É hoje lançado o volume que reúne a trilogia de José Feitor de livros com imagens e textos que perfazem um contundente "Fia-te na Virgem e não corras" a toda a humanidade. São esses livros dois que foram publicados anteriormente e de que demos conta, a saber, Uma perna maior que a outra e Pimenta no cu dos outros para mim é refresco. e um inédito, intitulado Ainda que fosses capaz, não o farias (Notas esparsas e incoerentes sobre aquilo que tem corrido mal), . Juntos, ganham título-mor: Encantados e arruinados ante os restos do banquete. Muitos dos desenhos originais destes livros, serigrafias associadas e fontes estiveram expostas na Tinta nos Nervos, entre 19 de Setembro e 16 de Novembro: A
Mercadoria é Medonha, vai vender que nem ginjas. Nessa altura, produziu-se um texto para a folha de sala, que poderá servir igualmente de resenha ao novo capítulo e à obra em geral. Aqui o recuperamos e publicamos para toda a gente. O lançamento é hoje, às 18h30, na livraria-galeria Tinta nos Nervos.
13 de dezembro de 2019
28 de novembro de 2019
Comics Memory a 9,99
Serve o presente para informar que a Palgrave está a fazer uma enorme promoção dos seus volumes, inclusive monografias e antologias académicas sobre banda desenhada, entre os quais encontrarão Comics Memory. Archives and Styles, no qual colaborei e dei conta anteriormente. Mas há muitos outros volumes que poderão ser do interesse de outros leitores, desde aspectos económicos a temas específicos, tradições internacionais e abordagens formais. Mais informações aqui.
24 de novembro de 2019
Tequila shots. Claudio Yuge e Juan Burgos (Comic Heart)
Em muitos aspectos, este pequeno livro
é, a um só tempo, um acto de nostalgia e de expiação para poder
lançar um passo futuro. Através das várias informações (com
algum excesso, talvez) veiculadas extratextualmente na publicação,
as origens deste projecto remontam ao final dos anos 1990 quando os
seus autores conviviam, na partilha da vida de estudantes
universitários. Aliás, a própria história tematiza essa
experiência, talvez mesmo enquanto exercício de auto-ficção, e
integra em si mesma o mecanismo da sua origem. (Mais)
3 de novembro de 2019
Selva! Filipe Abranches (Umbra Livros)
O regresso de Filipe Abranches à banda desenhada é feito com um fulgor que faz colidir a nostalgia, a homenagem, a memória da banda desenhada e outros lazeres da infância (o modelismo, o radioamadorismo, os soldados de plástico, as leituras de aventura, os jogos paramilitares, as brincadeiras com bonecos e a mimetização de um certo discurso infantil, que por sua vez mimava o que se imaginava ser o linguajar dos adultos em filmes de guerra). Até certo ponto, Selva! é um livro para os miúdos que fomos. Todavia, é um livro para os miúdos que fomos enclausurados nos adultos que somos agora, e é possível observar, como a um tronco cortado, todos os anéis das camadas marcadas, e encontrarmos os nódulos que estiveram um dia no centro, e agora se perdem na polpa, deixando apenas a forma mais expansiva à sua volta. (Mais)
2 de novembro de 2019
O colecionador de tijolos. Pedro Burgos (Chili Com Carne)
Uma vez que havíamos escrito sobre este livro quando da sua edição original em francês, remetemos para esse texto, mas celebramos a sua publicação no seu idioma de partida. Agora que aparentemente a crise económica foi ultrapassada, mas as maleitas sobre o mercado imobiliário parece ter ganho estaleca para continuar a servir todos os interesses excepto o da habitação, o surgimento deste livro entre nós não podia ser mais ominoso. Ficam os votos para que crie alguma discussão, sobre o livro, claro, mas igualmente sobre o tema, tão bem explorado noutros círculos, como a Buraco, de que falaremos a seguir.
