25 de outubro de 2018
@ 29º FIBDA. 2018
Abre amanhã, dia 26 de Outubro, ao fim do dia, o 29º Festival Internacional de banda desenhada da Amadora, no Fórum Luís de Camões.
Apesar das dores de cabeça, lá acabei por participar em vários papéis:
1. Co-comissário, com Sílvia Borges da Silva, da exposição "Ano Editorial 2017-2018" (um pequeno milagre ter sido possível fazê-la)
2. Participação nas sessões de autógrafos, a propósito de Os Regressos (Polvo), do qual sou argumentista, para maravilhosa lavra gráfica de Marta Teives
3. Participação em algumas das conversas associadas a lançamentos e/ou a presença de autores estrangeiros em Portugal.
Há muito, e pormenores, ide ver aqui.
"Ensinar a editar": 28 OUT, 18h00 @ Feira Gráfica
Antes disso, estaremos presentes na banca da Oficina do Cego, associação de que somos membros, com algumas das nossas publicações. Mas a mais a ver, ler e conversar.
Apareçam!
Programa, aqui.
9 de setembro de 2018
Livro sagrado. Santo (Edições Milagre)
Esta
pequena edição de autor reúne toda uma série de histórias curtas
que estão associadas entre si por uma vontade comum, a de alcançar
e transformar, através de várias estratégias, um fundo dos contos
e tradições folclóricas portuguesas – o que não impede de
arrolar a literatura, com Alexandre Herculano, Jorge de Sena e Zeca
Afonso –, com várias roupagens. Tendo acompanhado o trabalho do
autor há muitos anos, desde os seus primeiros trabalhos em fanzines
no final dos anos 1990, fomos acompanhando estes trabalhos à medida
que foram surgindo, inclusive tendo nós próprios colaborado, tendo
incluído uma das histórias (“A Dama Pé de Cabra”), em inglês
e a duas cores, na nossa própria publicação Quireward. (Mais)
6 de setembro de 2018
Jardim dos Espectros. Fábio Veras (Escorpião Azul)
4 de setembro de 2018
Dragomante: Fogo de Dragão. Filipe Faria e Manuel Morgado (Comic Heart/G. Floy)
Há algo
de libertador quando somos confrontados com um objecto cuja clareza é
patente e genuína. Uma capa apelativa, clara nos seus propósitos,
apresentando objectos cujo sentidos não exigem uma interpretação
secundária, mas vivem quase de uma presença denotativa absoluta.
Uma mulher guerreira, ostentando duas espadas longas, seguras de
forma marcante, com uma armadura total e, junto a si, um imenso
dragão, de dentes de diamante, ameaçando os seus inimigos fora de
campo. Uma única palavra como título, concentrado e icónico, com
um sub-título que pouco parece adiantar à promessa feita já por
tudo o resto. Sabemos o que nos espera. Aventura de género de
alta-octanagem. (Mais)
2 de setembro de 2018
Cinco Mil Quilómetros por Segundo. Manuele Fior (Devir)
Como
saberão os leitores deste espaço, a leitura é feita sobre livros
lidos. Este é um local para leitores, não para promessas de
leitores, pelo que não nos coibimos de tratar as narrativas pelos
seus fins, resoluções ou enigmas desvendados. Não é que o livro
de Manuele Fior se apresente como um enigma, ou algo oculto que se
revele no fim, reescrevendo toda a narrativa tecida até esse
momento, mas há um efeito de organização que permite criar uma
história linear por sobre a história cronológica que se desenvolve
por trechos isolados. Manuele Fior parte de um ponto de partida
clássico, para não dizer cliché – o do triângulo amoroso –
para o explodir pelo tempo, a vida real, o afastamento, formando uma
pequena pérola de estrutura narrativa com os seus elementos. (Mais)
1 de setembro de 2018
Pescadores de medianoche. Yoshihiro Tatsumi (Gallo Nero)
Entre 1972
e 1973, Tatsumi criou cem histórias curtas, oscilando entre as 15 e
as 20 e poucas páginas para uma panóplia de revistas diferentes,
cada qual com o seu espectro de géneros, atitudes sociais, e níveis
de maturidade. Logo à partida, essa mera informação aponta para o
tipo de entrega assombrosa à sua arte, impulsionada sem dúvida por
uma ética e desejo artístico, mas igualmente por necessidade, como
os leitores de A Drifting Life
poderão facilmente contextualizar. Todavia, mais importante é
parecer-nos que o autor se mantinha numa mesma veia nessas mesmas
diferentes histórias, que o tornara afinal o pai da gekiga,
ou uma tendência de empregar a banda desenhada num tom mais atento à
realidade do Japão seu contemporâneo. Mesmo que não abandonasse
algumas estruturas de géneros – o policial, a ficção científica,
a narrativa histórica, o conto tradicional (estes últimos agregados
