Esta
pequena edição de autor reúne toda uma série de histórias curtas
que estão associadas entre si por uma vontade comum, a de alcançar
e transformar, através de várias estratégias, um fundo dos contos
e tradições folclóricas portuguesas – o que não impede de
arrolar a literatura, com Alexandre Herculano, Jorge de Sena e Zeca
Afonso –, com várias roupagens. Tendo acompanhado o trabalho do
autor há muitos anos, desde os seus primeiros trabalhos em fanzines
no final dos anos 1990, fomos acompanhando estes trabalhos à medida
que foram surgindo, inclusive tendo nós próprios colaborado, tendo
incluído uma das histórias (“A Dama Pé de Cabra”), em inglês
e a duas cores, na nossa própria publicação Quireward. (Mais)
9 de setembro de 2018
6 de setembro de 2018
Jardim dos Espectros. Fábio Veras (Escorpião Azul)
4 de setembro de 2018
Dragomante: Fogo de Dragão. Filipe Faria e Manuel Morgado (Comic Heart/G. Floy)
Há algo
de libertador quando somos confrontados com um objecto cuja clareza é
patente e genuína. Uma capa apelativa, clara nos seus propósitos,
apresentando objectos cujo sentidos não exigem uma interpretação
secundária, mas vivem quase de uma presença denotativa absoluta.
Uma mulher guerreira, ostentando duas espadas longas, seguras de
forma marcante, com uma armadura total e, junto a si, um imenso
dragão, de dentes de diamante, ameaçando os seus inimigos fora de
campo. Uma única palavra como título, concentrado e icónico, com
um sub-título que pouco parece adiantar à promessa feita já por
tudo o resto. Sabemos o que nos espera. Aventura de género de
alta-octanagem. (Mais)
2 de setembro de 2018
Cinco Mil Quilómetros por Segundo. Manuele Fior (Devir)
Como
saberão os leitores deste espaço, a leitura é feita sobre livros
lidos. Este é um local para leitores, não para promessas de
leitores, pelo que não nos coibimos de tratar as narrativas pelos
seus fins, resoluções ou enigmas desvendados. Não é que o livro
de Manuele Fior se apresente como um enigma, ou algo oculto que se
revele no fim, reescrevendo toda a narrativa tecida até esse
momento, mas há um efeito de organização que permite criar uma
história linear por sobre a história cronológica que se desenvolve
por trechos isolados. Manuele Fior parte de um ponto de partida
clássico, para não dizer cliché – o do triângulo amoroso –
para o explodir pelo tempo, a vida real, o afastamento, formando uma
pequena pérola de estrutura narrativa com os seus elementos. (Mais)
1 de setembro de 2018
Pescadores de medianoche. Yoshihiro Tatsumi (Gallo Nero)
Entre 1972
e 1973, Tatsumi criou cem histórias curtas, oscilando entre as 15 e
as 20 e poucas páginas para uma panóplia de revistas diferentes,
cada qual com o seu espectro de géneros, atitudes sociais, e níveis
de maturidade. Logo à partida, essa mera informação aponta para o
tipo de entrega assombrosa à sua arte, impulsionada sem dúvida por
uma ética e desejo artístico, mas igualmente por necessidade, como
os leitores de A Drifting Life
poderão facilmente contextualizar. Todavia, mais importante é
parecer-nos que o autor se mantinha numa mesma veia nessas mesmas
diferentes histórias, que o tornara afinal o pai da gekiga,
ou uma tendência de empregar a banda desenhada num tom mais atento à
realidade do Japão seu contemporâneo. Mesmo que não abandonasse
algumas estruturas de géneros – o policial, a ficção científica,
a narrativa histórica, o conto tradicional (estes últimos agregados
num volume me inglês, Fallen
Words) –, elas seriam
empregues não para a titilação mais comum desse mesmo género, mas
para desvendarem um desses cantos obscuros que o país, na sua senda
de desenvolvimento material do pós-guerra, quereria esquecer ou pelo
menos não revelar à luz do dia. (Mais)