9 de outubro de 2019
Cortázar. Marc Torices e Jesús Marchamalo (Presque Lune/Nórdica)
É naturalmente discutível
quando se utilizam hipérboles a declarar este ou aquele escritor,
esta ou aquela obra, como “uma das maiores de sempre”, quando não
existem qualificativos, contextos ou pelo menos uma qualquer inflexão
que explicite a emergência dessa hierarquização imediata. Se se
utiliza esse termo comparativo, quais os outros termos contra os
quais ele mesmo se estabelece? As mais das vezes, e é esse um
movimento perigoso, a ideia está em que essas declarações,
desprovidas desse mesmo contexto, apontam a uma espécie de consenso
cultural, em relação aos quais aqueles que não o partilham são
vistos como desmerecedores sequer de consideração. (Mais)
29 de setembro de 2019
O leite da via láctea. Manuel Zimbro (Sistema Solar)
Por ocasião da exposição história secreta da aviação e alguns meteoritos, na galeria Quadrum, a maior retrospectiva alguma vez feita da obra de desenho, pintura, esculturas e instalações de Manuel Zimbro (1944-2003), a editora Sistema Solar - continuação da “verdadeira” Assírio & Alvim após a sua absorção pela Porto, e que havia mantido uma relação íntima com o artista enquanto divulgadora dos seus trabalhos quer enquanto espaço expositivo quer enquanto plataforma editorial incontornável - publicou este volume. Le lait de la voie lactée é um fac-símile, “warts and all”, de um projecto de álbum de banda desenhada que o autor terá criado “no início dos anos 80, quando Manuel Zimbro habitava em Paris”, lemos numa nota no final. (Mais)
30 de agosto de 2019
fêmea. Uma história ilustrada das mulheres. Inês Brasão e Ana Biscaia (Santillana)
Não se tratando propriamente de
um dicionário, ou enciclopédia organizada, fêmea está
organizado de uma maneira que permitirá usos idênticos ao desses
objectos livrescos: uma consulta, em vez da leitura linear, e
uma descoberta, abrindo a maior pesquisa pontual. As secções
são claras e reveladoras: a primeira é dedicada a “artefactos”,
ou objectos e invenções que, de uma maneira ou outra, vieram,
alterar as possibilidades dos movimentos sociais da mulher, para bem
ou para mal, e as mais das vezes, para ambos; a segunda reúne
“manifestos”, no sentido do que é manifestado, encarnado, que
ganha corpo, por entre personagens histórias ou papéis colectivos
que poderão servir de modelo maximal ao esforço feminino na
História, ainda muitas vezes escrita no masculino; a última focando
“territórios”, isto é, campos profissionais que vieram a ser
ocupadas de uma maneira especial por mulheres, ou por pressões
sociais que as confinavam a esses papéis, ou por pressões sociais
que as impediam de ocupar esses papéis e que acabaram por ocupar de
modo especial. (Mais)
Três zines da Sapata Press.