num volume me inglês, Fallen
Words) –, elas seriam
empregues não para a titilação mais comum desse mesmo género, mas
para desvendarem um desses cantos obscuros que o país, na sua senda
de desenvolvimento material do pós-guerra, quereria esquecer ou pelo
menos não revelar à luz do dia. (Mais)
26 de agosto de 2018
Angola Janga, Marcelo D'Salete [no Buala]
Mais uma vez, fica aqui o aviso de uma colaboração com a plataforma Buala, desta feita com um texto sobre o magnífico e monumental Angola Janga, de Marcelo D'Salete. Corolário de um trabalho cujos primeiros frutos foram colhidos em Cumbe, este é um livro sobre os actos de resistência dos próprios escravos negros no Brasil da era colonial. A partir de perspectivas ficcionais mas que tocam uma realidade histórica, este livro é ao mesmo tempo uma celebração do indomável espírito humano e uma correcção a certos mitos da história e da identidade a que muitos leitores portugueses deveriam ser atentos.
Agradecimentos ao editor, pela oferta do livro, ao autor, pelos esclarecimentos e à equipa da Buala, por me receber uma vez mais. Link directo aqui.
Agradecimentos ao editor, pela oferta do livro, ao autor, pelos esclarecimentos e à equipa da Buala, por me receber uma vez mais. Link directo aqui.
20 de agosto de 2018
Álvaro. The Worst of/Balcão Trauma Redux (Escorpião Azul/Insónia)
Tal como a
dois coelhos, é de
uma cajadada só que se dá conta
do recado a estes dois livros. A
sua leitura conjunta é consentânea na descoberta dos instrumentos
próprios do autor e pela força das circunstâncias editoriais. De
facto, por coincidência, deu-se a proximidade da publicação de uma
antologia de trabalhos primitivos de Álvaro, pela Escorpião Azul e
a do conjunto total da série Balcão
Trauma, pela chancela do
próprio autor. Estes dois livros poderão ser vistos então como uma
oportunidade única de ver os primeiros passos do autor no campo da
banda desenhada e aquilo a que veio destilar nos últimos tempos. (Mais)
16 de agosto de 2018
Cancer. Tilda Markström (Mmmnnnrrrg)
Se
não estamos em erro, esta é a primeira vez que o autor por trás
deste seu longo projecto heteronímico, Tiago Manuel, explora uma
projecção de personalidade e autoral que já morreu. Tilda
Markström é uma artista plástica sueca falecida em 2012, não nos
sendo fornecida a data em que terá criado este livro. Apesar de se
incluir uma brevíssima biografia na contra-capa do volume, e três
excertos do seu diário dos anos 1990, quando terá regressado a
Estocolmo para viver, mas revelando viagens pelo norte de Espanha,
não conseguimos re-construir com precisão ou certeza que percurso
terá sido o da autora até fornecer todos os materiais conducentes a
este livro. Na ausência dessas informações, e aceitando com rigor
a distância de um heterónimo, que não nos permitiria – nada nos
permite, mas a confusão entre o nome do autor e a sua pessoa convida
os mais distraídos leitores a provocar esse problema de
interpretação – aproximar a obra
da vida,
é o texto em si, com um título tão directo, que deve ser
enfrentado, sem esses instrumentos de conforto. (Mais)
14 de agosto de 2018
Cicatriz. Sofia Neto (Polvo)
Ao
acompanhar os trabalhos de Sofia Neto por um punhado de fanzines, não
nos surpreende encontrarmos aqui e agora toda uma série de
características comuns em termos de interesses temáticos, de
tratamento das personagens, de lançamento das circunstâncias
espácio-temporais para as suas ficções. Confessemos desde logo que
esperávamos ver desenvolvidas de uma maneira mais coerente e
musculada num trabalho de maior fôlego esses mesmos traços, como
estaria prometido neste livro de 60 e tal páginas. Quer dizer, algo
que satisfizesse o mecanismo mental que exige uma narrativa completa,
satisfatória em todos os seus pormenores actanciais, e apresenta um
desenlace claro, que nos liberta do próprio texto... Todavia, se
Cicatriz
confirma essas mesmas preocupações, interesses e inquirições, o
seu desenvolvimento é algo comedido e limitador dessas expectativas,
para nos obrigar a uma travessia e caça mais solitárias. (Mais)
13 de agosto de 2018
Comer/Beber. Filipe Melo e Juan Cavia (Tinta da China)
As origens
deste pequeno livro são explicadas no seu prefácio, pelas palavras
de Carlos Vaz Marques, na sua qualidade de editor da revista
literária, também ela publicada pela Tinta da China, a Granta.
