Este livro é, de uma certa
forma, a continuidade do plano interrompido das Black Box Stories
de José Carlos Fernandes, um conjunto de histórias curtas,
talvez em forma de argumento ou talvez de outline, que seriam
desenhadas por uma série de artistas. A maior fortuna dessas
relações foi aquela alimentada pelos desenhos de Luís Henriques,
que dariam três livros bem distintos (Umbrografia, Metrópole, Estrelas). A série acabou por não ter
continuação. José Carlos Fernandes abandonou o mundo da criação
de banda desenhada, Luís Henriques também. Consta que existiram
outras “stories” começadas, mas nenhuma viu o lume da impressão.
Até este título. (Mais)
28 de fevereiro de 2020
25 de fevereiro de 2020
Filhos do Rato. Luís Zhang e Fábio Veras (Comic Heart/G. Floy)
À medida que o tempo avançar
e a esmagadora maioria dos protagonistas da guerra colonial começarem
a deixar este mundo, o processo da sua memória vai dando cada vez
mais frutos, e poderá mesmo chegar ao espaço público. É algo que
se tem verificado, como um padrão, noutras circunstâncias
históricas. Se quase se pode falar de um “pacto de silêncio”
feito por essa geração em relação àquela que imediatamente
gerou, o tempo aproxima-se em que também os objectos da cultura
popular – no caso, a banda desenhada -, começará a responder. Não
vamos fazer aqui o enésimo exercício de listar os trabalhos desta
disciplina que versaram este conflito. Nos últimos anos, OsVampiros teve algum impacto, se bem que escolheu um caminho da
narrativa de género; Filhos do Rato afasta-se dessa abordagem
mais espectacularizante, validando porém elementos fantásticos. (Mais)
3 de fevereiro de 2020
Maximum Troll On. Benjamin Bergman (Mmmnnnrrrg)
Porém, o autor está menos interessado
em criar uma variação sobre esses temas, ainda assim contribuindo
para esse edifício, no típico exercício de “resposta literária”
que constitui os próprios campos temáticos, do que transformá-lo
num quase independente exercício de retórica livre, experimental e
alucinada. (Mais)