Desde 2011 que participamos na chamada de Paul Gravett em contribuir para a "Perspectiva Internacional" do seu site, em que se mostram algum dos mais interessantes títulos de banda desenhada saídos no ano anterior de uma série de países, um trabalho muito interessante e bem mais diversificado do que o usual, por todas as limitações imagináveis.
Uma vez que já nos explicámos várias vezes sobre o que pensamos de listas e tops, continua a ficar apenas a nota que desejamos tão-somente que alguns destes livros tenham uma atenção mais alargada para além das nossas fronteiras e língua, e possam ser vistos como bons gestos no interior dos seus territórios, por mais distintos e incomparáveis que sejam entre si.
Este será o último ano em que participamos, passando a responsabilidade para o Gabriel Martins, a quem desejamos um bom trabalho. E ficam aqui também os profundos agradecimentos ao Paul Gravett e a sua amizade.
Link para a lista de 2017 aqui.
30 de abril de 2018
17 de abril de 2018
O reino. Ruppert & Mulot (Douda Correria)
Este será apenas um pequeno recado. Foi lançado recentemente uma edição portuguesa do magnífico objecto-jornal O Reino, da dupla experimentalista de banda desenhada Ruppert e Mulot, projecto este de que já havíamos dado conta na sua edição original há uns anos, aqui.
As mais das vezes, a existência de edições portuguesas não são propriamente motivo de júbilo, sobretudo se se seguirem os caminhos mais normalizados de sempre... Porém, neste caso não estamos a falar dessas máquinas comerciais já instituídas, mas tampouco de "apostas" em obras históricas ou significativas por plataformas editoriais sólidas, ou sequer das também agora usuais colaborações entre editoras nacionais e estrangeiras na publicação de um título. Trata-se, desta feita, de uma acção feita de paixão, risco e coragem.
A edição portuguesa deste jornal é feita pela Douda Correria, uma editora afecta sobretudo à poesia contemporânea e a outros objectos literários não-identificados. Não deixa de ser curioso que, para encontrarmos atenções particulares ao que ocorre na cena contemporânea mais afecta à experimentação, à verdadeira invenção da linguagem, e não apenas a sua clássica confirmação, não se possa contar propriamente com as plataformas mais comuns, mas sim de sectores inesperados. Ou, na verdade, não é nada curioso, é condição sine qua non dessa distribuição de atenção. Seja feita a sua vontade.
As mais das vezes, a existência de edições portuguesas não são propriamente motivo de júbilo, sobretudo se se seguirem os caminhos mais normalizados de sempre... Porém, neste caso não estamos a falar dessas máquinas comerciais já instituídas, mas tampouco de "apostas" em obras históricas ou significativas por plataformas editoriais sólidas, ou sequer das também agora usuais colaborações entre editoras nacionais e estrangeiras na publicação de um título. Trata-se, desta feita, de uma acção feita de paixão, risco e coragem.
A edição portuguesa deste jornal é feita pela Douda Correria, uma editora afecta sobretudo à poesia contemporânea e a outros objectos literários não-identificados. Não deixa de ser curioso que, para encontrarmos atenções particulares ao que ocorre na cena contemporânea mais afecta à experimentação, à verdadeira invenção da linguagem, e não apenas a sua clássica confirmação, não se possa contar propriamente com as plataformas mais comuns, mas sim de sectores inesperados. Ou, na verdade, não é nada curioso, é condição sine qua non dessa distribuição de atenção. Seja feita a sua vontade.
15 de abril de 2018
Futuro proibido. Pepedelrey (Escorpião Azul)
14 de abril de 2018
A leoa. Anne-Caroline Pandolfo e Terkel Risbjerg (G. Floy)
A longo
prazo, será produtivo pensar na colaboração desta dupla de uma
forma mais analisada. Tentar compreender como é que atingem uma
fórmula de fundação sólida tal que a factura dos seus livros não
pode ser considerada do ponto de vista de uma “história com
desenhos” nem de “desenhos historiados”. Todos os factores
contam na sua estruturação prístina, inconsútil, enquanto banda
desenhada. A leoa é uma biografia da escritora
dinamarquesa Karen Blixen, autora da famosa autobiografia África
Minha (graças igualmente ao filme de Sydney Pollack de 1985), A
festa de Babette, e de Contos e Inverno. Uma biografia que
vai além desses instrumentos, pra devolver uma vida profunda,
imaginativa e vivida dessa personagem. (Mais)
11 de abril de 2018
Quireward # 03.
O terceiro número da Quireward está finalmente disponível.
Com histórias em inglês, este número inclui: o terceiro e último episódio de "Matias", desenhado pelo Sérgio Sequeira; um capítulo auto-suficiente de uma série de ficção científica, "David Kino", desenhada pelo André Pereira; uma curta história desenhada pela Marta Teives; duas das peças antes publicadas na Cais desenhadas por Vasco Ruivo e Catarina Coroado - todas elas escritas por mim -; e uma história de Nuno Fragata à qual acrescentei texto.