Até certo ponto decalcada do seu modelo inglês, a Granta
portuguesa acaba por ser um pouco mais confinada à “coisa”
literária, ainda que inclua imagens por alguns dos mais conceituados
ilustradores portugueses. Dito isto, porém, e apesar do prémio
atribuído a João Fazenda, mesmo uma rápida consulta demonstrará
que as mais das vezes essas mesmas imagens acabam por estar
subsumidas aos princípios temáticos da publicação, e menos
propensas a ganhar uma dimensão autónoma e conceptual como poderiam
ter. Daí que o “direito à cidadania” da banda desenhada seja
algo limitada e se tenha pautado pela força de circunstâncias e
proximidade editorial dos autores, e não propriamente por uma
abertura genuína e procura editorial por um diálogo, por exemplo,
entre as pesquisas da literatura e da banda desenhada pelos temas
propostos a cada número. (Mais)
10 de agosto de 2018
O espião Acácio. Fernando Relvas (Turbina/Mundo Fantasma)
Pelo que
se entende publicamente, a organização desta antologia estava a ser
preparada ainda em vida do artista, num momento em que Fernando
Relvas se apercebia de duas coisas: por um lado, que não seria
provável, devido à doença que o afligia, que voltasse a conseguir
desenhar e dar vazão aos muitos projectos que estariam
interrompidos, por outro lado, por estar consciente do interesse de
vários quadrantes editoriais em “recuperar a memória” da sua
própria obra (como gostamos de repetir aqui neste espaço esse
trabalho de olhar para trás na história da banda desenhada de forma
a consolidar uma tradição a partir da qual novos textos podem
emergir). Demos conta aqui de Sangue Violeta, pela El Pep, e
Rosa Delta Sem Saída, pela Polvo, que farão parte dessa
tendência, a que se vem juntar este novo livro mas que apenas é o
corolário da amizade e interesse contínuos e ininterruptos que os
editores portuenses nutriram pelo autor e de um gesto que foi por
eles fundado, na verdade, quando da edição, já em 1998, pelo
SIBDP, do peregrino L123 + Cevadilha Speed. Poder-se-á dizer
que é o atempado repescar de um projecto de longa data, num momento
em que talvez haja uma melhor recepção e circulação destes
objectos. Além disso, as duas exposições relativamente recentes de
que foi alvo na cidade da Amadora [uma das quais organizadas por este vosso criado] serviram igualmente como mostra
dilatada da sua imensa e variada produção, alguma da qual inédita
ou por recuperar nestes moldes. (Mais)
6 de agosto de 2018
Artigo em «Comics Memory. Archives and Styles»
Serve este post para informar que foi publicado um artigo nosso, intitulado "The Ever-Shifting Wall: Edmond Baudoin and the “Continuous Poem” of Autobiography", num volume acabado de editar, a saber, Comics Memory. Archives and Styles.
Este volume pertence à série Palgrave Studies in Comics and Graphic Novels, que se tem tornado uma das mais prestigiadas plataformas académicas especializadas de livros em torno de Estudos de Banda Desenhada, juntamente com as "presses" das universidades do Mississippi, Rutgers, Leuven, entre outras, pelo que é uma tremenda honra estar na companhia destes nomes e trabalhos.
Este volume pertence à série Palgrave Studies in Comics and Graphic Novels, que se tem tornado uma das mais prestigiadas plataformas académicas especializadas de livros em torno de Estudos de Banda Desenhada, juntamente com as "presses" das universidades do Mississippi, Rutgers, Leuven, entre outras, pelo que é uma tremenda honra estar na companhia destes nomes e trabalhos.
