
Querendo apenas fazer uma breve apresentação do volume e contestar uma sua metodologia, seremos relativamente breves. O advento de toda uma série de ferramentas e plataformas digitais implicaram, desde logo (e como em qualquer momento de novo advento tecnológico, da escrita à imprensa, passando pelo rádio e cinema), um processo de remediação. A autora emprega este conceito de modo directo, a partir de uma famosa obra de J. D. Bolter e R. Grusin, Remediation: Understanding New Media, no qual os autores formulam esse novo conceito, ou uma nova maneira de entender um conceito herdado de McLuhan como “a lógica formal através da qual novas tecnologias mediáticas refabricam formas mediáticas anteriores”. Isso permite uma análise de qualquer nova tecnologia a partir da perspectiva de entender como é que ela negoceia uma qualquer forma anterior. No caso presente, esse é desde logo um problema de partida. A autora não é suficientemente flexível na consideração das categorias que indica e pretende analisar, criando, por um lado, considerações de géneros literários (a “autobiografia”), e por outro, de suportes tecnológicos (“álbum”, “graphic novel”, “blog”, etc.). Ainda que a autora compreenda que não segue uma ideia desincorporada de “conteúdos” e “formas”, ainda assim ela acaba por abrir espaço a alguns mal-entendidos nesse sentido. (Mais)