Serão hoje mesmo lançados três
novos títulos pela Sapata Press, cujo papel não é tão somente
criar a possibilidade de publicar fanzines de novos “autorxs”
(que me perdoem, mas não domino ainda esta novilinguagem), como a de
proporcionar um importante espaço público para todo um debate
complexo em torno das questões da identidade, que não se reduz de
forma alguma apenas ao sexo, sexualidade, género ou outras
categoriais sociais. (Mais)
27 de agosto de 2019
Bande dessinée et Abstraction. AAVV (La Cinquième Couche/Presses Universitaires de Liège)
Serve o presente post para indicar tão-somente que já se encontra à venda a antologia artística-académica Bande Dessinée et Abstraction/Abstraction and Comics. Trata-se de um livro em dois volumes que faz parte do colectivo académico ACME, da Universidade de Liège, tendo sido este projecto coordenado sobretudo por Aarnoud Rommens. Reúne dezenas de bandas desenhadas, inéditas ou não, completas e em excertos, de trabalhos que, de uma forma ou outra, se podem inscrever na promessa do título. A variedade de autores, em termos de nacionalidades, é assombrosa, e é salutar que uma produção de um centro desta disciplina esteja aberto a participações de todo o mundo. (Mais)
26 de agosto de 2019
Pêra Verde & Manuel inútil. Patrícia Guimarães (C. M. Beja & fanzines e martelos)
Um é um pequeno
apontamento, talvez autobiográfico, sobre pêras verdes comidas e
deixadas na infância. O outro uma pequena ficção, um fado, sobre
uma personagem patética e trágica. Em termos de género, de tom e
humor, não haveria nada em comum. O desenho tem afinidades, claro,
mas Patrícia Guimarães lança mãos de várias técnicas na forma
como constrói o desenho, persegue as linhas, fecha os contornos e
preenche o espaço com aguadas mínimas, quase ríspidas. (Mais)
25 de agosto de 2019
A Piscina. JyHyeon Lee (Orfeu Negro)
Porque é tão fascinante
quando mergulhamos na água? Trata-se de uma memória da espécie, ou
do nosso desenvolvimento ontogenético, ou uma mera sugestividade
devida a tantos mitos? Dever-se-á à alteração das percepções e
capacidades físicas, do incrível equilíbrio entre os limites
impostos e as novas liberdades? Em A Piscina, de JiHyon Lee,
encontraremos esses encontros, descobertas e possibilidades. (Mais)
23 de agosto de 2019
Ilustrações de João Maio Pinto para «Confissões de um travesti». Anónimo (Orfeu Negro)
Esta nota breve serve para
falar de um livro que foi, originalmente, publicado pela casa Le
Terrain Vague, parte do projecto editorial de Eric Losfeld, que nos
daria também Emmanuelle, as obras de Sacher Masoch e De Sade,
no campo da literatura dita “erótica” (que vocábulo mal
empregue e confuso nestes três casos), e todo um rol de bandas
desenhadas de expressão francesa dos anos 1960 que introduziriam,
para nunca mais se alterar, o erotismo e um certo grau de
sofisticação intelectual e visual.
Todavia,
estamos longe de uma obra com o peso literário de um Mishima,
Bataille, ou Renault na sua capacidade de descrever as forças
subcutâneas e tectónicas do desejo e as esplendorosas formas como
explodem cintilantes no momento da libertação expressiva a que
acedem. Tampouco estamos perante os malabarismos frásicos de um
Ubaldo Ribeiro ou até à desfaçatez, sarcasmo genuíno de um Luiz
Pacheco. Apesar de se titular uma “confissão”, não há aqui
espaço para a intimidade e proximidade desse género, mas tão
somente um tom quase documental, jornalístico e, passe o paradoxo,
seco. Todavia, a promessa desse percurso permite, digamos assim, um
acesso directo às questões principais. (Mais)
19 de agosto de 2019
Verões felizes. Vol 1. Zidrou e Jordi Lafebre (Arte de autor)
A fórmula é sustentável. Cada livro
desta série é dedicado a um Verão da família Faldérault, que
parte “rumo ao sul” na sua 4L – um clássico – comme il
faut, com mudanças no tablier. Há frases repetentes e canções
que se alteram, pontos de passagem obrigatórios e variações
aventurosas, piadas recorrentes e transformações significativas na
vida de todas as personagens. A propósito de Finalmente o Verão
havíamo-lo dito: o Verão é em si mesmo uma narrativa bem contida.
Ei-la transformada em série.
15 de agosto de 2019
Pimenta no cu dos outros para mim é refresco. José Feitor (Imprensa Canalha)
7 de julho de 2019
Tutti Fruti. Marco Mendes (Mundo Fantasma)
Foi
com alguma expectativa e alegria que anunciámos o início da
publicação do trabalho de Marco Mendes, num ritmo diário, no
Jornal de Notícias.
Infelizmente, essa colaboração nem sequer perfez um ano quando
chegou ao fim, talvez antes adivinhado, aos soluços e que
simplesmente teve lugar. Nesse mesmo anúncio, havíamos escrito “é
possível que algumas características mais risqué
sejam
domesticadas”.