27 de julho de 2018
Madoka Machina # 6. André Pereira (Polvo)
O projecto
de maior fôlego, até à data, de André Pereira, chega ao fim. A
sua leitura
não foi
propriamente suave, uma vez que o autor apresentou uma narrativa não
apenas densa na sua tessitura diegética como estruturalmente
complexa, com laivos de experimentalismo na composição de páginas
que obrigava a mudar de regime visual e e leitura a cada capítulo.
Estamos em crer que a sua leitura de uma assentada, num putativo
“livro” de quase 100 pranchas, revelará ser talvez mais
compensador e a sua eficácia mais coesa. Todavia, essa coesão pela
completude será ao mesmo tempo um convite a reler cada um dos
números, e compreender quais as estratégias certeiras que levaram a
essa opção, inclusive aquelas que têm a ver com a materialidade do
projecto (isto é, não somente o que tem a ver com um ritmo de
trabalho e exposição, recompensa financeira e de circulação,
etc.). (Mais)
26 de julho de 2018
Malditos Amigos/Que Deus te Abandone. André Diniz, com Tainan Rocha (Polvo)
Por razões
de vária ordem, tentaremos experimentar notas mais breves de
leituras de alguns títulos, já que se têm acumulado demasiados
títulos nos últimos meses, e poucas oportunidades de nos sentarmos
para escrever de forma consequente. Comecemos com dois livros da
autoria do autor André Diniz, agora radicado em Lisboa, entre nós,
pela Polvo. (Mais)
18 de julho de 2018
Lá fora com os fofinhos. Mariana Pita (Chili Com Carne/O Panda Gordo)
Na lógica
da colecção da Mercantologia (aqui com apoio d'O Panda Gordo), como
havíamos aventado a propósito de Bruma,
este volume reúne toda uma série de materiais que a autora havia
publicado em formatos variados, de fanzines individuais a publicações
antológicas e outros objectos, transformando essa oferta num
conjunto coerente e coeso que poderá iluminar a assinatura de
Mariana Pita, não apenas no que diz respeito à sua abordagem
gráfica mas às suas preocupações de representação e temáticas. (Mais)
13 de julho de 2018
Colaboração com a "Mundo Crítico".
Serve o presente post para anunciar que foi lançada oficialmente ontem o segundo número da revista Mundo Crítico, uma publicação da Associação para a Cooperação entre os Povos, que reúne uma série de entrevistas, ensaios e artigos em torno das questões da cooperação, colocando esta edição sob a égide do tema da "inovação".
Ora, deve-se este anúncio ao facto de que, a partir deste número, passamos a participar nesta publicação num papel duplo. Em primeiro lugar, contribuiremos com um ensaio que tanto procurará responder à temática proposta como possibilitando uma ligação, por mais ténue que seja, com a segunda parte, adiante explicada. A resposta ao tema, naturalmente, criará ligações com as matérias que mais nos ocupam o tempo. É por essa razão que nos focámos aqui no filme Black Panther, de Ryan Cooger, para auscultar uma das dimensões mais interessantes desse filme: a sua capacidade de re-imaginar um pais africano detentor de uma autonomia tecnológica total, permitindo, por sua vez, resgatar um poder identitário de uma imaginação africana não-subsumida a sistemas imaginados "de fora". Assim, escrevemos "Black Panther: deitar abaixo os obstáculos de imaginar outra coisa".
Em segundo lugar, asseguraremos um papel de curadoria de uma nova secção de banda desenhada, intitulada "Ecos Gráficos", nas quais convidar-se-ão e coordenar-se-ão trabalhos inéditos de autores portugueses ou a viver em Portugal que respondam, de alguma forma, às mesmas preocupações temáticas. Nesta primeira aventura, Darsy Fernandes apresenta-nos a história de duas páginas "P.A.L.O.P."
Ficam aqui os agradecimentos ao Alain Corbel, pela possibilidade de contacto, e à Dra. Fátima Proença e a toda a equipa da ACEP responsável pela publicação.
