
A escritora Ursula K. Le Guin escreveu um importantíssimo e influente ensaio intitulado “The Carrier Bag Theory of Fiction” (facilmente acessível na internet, e publicado em português como A ficção como cesta, pela Dois Dias), que costumo usar e ler em aulas de argumento. É uma espécie de bálsamo e antídoto às inúmeras estruturações narrativas, ou fórmulas, que são empregues em circunstâncias idênticas, que preferem antes apresentar as lições de Joseph Campbell (o “monomito” ou, para quem engole a pílula, “ a jornada do herói”) ou dos inúmeros gurus de Hollywood scriptwriting, como os McKees, Snyders, Syd Fields, Hauges, Chamberlains, etc. Não quer dizer que estes estejam “errados”, de forma alguma, mas tão-somente que, e como escreveu alguém, não fazem mais do que serem notas de rodapé de Aristóteles, o qual, com a Poética, fundou toda a narratologia ocidental, para bem ou para mal. O “mal”, neste caso, está em que a esmagadora maior dos escrevinhadores apenas se preocupam com a inexorável seta da intriga, da resolução do problema, e da centralidade absoluta do herói-função, e menos num moldar de pessoas. (Mais)









