Este
texto é, a um só tempo, uma breve leitura de um projecto de Ricardo
Cabral, e um momento de publicidade. Uma vez que se trata de um
projecto feito no seio do curso de auto-edição da Oficina do Cego,
a que pertencemos, é necessário compreender que há um ou dois
gramas de proximidade ao contexto de produção sobre o qual
exerceremos um poder de “venda”. (Mais)
30 de abril de 2015
27 de abril de 2015
Âama. Frederik Peeters (Gallimard)
Apesar
de Peeters ser um autor conhecido pelos leitores portugueses
particularmente pelo seu autobiográfico Comprimidos Azuis,
que ocupa um lugar de destaque ainda que numa paisagem extremamente
diversificada e cheia de obras maiores, ele é também um autor que
se dedica a géneros aparentemente mais convencionais, como o da
ficção científica ou o policial, para depois estudar no seu
interior pequenos desenvolvimentos mais próximos da condição
humana. Não pensamos ter de corrigir uma imagem que havíamos
imaginado quando falámos de Lupus, a sua anterior saga de fc,
uma vez que Peeters, mesmo tendo conquistado uma maior exposição e
atenção crítica, precisamente pelo desenvolvimento que se tem
esforçado para atingir, tanto a níveis das estruturas
formais-narrativas como na prestação do seu desenho, cada vez mais
desenvolto e solto (à la Blutch, se bem que não esteja tão próximo
da urgência deste último, e esteja mais preocupado na fabricação
de objectos), não nos parece ter ultrapassado a ideia de um domínio
absoluto dos instrumentos da banda desenhada, mas sem que haja
propriamente uma sua refundição. Trabalho magistral, no pleno
sentido técnico da palavra, de controlo, conhecimento, domínio e
fabricação. (Mais)
22 de abril de 2015
The French Comics Studies Reader. Ann Miller e Bart Beaty, eds. (Leuven University Press), por Hugo Almeida.
Nota inicial: conforme indicado quando falámos brevemente deste título, e recuperando uma experiência anterior, a resenha crítica deste volume académico fica a cargo de outro jovem investigador, Hugo Almeida, a quem passamos a palavra, e a quem agradecemos a atenção, naturalmente.
Esta
é uma colecção dedicada aos estudos francófonos de banda
desenhada, com o propósito de os traduzir para inglês e
providenciar alguma contextualização. É um projecto que se
justifica pelo inglês ser usado como língua franca no meio
académico, mas também pelas décadas de avanço que a esfera
franco-belga teve em matéria de estudos de banda desenhada. Nesse
sentido, é uma publicação necessária, que se sucede a outras,
como a tradução para inglês de obras de Thierry Groensteen, The
System of Comics (co-traduzida por Bart Beaty, um dos editores
desta antologia) e Comics and Narration (esta traduzida por
Ann Miller, também editora deste volume), ou The Origins of
Comics de Thierry Smolderen (também co-traduzido por Bart
Beaty). The French Comics Studies Reader difere destas três
publicações no sentido em que fornece uma perspectiva mais alargada
sobre o trabalho de autores francófonos. Para este volume foram
seleccionados artigos académicos completos, bem como excertos de
livros dos autores. É um esforço que gostaríamos de ver também em
relação à investigação escrita em japonês sobre banda
desenhada, na sequência de outros esforços, como um número recente
do International Journal of Comic Art dedicado à banda
desenhada asiática contemporânea. (Mais)
20 de abril de 2015
Le straordinarie avventure di Pentothal. Andrea Pazienza (Fandango Libri)
Publicada
originalmente em 1977 de forma episódica numa revista periódica,
esta estranha saga onírica é o primeiro trabalho de grande fôlego
do artista italiano Andrea Pazienza, e aquele que o colocaria no mapa
da sua época, ainda que de uma brevíssima vida. Desconhecemos se
esta é a melhor introdução ao autor. Poder-se-iam escolher,
talvez, títulos mais normalizados (algo difícil de cumprir em
Pazienza), ora aqueles com a personagem recorrente Zanardi, ora os
que brincam com estruturas convencionais, como possivelmente o também
semi-autobiográfico Pompeo ou a curta humorística “Perchè
Pippo sembra uno sballato”. Le straordinarie avventure di
Penthotal é antes uma alucinação, um percurso automático numa
mente aberta, o que em nada aponta a existência de cartografias
nítidas e indubitáveis. (Mais)
16 de abril de 2015
Duas histórias no The Lisbon Studio Mag # 8.
Repetindo experiências passadas, tivemos a oportunidade, privilégio e prazer de vermos publicadas duas histórias curtas no The Lisbon Studio Mag.
Estas são desenhadas por Rudolfo Mariano e Tiago Colaço, dois jovens autores de banda desenhada e de trabalhos gráficos em várias frentes e que, seguramente, conquistarão os seus espaços de expressão.