Ora, deve-se este anúncio ao facto de que, a partir deste número, passamos a participar nesta publicação num papel duplo. Em primeiro lugar, contribuiremos com um ensaio que tanto procurará responder à temática proposta como possibilitando uma ligação, por mais ténue que seja, com a segunda parte, adiante explicada. A resposta ao tema, naturalmente, criará ligações com as matérias que mais nos ocupam o tempo. É por essa razão que nos focámos aqui no filme Black Panther, de Ryan Cooger, para auscultar uma das dimensões mais interessantes desse filme: a sua capacidade de re-imaginar um pais africano detentor de uma autonomia tecnológica total, permitindo, por sua vez, resgatar um poder identitário de uma imaginação africana não-subsumida a sistemas imaginados "de fora". Assim, escrevemos "Black Panther: deitar abaixo os obstáculos de imaginar outra coisa".
Em segundo lugar, asseguraremos um papel de curadoria de uma nova secção de banda desenhada, intitulada "Ecos Gráficos", nas quais convidar-se-ão e coordenar-se-ão trabalhos inéditos de autores portugueses ou a viver em Portugal que respondam, de alguma forma, às mesmas preocupações temáticas. Nesta primeira aventura, Darsy Fernandes apresenta-nos a história de duas páginas "P.A.L.O.P."
Ficam aqui os agradecimentos ao Alain Corbel, pela possibilidade de contacto, e à Dra. Fátima Proença e a toda a equipa da ACEP responsável pela publicação.
1 de julho de 2018
Introdução à Filosofia em Banda Desenhada. Michael F. Patton e Kevin Cannon (Gradiva)
Na esteira
de toda uma produção de livros de banda desenhada que procuram
popularizar, sobretudo junto a um público mais jovem, ou alargado,
ou apressado, etc., temas de alguma complexidade através de
discursos mais simples mas não menos sistematizados e sempre com
humor e a facilitação permitida pela camada visual, este livro é
uma espécie de súmula da história da filosofia ocidental. De certa
forma, Larry Gonick é o percursor imediato deste projecto, com os
seus variadíssimos guias disciplinares e a sua História
Universal, igualmente publicada pela Gradiva, a qual também
lançou recentemente os primeiros volumes da colecção Pequena Bedeteca do Saber. Mas poderíamos citar ainda projectos tão
distintos tais como Dinosaur Empire! ou os Science Comics
para um público infantil, ou o projecto mais ensaístico de Jens Harder... (Mais)
27 de junho de 2018
Ler BD: Curso de banda desenhada na Nextart.
Serve o presente post, tal como ocorreu nos dois anos anteriores, para informar todos os interessados que estão abertas as inscrições para os cursos de Verão na Nextart, entre os quais se encontra um curso breve de introdução à linguagem, estruturas e criação de banda desenhada, ministrado por este vosso criado. A primeira fornada ainda tem algumas vagas.
Caso estejam interessados, as portas estão abertas. Ou passem palavra.
Mais informações directas aqui.
Nota: imagem de Sérgio Sequeira (estudos para projecto em curso)
Caso estejam interessados, as portas estão abertas. Ou passem palavra.
Mais informações directas aqui.
Nota: imagem de Sérgio Sequeira (estudos para projecto em curso)
25 de junho de 2018
L’Orso Borotalco e la Bambola Nuda Italiana. Maria João Worm (Quarto de Jade)
Quase toda
a história humana é pautada pelo fascínio da animação, no
sentido da condição de algo estar vivo, mover-se, actuar,
talvez mesmo pensar e comunicar. É talvez esse sentimento que nos
tenha feito criar deuses, desenhar nas paredes, esculpir formas. É
esse sentimento que, ao longo da cultura humana, nos fez criar
histórias em que os objectos ganhavam poderes extraordinários,
guardavam resquícios das almas dos seus antigos possuidores,
enclausuravam seres vivos ou ganhavam eles mesmos uma espécie
qualquer de vida. Um fascínio que mistura idolatria a receios,
terrores a desejos, algo que pode tanto oscilar entre o sonho de
Pigmalião e Geppetto, como o horror do Mickey em Fantasia ou
dos pais do Pequeno Otik/Otesánek, de Svankmajer. Com o
advento do cinema, de facto, rapidamente os criadores puseram à
prova esse fascínio e são os brinquedos uma classe de objectos
preferencial dessa “vida”, sobretudo graças à técnica da
animação de volumes: desde o perdido The Humpty Dumpty Circus,
de Blackton e Smith (de 1898) ao sobrevivente Dreams of Toyland de
Arthur Melbourne Cooper, que data de 1908, mas a cuja tradição
temática pertencerá igualmente a série contemporânea da Doutora
Brinquedos, o já clássico Toy Story e
igualmente o assassino Chucky. (Mais)
22 de junho de 2018
"Magma", colaboração na Strapazin no. 130
No último Abril, o Festival Internacional de Banda Desenhada Fumetto, em Lucerna, Suíça, apresentou como exposição central o projecto "Magma". Trata-se de uma colaboração à distância entre um grupo de autores suíços , que conta, por um lado, com Fanny Vaucher, Corinne Odermatt, o colectivo Ampel, e a artista Anete Melece, da Lituânia, e por outro com uma "embaixada do Brasil", agregando Fábio Zimbres, Diego Gerlach, Rafael Coutinho e a artista visual Talita Hoffman. Ainda que nenhum destes grupos participasse como um "bloco nacional", mas bem pelo contrário como artistas altamente idiossincráticos, inclusive no seu entendimento formal e estético do que pode ser entendido como "quadrinhos", o projecto foi elaborado através de um contacto directo.
