é um conhecido ilustrador, cujo diverso trabalho pode ser visto no seu site pessoal. Na Top Shelf já havia publicado um outro título, Mosquito, no qual aliava a sua profissão a uma aproximação mais narrativa, com frutos discutíveis. Outros exemplos podem ser vistos no site indicado, inclusive a história incluída na antologia Blood Orange.
The Octopi & The Ocean é a história simples da batalha que durante milénios se deu entre os polvos e os tubarões debaixo do mar, e a ajuda que os homens poderão dar aos primeiros... Pensava que poderia ser visto como uma destas novas aventuras na banda desenhada infantil por artistas com talentos treinados noutros campos, como a série Little Lit, de Spiegelman e Mouly, o Spiral-Bound, já aqui discutido, ou o Good-Bye, Chunky Rice, de C. Thompson todas as séries deste grupo de autores franceses como Sfar, David B., etc., ou ainda algumas experiências felizes entre nós, como as de João Paulo Cotrim. As primeiras e últimas páginas, que se apresentam como num patamar acima do da narrativa central, são de uma soberba e simples apresentação gráfica, muito equilibrada entre texto e imagem, fazendo convergir as técnicas e os métodos do pictograma, de uma flexível estruturação de elementos rígidos, de uma redução “étnica”, da iluminura... A história propriamente dita não deixa de ter o seu interesse em termos de arranjo da prancha, do “silêncio” cortado por balões com desenhos ou por um convite escrito em inglês, dos elementos em segundo plano em relação à acção, dos detalhes e da forma como a narrativa se compõem, mas jamais abandona um nível muito básico, que, a meu ver, arruína precisamente a qualidade dessas páginas supra-diegéticas de que falei.
Talvez se o autor tivesse conseguido manter essa mesma linguagem em todo o livro, tivesse atingido um projecto insólito mas refrescante, como quando descobrimos o que era até à data inimaginável nas profundezas do oceano da criação de banda desenhada. Não o fazendo, e terminando-o por o encerrar numa menos arriscada aventura - e talvez uma preocupação em tornar inteligível e “universal” Octopi... -, acaba por parecer ter revolvido a terra debaixo das águas, levantado a poeira, para depois a próxima corrente colocar tudo no seu sítio devido.
Boas
ResponderEliminarO meu nome é Tiago Leal. Deixa-me dar-te os parabéns! É raro ver alguém com tanta e tão boa qualidade BeDéfila! Olha, também tenho um bloguesito sobre BD. Não sobre BD editada mas sobre aquela que eu faço. Fico à espera da tua visita!
Abraços!
obrigado!
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