A capa é de Wagner Willian e o design de Playground Atelier. Impresso a uma cor em risografia. Será agora lançada em Portugal na Feira Raia, este fim-de-semana, no Anjos 70. 34 páginas. 100 exemplares.
[sobre # 01]
[sobre # 02]
Com histórias em inglês, este número inclui: o terceiro e último episódio de "Matias", desenhado pelo Sérgio Sequeira; um capítulo auto-suficiente de uma série de ficção científica, "David Kino", desenhada pelo André Pereira; uma curta história desenhada pela Marta Teives; duas das peças antes publicadas na Cais desenhadas por Vasco Ruivo e Catarina Coroado - todas elas escritas por mim -; e uma história de Nuno Fragata à qual acrescentei texto.
A capa é de Wagner Willian e o design de Playground Atelier. Impresso a uma cor em risografia. Será agora lançada em Portugal na Feira Raia, este fim-de-semana, no Anjos 70. 34 páginas. 100 exemplares.
[sobre # 01]
[sobre # 02]
8 de abril de 2018
Noite estrelada. Jimmy Liao (Kalandraka)
6 de abril de 2018
Santa Camarão. Xavier Almeida (Chili Com Carne)
A
possibilidade de escrever uma “autobiografia” de uma outra
pessoa, em que um artista “empresta” a sua linguagem para dar voz
e corpo à biografia de outrem mas contada na primeira pessoa, não é
de todo inédita, se nos recordarmos do projecto de Emmanuel Guibertcom Alan Cope. Os modos de produção são diferentes, porém, já
que Guibert colhia a biografia de Cope a partir de conversas
gravadas, directas e ao vivo, ao passo que Xavier Almeida estará a
trabalhar à distância. O pugilista José Santa “Camarão”,
nascido em Ovar e famosíssimo durante as décadas de 1920 e 1930,
morreu em 1965. Almeida, instado por um artigo de jornal e criando
laços com a sua terra (é também vareiro), criou este pequeno livro
de banda desenhada a partir da pequena biografia escrita pelo próprio
boxeur. (Mais)
5 de abril de 2018
Do Inferno. Alan Moore & Eddie Campbell (Biblioteca de Alice)
A palavra “autópsia”, na sua
acepção moderna e médica, formou-se no cadinho da emergência do
pensamento científico, já no século XVII. Originalmente, a palavra
significará tão-somente “ver com os próprios olhos”,
“testemunhar” (e isto implicará sempre a ideia desta visão ser
a de um terceiro sobre um evento que lhe é externo). Apenas na
modernidade passa a significar “a dissecação de um corpo morto
para determinar a causa da morte”.
Como muitos outros críticos já o
disseram, e acima de tudo, o próprio protagonista deste imenso
romance – e esta será uma das poucas instâncias em que o emprego
deste termo técnico literário não é enviesado – em banda
desenhada, From Hell/Do Inferno é uma investigação
dolorosa, cruel, e violenta ao corpo morto que daria origem ao século
XX. Ao contrário do que se poderia imaginar a partir de uma mera
descrição, ou pior, através da miserável adaptação
cinematográfica de 2001 pelos irmãos Hughes, From Hell não
é um “whodunnit”. Focado nos assassínios de prostitutas em
Whitechapel, Londres, no estertor do século XIX, que ficariam
conhecidos como o caso de “Jack, o Estripador”, o livro assinado
por Alan Moore e Eddie Campbell não se interessará tanto pela
identificação do assassino, já que parte desde o primeiro momento
pela sua revelação: o Dr. William Gull. O que interessa aos autores
é a pesquisa do como aconteceu e, até mais, o porquê
íntimo dessas acções. (Mais)
4 de abril de 2018
Desolation.Exe ESP. Berliac (Fosfatina)
Serve o presente post tão-somente para indicar que a edição profissional e em língua espanhola de Desolation.Exe, de que faláramos anteriormente na sua primeira versão, foi publicada. O texto que tínhamos escrito foi transformado em prólogo, o que muito nos honra.
Em breve, daremos notícias do novo projecto do autor, que tem tido alguma recepção complexa, Sadboy.
Nota final: agradecimentos ao autor pelo volume.
Em breve, daremos notícias do novo projecto do autor, que tem tido alguma recepção complexa, Sadboy.
Nota final: agradecimentos ao autor pelo volume.
2 de abril de 2018
Ermal. Miguel Santos (Escorpião Azul)
Miguel Santos apresenta aqui aquilo que
se chama na indústria de entretenimento um projecto “high-concept”,
isto é, algo que se concentra de forma potente numa premissa, em si
mesmo pejada de implicações narrativas. Neste caso, trata-se de uma
história alternativa, passada numa província colonial portuguesa em
que a guerra colonial terá encontrado uma continuidade terrível por
estar associada a um confronto nuclear no hemisfério norte. Como
está indicado no próprio livro, numa espécie de sub-título, neste
universo a Guerra Fria “aqueceu”. (Mais)