Os artistas trocaram uma série de impressões, ideias e imagens ("trocar cromos" é um pensamento que nos ocorreu de imediato), que serviria para que houvesse uma rede de comunicação e possível influência mútua. Através desse trabalho de bastidores, os artistas desenvolveram trabalhos originais, alguns mais próximos do material trocado do que outros, uns investigando mais profundamente questões de identidade ou de potencialidades artísticas do que outros mas sem dúvida que em resposta a esse contacto. Esta é uma das dimensões interessantes do Fumetto, que como que encomenda trabalhos originais e imediatamente associadas a essa mesma circunstância.
A selecção dos artistas foi coordenada entre a directora do Festival, Jana Jakoubek, o artista brasileiro Nik Neves, e os resultados seriam publicados no número 130 da revista Strapazin.
Tivemos o grato prazer de sermos convidados a observar o trabalho de troca de comunicações entre os artistas e a génese e desenvolvimento de alguns trabalhos, com o intuito de escrevermos um ensaio associado à acção. Os resultados podem ser vistos e lidos em alemão e português (o nosso texto foi escrito sob a norma do Brasil), aqui.
Nota final: agradecimentos à Jana e ao Nik, pela amizade instantânea e confiança, assim como a Talaya Schmid, editora da Strapazin.
Os artistas trocaram uma série de impressões, ideias e imagens ("trocar cromos" é um pensamento que nos ocorreu de imediato), que serviria para que houvesse uma rede de comunicação e possível influência mútua. Através desse trabalho de bastidores, os artistas desenvolveram trabalhos originais, alguns mais próximos do material trocado do que outros, uns investigando mais profundamente questões de identidade ou de potencialidades artísticas do que outros mas sem dúvida que em resposta a esse contacto. Esta é uma das dimensões interessantes do Fumetto, que como que encomenda trabalhos originais e imediatamente associadas a essa mesma circunstância.
A selecção dos artistas foi coordenada entre a directora do Festival, Jana Jakoubek, o artista brasileiro Nik Neves, e os resultados seriam publicados no número 130 da revista Strapazin.
Tivemos o grato prazer de sermos convidados a observar o trabalho de troca de comunicações entre os artistas e a génese e desenvolvimento de alguns trabalhos, com o intuito de escrevermos um ensaio associado à acção. Os resultados podem ser vistos e lidos em alemão e português (o nosso texto foi escrito sob a norma do Brasil), aqui.
Nota final: agradecimentos à Jana e ao Nik, pela amizade instantânea e confiança, assim como a Talaya Schmid, editora da Strapazin.
18 de junho de 2018
LEBD: Zines e blogs de workshops.
Divirtam-se.