Em que medida se verificou isso? (Mais)
4 de julho de 2019
A guerra. José Jorge Letria e André Letria (Pato Lógico)
A expressão “para a
infância” deverá, cada vez mais, libertar-se do seu juízo de
valor associando-o a produções que significam tão-somente um
entretenimento formulaico, protegido, incontroverso e afastado das
mesmas preocupações que regem (regeriam? Deveriam reger?) o “mundo
dos adultos”. E, cada vez mais, são livros como A guerra que
contribuem para essa alteração. Mais, se acreditarmos que a
formação cognitiva, intelectual, cultural e para a cidadania das
crianças começa “de pepino”, genuinamente, então que se lavre
esse trabalho com instrumentos intensos, directos e acabados. Ei-lo.
3 de julho de 2019
Pré Carré # 13
Serve o presente post para somente indicar que foi publicado o 13º número da Pré Carré, uma revista independente, de expressão francesa, que debate várias das dimensões teóricas, ensaísticas, históricas e sociais como pensadas por artistas e pensadores informais. Os aspectos académicos são colocados de lado, e o experimentalismo e o left field revelados de formas descontraídas e criativas.
Tive o imenso prazer de ter sido convidados a colaborar nesta revista, tendo porém apresentado um texto já conhecido dos leitores do Lerbd, sobre o volume de poesia acompanhada de imagens, de Rui Pires Cabral, Biblioteca de Rapazes.
Agradecimentos aos editores.
Tive o imenso prazer de ter sido convidados a colaborar nesta revista, tendo porém apresentado um texto já conhecido dos leitores do Lerbd, sobre o volume de poesia acompanhada de imagens, de Rui Pires Cabral, Biblioteca de Rapazes.
Agradecimentos aos editores.
26 de junho de 2019
Tinta nos Nervos.
A
6 do presente Junho, abriu em Lisboa, na Rua da Esperança, no. 39,
uma nova livraria-galeria chamada Tinta nos Nervos. Trata-se de um
espaço dedicado às artes do desenho, inclusive as artes gráficas,
as artes do livro, o cartoon, a ilustração, e, claro, a banda
desenhada. É também uma galeria, que apresentará exposições de
média-duração de artistas e/ou obras associadas àquelas
disciplinas indicadas. Finalmente, tem um pequeno café e esplanada
que poderão tornar uma visita rápida numa experiência zen.
10 de junho de 2019
Participação em Colóquio: Braga, 13 de Junho.
Por ocasião do Colóquio Internacional «Figuras do pós-humano. Literatura, Cinema, Banda Desenhada», organizado pelo CEHUM, em Braga, tenho a honra de ter sido convidado a participar com a conferência plenária. Assim sendo, dia 13, pelas 10h00 no auditório do ILCH, na Universidade do Minho, apresentarei a comunicação: "Espectros do vivente na banda desenhada".
Mesmo em casos de fantasia extrema, o antropomorfismo é patente. Mesmo o teriomorfismo, que não é mais do que um falso "devir-animal", reconduz sempre à territorialização e à subsunção de toda a esfera da natureza aos propósitos humanos. Tudo é dessubjectivizado face ao ulterior interesse humano. Procurarei, portanto, explorar questões de representação de entes não-humanos em vários textos de banda desenhada, em formas cada vez mais complexas. O propósito não é apenas o de questionar o vivo, descentrando o humano, mas procurar entender como como formas de questionamento estrutural da própria banda desenhada enquanto meio pode levar a modos de imaginar um alargamento daquele espectro.
Link directo, com apresentação, programa, etc., aqui.
23 de maio de 2019
Comanche, Obras Completas vol. 1. Greg e Herman (Ala dos Livros)
Já
escrevemos bastas vezes, no passado, sobre a tendência internacional
– sobretudo nos mercados francês, belga e norte-americano – que
tem surgido de publicar edições de colecção, integrais, de luxo,
de arquivo, etc., de todo um rol de séries cuja primeira existência
havia sido em formatos de consumo mais imediato (semanal, mensal).
