21 de agosto de 2006

Mome [#s 2, 3 & 4]. AAVV (Fantagraphics)


Fica aqui uma brevíssima nota sobre os três últimos volumes desta antologia, de que já havia falado em termos menos entusiastas, não para repisar os mesmos argumentos - cuja factualidade se mantém até certo ponto - nem para me retratar das minhas afirmações. Simplesmente gostaria de frisar que, não obstante ser verdade de que Mome não é o espaço de experimentação gráfica e formal que se esperaria a um primeiro encontro - talvez movido por uma impressão de que os editores pugnariam por uma pequena revolução soft (v. aqui), mais próxima de L'Association do que da Frémok (em termos europeus)- ainda assim deverei confessar que as escolhas se têm mantido pela mesma família de valores, sem surpresas de maior, mas que criam, todavia, hábitos de leitura, uma esperança regular em ver ritmicamente estes mesmos autores com novas histórias.
Em primeiro lugar, e para explicar porque disse "até certo ponto" em relação à ausência de exercícios formais, destacaria mais uma vez Anders Nielsen, que vai apresentando cada vez mais experiências menos imediatas do entendimento clássico da banda desenhada. Desde já, necessários a um conhecimento de certo caminho da "vanguarda". Depois, para sublinhar que o trio Gabrielle Bell, Jonathan Bennet (ambos entrevistados nestes últimos números) e Paul Hornschemeier demonstram continuar a trilhar um espaço que foi inaugurado por Seth e Chester Brown (para não ir procurar mais atrás filiações que se estendem no tempo e nos estilos), sem grandes rasgos de revolução e negação, mas comprovando a capacidade de "contar uma história" de interesse humano. Os pequenos desvios (estilísticos, morais) de David Heatley e John Pham tornam-se outros pontos favoritos. A tradução dos trabalhos de David B. não é surpresa para quem acompanhou as edições originais, mas é uma interessante co-habitação com os restantes artistas. E fica a nota de esperança para que os trabalhos curtos de R. Kikuo Johnson (autor de Night Fisher) surjam novamente (não no #5, já se confirmou).
Há uma constante desilusão com as histórias de Sophie Crumb, que surge como que uma artista que deseja batalhar "para fora" de um espaço de herança que só lhe pode ser opressivo, mas essa fuga tem feito de uma forma pouco feliz, pelo menos nestas curtas histórias incluidas em Mome. Não é demais esperar pelo seu desenvolvimento, claro está.
Enfim, não preenchendo todos os cantos que se desejava pudesse encher, ainda assim a curiosidade leva a consultar toda e qualquer nova Mome. Posted by Picasa

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