Mais uma vez, fica aqui o aviso de uma colaboração com a plataforma Buala, desta feita com um texto sobre o magnífico e monumental Angola Janga, de Marcelo D'Salete. Corolário de um trabalho cujos primeiros frutos foram colhidos em Cumbe, este é um livro sobre os actos de resistência dos próprios escravos negros no Brasil da era colonial. A partir de perspectivas ficcionais mas que tocam uma realidade histórica, este livro é ao mesmo tempo uma celebração do indomável espírito humano e uma correcção a certos mitos da história e da identidade a que muitos leitores portugueses deveriam ser atentos.
Agradecimentos ao editor, pela oferta do livro, ao autor, pelos esclarecimentos e à equipa da Buala, por me receber uma vez mais. Link directo aqui.
26 de agosto de 2018
20 de agosto de 2018
Álvaro. The Worst of/Balcão Trauma Redux (Escorpião Azul/Insónia)
Tal como a
dois coelhos, é de
uma cajadada só que se dá conta
do recado a estes dois livros. A
sua leitura conjunta é consentânea na descoberta dos instrumentos
próprios do autor e pela força das circunstâncias editoriais. De
facto, por coincidência, deu-se a proximidade da publicação de uma
antologia de trabalhos primitivos de Álvaro, pela Escorpião Azul e
a do conjunto total da série Balcão
Trauma, pela chancela do
próprio autor. Estes dois livros poderão ser vistos então como uma
oportunidade única de ver os primeiros passos do autor no campo da
banda desenhada e aquilo a que veio destilar nos últimos tempos. (Mais)
16 de agosto de 2018
Cancer. Tilda Markström (Mmmnnnrrrg)
Se
não estamos em erro, esta é a primeira vez que o autor por trás
deste seu longo projecto heteronímico, Tiago Manuel, explora uma
projecção de personalidade e autoral que já morreu. Tilda
Markström é uma artista plástica sueca falecida em 2012, não nos
sendo fornecida a data em que terá criado este livro. Apesar de se
incluir uma brevíssima biografia na contra-capa do volume, e três
excertos do seu diário dos anos 1990, quando terá regressado a
Estocolmo para viver, mas revelando viagens pelo norte de Espanha,
não conseguimos re-construir com precisão ou certeza que percurso
terá sido o da autora até fornecer todos os materiais conducentes a
este livro. Na ausência dessas informações, e aceitando com rigor
a distância de um heterónimo, que não nos permitiria – nada nos
permite, mas a confusão entre o nome do autor e a sua pessoa convida
os mais distraídos leitores a provocar esse problema de
interpretação – aproximar a obra
da vida,
é o texto em si, com um título tão directo, que deve ser
enfrentado, sem esses instrumentos de conforto. (Mais)
14 de agosto de 2018
Cicatriz. Sofia Neto (Polvo)
Ao
acompanhar os trabalhos de Sofia Neto por um punhado de fanzines, não
nos surpreende encontrarmos aqui e agora toda uma série de
características comuns em termos de interesses temáticos, de
tratamento das personagens, de lançamento das circunstâncias
espácio-temporais para as suas ficções. Confessemos desde logo que
esperávamos ver desenvolvidas de uma maneira mais coerente e
musculada num trabalho de maior fôlego esses mesmos traços, como
estaria prometido neste livro de 60 e tal páginas. Quer dizer, algo
que satisfizesse o mecanismo mental que exige uma narrativa completa,
satisfatória em todos os seus pormenores actanciais, e apresenta um
desenlace claro, que nos liberta do próprio texto... Todavia, se
Cicatriz
confirma essas mesmas preocupações, interesses e inquirições, o
seu desenvolvimento é algo comedido e limitador dessas expectativas,
para nos obrigar a uma travessia e caça mais solitárias. (Mais)
13 de agosto de 2018
Comer/Beber. Filipe Melo e Juan Cavia (Tinta da China)
As origens
deste pequeno livro são explicadas no seu prefácio, pelas palavras
de Carlos Vaz Marques, na sua qualidade de editor da revista
literária, também ela publicada pela Tinta da China, a Granta.
Até certo ponto decalcada do seu modelo inglês, a Granta
portuguesa acaba por ser um pouco mais confinada à “coisa”
literária, ainda que inclua imagens por alguns dos mais conceituados
ilustradores portugueses. Dito isto, porém, e apesar do prémio
atribuído a João Fazenda, mesmo uma rápida consulta demonstrará
que as mais das vezes essas mesmas imagens acabam por estar
subsumidas aos princípios temáticos da publicação, e menos
propensas a ganhar uma dimensão autónoma e conceptual como poderiam
ter. Daí que o “direito à cidadania” da banda desenhada seja
algo limitada e se tenha pautado pela força de circunstâncias e
proximidade editorial dos autores, e não propriamente por uma
abertura genuína e procura editorial por um diálogo, por exemplo,
entre as pesquisas da literatura e da banda desenhada pelos temas
propostos a cada número. (Mais)
10 de agosto de 2018
O espião Acácio. Fernando Relvas (Turbina/Mundo Fantasma)
Pelo que
se entende publicamente, a organização desta antologia estava a ser
preparada ainda em vida do artista, num momento em que Fernando
Relvas se apercebia de duas coisas: por um lado, que não seria
provável, devido à doença que o afligia, que voltasse a conseguir
desenhar e dar vazão aos muitos projectos que estariam
interrompidos, por outro lado, por estar consciente do interesse de
vários quadrantes editoriais em “recuperar a memória” da sua
própria obra (como gostamos de repetir aqui neste espaço esse
trabalho de olhar para trás na história da banda desenhada de forma
a consolidar uma tradição a partir da qual novos textos podem
emergir). Demos conta aqui de Sangue Violeta, pela El Pep, e
Rosa Delta Sem Saída, pela Polvo, que farão parte dessa
tendência, a que se vem juntar este novo livro mas que apenas é o
corolário da amizade e interesse contínuos e ininterruptos que os
editores portuenses nutriram pelo autor e de um gesto que foi por
eles fundado, na verdade, quando da edição, já em 1998, pelo
SIBDP, do peregrino L123 + Cevadilha Speed. Poder-se-á dizer
que é o atempado repescar de um projecto de longa data, num momento
em que talvez haja uma melhor recepção e circulação destes
objectos. Além disso, as duas exposições relativamente recentes de
que foi alvo na cidade da Amadora [uma das quais organizadas por este vosso criado] serviram igualmente como mostra
dilatada da sua imensa e variada produção, alguma da qual inédita
ou por recuperar nestes moldes. (Mais)
6 de agosto de 2018
Artigo em «Comics Memory. Archives and Styles»
Serve este post para informar que foi publicado um artigo nosso, intitulado "The Ever-Shifting Wall: Edmond Baudoin and the “Continuous Poem” of Autobiography", num volume acabado de editar, a saber, Comics Memory. Archives and Styles.
Este volume pertence à série Palgrave Studies in Comics and Graphic Novels, que se tem tornado uma das mais prestigiadas plataformas académicas especializadas de livros em torno de Estudos de Banda Desenhada, juntamente com as "presses" das universidades do Mississippi, Rutgers, Leuven, entre outras, pelo que é uma tremenda honra estar na companhia destes nomes e trabalhos.
Este volume pertence à série Palgrave Studies in Comics and Graphic Novels, que se tem tornado uma das mais prestigiadas plataformas académicas especializadas de livros em torno de Estudos de Banda Desenhada, juntamente com as "presses" das universidades do Mississippi, Rutgers, Leuven, entre outras, pelo que é uma tremenda honra estar na companhia destes nomes e trabalhos.