Tendência a que chamámos “recuperação da memória” e cujo
substrato é, a um só tempo, económico, geracional e informado pela
transformação do paradigma da banda desenhada para uma linguagem
“de livro”. Este novo projecto da Ala dos Livros vem alimentar
essa tendência, de uma maneira mais modesta (voltaremos a este
ponto), dedicada a uma série western
bastamente conhecida de um público vasto
e, hoje, decisor.
28 de abril de 2019
O cão que guarda as estrelas. Takashi Murakami (JBC)
A
estreia da luso-brasileira JBC no nosso mercado foi estrondosa, tendo
começado com dois clássicos de peso – Akira
e
Ghost in the Shell
–, e obrigatórios em qualquer biblioteca de banda desenhada que se
preze, ciente da sua história contemporânea, já para não falar
das suas repercussões cruciais no mundo do cinema de animação, dos
jogos, na recepção e/ou diálogo entre a cultura japonesa e o resto
do mundo, na cultura popular em geral, e muitas outras dimensões.
Apenas questões internas ao Lerbd nos têm impedido de escrever com
a mesma regularidade habitual, e é possível que ainda revisitemos
esses títulos. Seguiram-se apostas numa série mais comercial de
grande sucesso, Ataque
dos Titãs,
e neste pequeno volume, de um registo bem distinto dos demais. (Mais)
31 de março de 2019
Colaboração: Pentângulo # 2
Este outro post aponta ao facto de que o segundo número da Pentângulo, a antologia criada no seio da escola Ar.Co, e publciada pela Chili Com Carne, também já está produzida e será lançada nos próximos tempos. Neste segundo momento participamos apenas com um pequeno texto ensaístico, intitulado "Fuck Nostalgia", no qual, de uma forma muito sucinta, e sem grandes instrumentos académicos, tentamos criar uma breve tipologia do que esse termo, nostalgia, pode significar em termos de produção de banda desenhada, a maior parte das vezes apenas para repetir clichés, mas em algumas excepções criando-se verdadeiros caminhos para trilhar e fundar o futuro deste modo de expressão.
Encontrarão trabalhos de alguns alunos, francamente promissores e frescos, assim como peças de veteranos como o Francisco Sousa Lobo, André Pereira, Amanda Baeza. A capa é feita por um jovem que tem futuro, um tal de Nuno Saraiva.
Encontrarão trabalhos de alguns alunos, francamente promissores e frescos, assim como peças de veteranos como o Francisco Sousa Lobo, André Pereira, Amanda Baeza. A capa é feita por um jovem que tem futuro, um tal de Nuno Saraiva.
Colaboração: «Júlio Pomar, o 'Jogo da Cabra Sábia'»
Serve o presente post para dar conta da participação num volume de natureza académico, nascido de um seminário organizado pelo Centro de Estudos Comparatistas, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em torno da relação de Júlio Pomar com várias disciplinas artísticas. Coordenado pela Professora Doutora Kelly Basílio, e levado a cabo em 2014, levou algum tempo até se concretizar a publicação deste livro.
Colecciona uma série de textos por investigadores, professores catedráticos, e pensadores da arte. Uma companhia de peso para os nossos pobres argumentos.
O nosso texto intitula-se «'Como é que ele tirou isto daquilo?' Ou, Júlio Pomar, Ilustrador». Através da análise próxima de alguns trabalhos de ilustração para livros de Alberto de Lacerda, Maria Velho da Costa, José Gomes Ferreira, e integrando-os na longa carreira pictórica e de desenho de Pomar, interrogamos não apenas os modos como este artista em particular traz autoridade à ilustração para além da sua natureza de "resposta" à coisa literária, como também como a própria ilustração merece uma atenção e instrumentos críticos próprios, não sendo uma disciplina menor, uma necessidade alimentícia, e muito menos "pecadilhos de juventude".