Como sempre, temos a eterna companhia de amigos e artistas que admiramos. Particularmente, é bom rever Rui Gamito, vermos Nuno Lourenço Rodrigues a ir desenvolvendo-se a cada passo, e aguçarmos o apetite ao ver Ricardo Cabral a experimentar outros territórios. Mas há mais...
Acesso directo aqui.
Mais uma vez agradecemos aos editores do TLSMag, e aos dois artistas pelo desafio.
Estas são desenhadas por Rudolfo Mariano e Tiago Colaço, dois jovens autores de banda desenhada e de trabalhos gráficos em várias frentes e que, seguramente, conquistarão os seus espaços de expressão.
Como sempre, temos a eterna companhia de amigos e artistas que admiramos. Particularmente, é bom rever Rui Gamito, vermos Nuno Lourenço Rodrigues a ir desenvolvendo-se a cada passo, e aguçarmos o apetite ao ver Ricardo Cabral a experimentar outros territórios. Mas há mais...
Acesso directo aqui.
Mais uma vez agradecemos aos editores do TLSMag, e aos dois artistas pelo desafio.
14 de abril de 2015
"Estereótipos e (des)continua..." Colaboração no Buala.
Na continuidade da colaboração esporádica com o site Buala, e a propósito da coordenação da conversa com três artistas de banda desenhada, inclusive o sul-africano Anton Kannemeyer, que terá lugar no próximo Maio na Gulbenkian, anunciada aqui, deixamos aqui a ligação directa para um texto de análise do livro de Kannemeyer, Papá em África, publicado em português pela Mmmnnnrrrg.
Uma vez que a discussão desse livro nos leva para o território dos estereótipos bem regados na história da banda desenhada, parece-nos fazer sentido abrir a consideração à edição "pirata" e "détourné" de Tintin no Congo numa sua tradução em lingala, Tintin akei Kongo.
Podem aceder ao texto aqui.
Nota final: agradecimentos a Francisca Bagulho, Marcos Farrajota e Anton Kannemeyer.
Uma vez que a discussão desse livro nos leva para o território dos estereótipos bem regados na história da banda desenhada, parece-nos fazer sentido abrir a consideração à edição "pirata" e "détourné" de Tintin no Congo numa sua tradução em lingala, Tintin akei Kongo.
Podem aceder ao texto aqui.
Nota final: agradecimentos a Francisca Bagulho, Marcos Farrajota e Anton Kannemeyer.
7 de abril de 2015
Inside the Raibow. Julia Rothenstein e Olga Budasjevskaya, eds. (Red Stone Press)
Aos poucos, o edifício
para uma mais completa e diversificada história da ilustração vai
sendo construída. Tal como a banda desenhada até recente data, esta
outra disciplina artística, inclusive aquela que está relacionada
com a sua prestação mais pessoal, expressiva, artística, associada
à literatura, mormente a infantil, era votada a um desconhecimento
quase imediato na geração seguinte, salvo algumas referências
incontornáveis graças ao baptismo de um prémio, a permanência de
um título, ou a fundação de um estilo. Todavia, não se tornavam
referências correntes como ocorre nas “artes maiores”. Duvidamos
que estes gestos singulares possam alterar essa tendência e
presença, como é óbvio, mas pelo menos vão contribuindo a
dissipar as ausências. (Mais)
6 de abril de 2015
Colaboração no The Comics Alternative: Supreme: Blue Rose, de Warren Ellis e Tula Lotay.
Na possibilidade de uma curva de aprendizagem, expansão e diálogo internacional, damos continuidade à nossa colaboração com The Comics Alternative, desta feita com uma crítica à série de comic books Supreme: Blue Rose, escrita pelo irascível Warren Ellis e desenhado por Tula Lotay. Texto directamente acessível aqui. (Mais)
2 de abril de 2015
Colecção Novela Gráfica: os títulos individuais. (Levoir/Público).
1 de abril de 2015
Colecção Novela Gráfica: a colecção (Levoir/Público).
A
presença da banda desenhada no mundo editorial português é, no
mínimo, residual. Basta compreender que certos géneros literários,
mais populares ou menos, têm uma distribuição equilibrada pelas
várias editoras, assim como outros tipos de livros não-literários,
ensaios ou romances de sucesso crítico. Sem a legitimação e papel
cultural que terá a poesia contemporânea, a banda desenhada tem o
mesmo tipo de veiculação por um punhado de editores menores e/ou
especializados, uma distribuição comercial titubeante e que vive de
certos circuitos específicos, e um público algo reduzido. Com a
agravante, em relação à banda desenhada, da sua recepção crítica
ser extremamente circunscrita, em termos de agentes e espaço na dita
mediasfera (de que a blogosfera faz parte mas também poderá ser
considerada, dados certos focos, como separada). (Mais)