Júlio Pomar, o 'Jogo da Cabra Sábia' é publicado pela Húmus, 2019.
Colecciona uma série de textos por investigadores, professores catedráticos, e pensadores da arte. Uma companhia de peso para os nossos pobres argumentos.
O nosso texto intitula-se «'Como é que ele tirou isto daquilo?' Ou, Júlio Pomar, Ilustrador». Através da análise próxima de alguns trabalhos de ilustração para livros de Alberto de Lacerda, Maria Velho da Costa, José Gomes Ferreira, e integrando-os na longa carreira pictórica e de desenho de Pomar, interrogamos não apenas os modos como este artista em particular traz autoridade à ilustração para além da sua natureza de "resposta" à coisa literária, como também como a própria ilustração merece uma atenção e instrumentos críticos próprios, não sendo uma disciplina menor, uma necessidade alimentícia, e muito menos "pecadilhos de juventude".
Júlio Pomar, o 'Jogo da Cabra Sábia' é publicado pela Húmus, 2019.
8 de março de 2019
Encontros Interdisciplinares da Imagem Animada 2019.
É com imenso prazer e honra que anuncio os Encontros Interdisciplinares da Imagem Animada, a ter lugar no próximo 19 de Março, na ESEC da Universidade do Algarve.
Trata-se de um dia de mesas-redondas, inseridas no curso de Imagem Animada, com a presença dos realizadores Pedro Brito e Filipe Abranches, e os criadores de projectos multimédia Filipe Duarte Pina e Miguel Falcato. Apesar de desenhado com o intuito de aproximar os alunos do curso de profissionais de relevo, estes encontros estarão de portas abertas a todos aqueles que queiram assistir e participar, e esperamos que seja o primeiro de futuros.
Mais informações na página da escola.
Trata-se de um dia de mesas-redondas, inseridas no curso de Imagem Animada, com a presença dos realizadores Pedro Brito e Filipe Abranches, e os criadores de projectos multimédia Filipe Duarte Pina e Miguel Falcato. Apesar de desenhado com o intuito de aproximar os alunos do curso de profissionais de relevo, estes encontros estarão de portas abertas a todos aqueles que queiram assistir e participar, e esperamos que seja o primeiro de futuros.
Mais informações na página da escola.
6 de março de 2019
Colaboração com a "Mundo Crítico"
Conforme havíamos informado anteriormente, quando do lançamento do 2º número da Mundo Crítico, a nossa colaboração com este título será regular.
No novo número, a curadoria da secção "Ecos Gráficos" levou ao convite à autora Dileydi Florez, que criou uma espécie de mini-diário sobre a antologia que ela própria coordenou, Nódoa Negra, publicada pela Chili Com Carne.
É nesse sentido que o nosso artigo - intitulado "Sororidade: Ou, como caminhar ao lado de alguém" - incidiu numa breve resenha desse mesmo volume, integrando-o num contexto maior da criação de banda desenhada por autoras mulheres. Poderão aceder à revista em pdf aqui, ou directamente ao artigo aqui.
No novo número, a curadoria da secção "Ecos Gráficos" levou ao convite à autora Dileydi Florez, que criou uma espécie de mini-diário sobre a antologia que ela própria coordenou, Nódoa Negra, publicada pela Chili Com Carne.
É nesse sentido que o nosso artigo - intitulado "Sororidade: Ou, como caminhar ao lado de alguém" - incidiu numa breve resenha desse mesmo volume, integrando-o num contexto maior da criação de banda desenhada por autoras mulheres. Poderão aceder à revista em pdf aqui, ou directamente ao artigo aqui.
20 de fevereiro de 2019
Adeus, Geraldes Lino.
É
com imenso pesar e choque que fico a saber da morte do amigo Geraldes
Lino. A ideia de um "amigo pela bd" poderá ser estranha,
mas todos os que com ele se cruzaram sabem que estes elogios não são
em vão. De uma maneira ou outra, muitos sabem que ele foi cicerone a
tanta, tanta gente, fossem aspirantes a artista ou fossem intensos
leitores.
Não
fui amigo íntimo do Lino. É verdade. Mas muitos sabem que mesmo não
sendo amigos íntimos, quando se falava com ele, era como se fosse.
Deve
ter sido no final dos anos 1980 que me cruzei com o Geraldes Lino
pela primeira vez, ainda eu não fizera 20 aninhos, dando-me as boas
vindas a exposições no Palácio da Independência. Eu era tímido e
não conhecia ninguém. Era apenas um puto que gostava de bêdê.
Demoraria algum tempo a conhecer o meio. Mas sempre teve uma boa
palavra, uma dica para onde encontrar coisas raras, a loja certa. Em
1994, organizou um encontro com o Will Eisner na Amadora, e entraram
algumas poucas pessoas numa sala. Por alguma razão, eu sentei-me a
essa mesa, mas caladinho que nem um rato.
Depois
lá fui aprendendo, conhecendo pessoas, escrevendo. E o Lino sempre a
apoiar, a relembrar uma referência, a partilhar um contacto. Sempre
nos tratámos pela terceira pessoa. Sou de trato fácil, entro logo
no “tu”. Mas com o Geraldes, havia sempre uma ideia de que era
necessária deferência. Os que o conhecem sabem que é mentira, não
era preciso. Mas era assim connosco. Falávamos com franqueza, por
vezes combatíamos ideias distintas, mas sempre com amizade e rigor.
E deu-me tanta coisa. Material, também, nas poucas vezes que fui à
tertúlia, e noutras ocasiões. Mas sobretudo noutras dimensões. O
que é que eu terei feito, ao longo destes anos, que não tivesse
tido algum apoio, ajuda directa, um ouvido atento, no Lino? Eu
digo-vos: nada. Mesmo que não falasse directamente com ele, mesmo
que não tivesse oportunidade de lhe perguntar, escutava-lhe a voz
roufenha, “Ó, Ó Pedro Moura, não seja assim! Já quando o vi na
Bedeteca lhe tinha dito...”
O
Geraldes Lino era um daqueles “leitores ideais” que estava sempre
na minha mente.
Sabem
que mais? Não vai deixar de o estar.
16 de fevereiro de 2019
Participação em "Todas as Palavras"
Olá a todo@s.
Serve o presente post para vos informar que esta manhã, às 10h00, na RTP3, no programa Todas as Palavras, de Inês Fonseca Santos, participarei numa curta conversa, focando-nos em Os Regressos, co-autorado com Marta Teives. Disponível posteriormente no RTP Play.
Agradecimentos à Inês Fonseca Santos, pelo convite, que muito nos honra.
1 de fevereiro de 2019
Estamos todas bien. Ana Penyas (Salamandra)
Vivemos
num tempo em que, afortunadamente, se discutem muitas questões de
representação e sub-representação sócio-cultural, em todas as
dimensões da esfera pública, na qual se destaca, por razões
óbvias, textos de cariz artístico e produções da cultural
popular. Mas se existem cada vez mais discursos permeáveis e
reequilibrados em relação a toda uma série de categorias e
sub-culturas, a velhice continua a ser uma espécie de tabu.
Velhos
são os trapos, como se costuma dizer, e parece que passado um
determinado limita, as pessoas deixam de ter préstimo, como se a
acumulação das suas experiências não fossem, só por si, uma
muito provável fonte frutífera de aprendizagem aos que se seguem,
sejam essas experiências felizes ou infelizes, de glória ou
infortúnio, boas ou más. A falta de diálogo intergeracional é, na
verdade, uma das dimensões que caracteriza o ensimesmamento actual
nas identidades, estas reduzidas aos seus mais superficiais traços,
sem quaisquer auto-interrogações, dúvidas ou gestos de aproximação
a outras esferas. (Mais)