8 de junho de 2018
Pequena Bedeteca do Saber, dois títulos (Gradiva)
A Gradiva
dá início a esta colecção em português, mas numa ordem diferente
da original. O mesmo ocorreu, por exemplo, com a Biblioteca de Babel,
a famosa colecção organizada por Franco Maria Ricci e Jorge Luís
Borges para a italiana FMR e a espanhola Siruela, e publicada entre
nós pela Vega. Aproveitando o projecto editorial original da
Lombard, coordenado e pensado na sua génese por David Vandermeulen,
autor do magistral Fritz Haber, e contribuindo dessa maneira
para a criação de materiais originais e conduzidos por uma ideia
central – no caso, a veiculação de conteúdos complexos sobre os
mais diversos assuntos científicos, sociais, históricos e culturais
da humanidade através de pequenas súmulas em banda desenhada
ensaísta (voltaremos a este termo) –, a Gradiva lança mãos de
dois temas mais centrais e, sem dúvida, mais caros ao seu próprio
catálogo de primeira água. Esperemos, todavia, que não apenas haja
uma continuidade deste projecto, pois existem alguns volumes
excelentes em termos formais (volumes com os desenhos de Fabrice
Neaud, de Alfred, de Jean Solé), tal como temas – organizados
em sete categorias –
fascinantes e
tratados de maneira holística (a história da tatuagem, da
prostituição, do conflito israelo-palestiniano, da génese dos
escritos bíblicos), como não haja um desvirtuamento ou
aproveitamento “local” de criar intervenções na colecção
(como ocorreu na Biblioteca de Babel portuguesa). (Mais)
30 de maio de 2018
Colaboração no Bandas Desenhadas: Marco Mendes no Jornal de Notícias.
Apesar de já termos colaborado no passado, de várias formas, com o site Bandas Desenhadas, essa colaboração tem ganho nos últimos tempos novos contornos. Apesar de, também, não haver previsão de ritmos e rotinas, haverá porém uma mais regular contribuição para objectos textuais que não de resenhas críticas de livros, as quais continuarão a ter existência no Lerbd e no Yellow Fast & Crumble.
Assim sendo, esta é apenas uma pequena mas feliz notícia relativa ao autor Marco Mendes, que poderão ler aqui.
29 de maio de 2018
31 de Junho: Pentângulo na Feira do Livro
Apareçam!
Mais informações sobre a editora na Feira, aqui.
Os Regressos. Pedro Moura e Marta Teives (Polvo)
Serve o presente post tão-somente para informar os leitores deste espaço que acabámos de lançar, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, o livro Os Regressos, publicado pela Polvo, em co-autoria e com desenhos de Marta Teives.
Trata-se de uma novela, no verdadeiro sentido do termo literário, com 60 pranchas de banda desenhada, entre um realismo rural e um imaginário a recuperar. Não nos caberá a nós, naturalmente, o seu juízo, ficando nas mãos dos seus putativos leitores. Mas ficam os agradecimentos à artista e ao editor, pelo convite e abertura.
A sua distribuição estará em curso, e anunciaremos o seu lançamento em Lisboa em breve.
23 de maio de 2018
Sem dó. Luli Penna (Todavia)
Há uma
tendência, quase automática e, por isso, irritante e vexante, de
quando certos círculos discutem qualquer acto criativo da parte de
uma mulher, descrevê-lo como contendo “características
femininas”, mas sem jamais as revelar, analisar, explicar e muito
menos compreender o seu papel na articulação do texto total ou,
menos ainda, contextualizá-las no sistema em que emerge. Esse termo
é empregue de maneira fantasmática e mágica, como se o seu emprego
fosse suficientemente explicativo de algo que, no fundo se recusa a
tornar possível. Partindo de uma perspectiva homocêntrica, o que
esse passe de magia cumpre é, no fundo, em primeiro lugar a criação
de uma posição de “tolerância” que permite ao texto “feminino”
a possibilidade de existência e circulação e, sem segundo e mais
permanente lugar, a assunção do próprio sistema hegemónico que se
confere o direito dessa mesma decisão. (Mais)
20 de maio de 2018
Wonderstruck: o museu das maravilhas. Robert Selznick (Bertrand)
Perguntamo-nos
se a publicação deste livro se deve a uma atenção para com a obra
deste autor particularmente central na produção de livros cuja
natureza se encontra nos interstícios e experimentação conjunta de
várias disciplinas, que havia sido publicado em 2011, ou se terá
antes a ver com uma esperança de que a sua versão cinematográfica,
realizada por Todd Haynes e em exibição em Portugal este mesmo ano,
possa suscitar interesse junto aos potenciais leitores. A resposta é,
naturalmente, óbvia, até pela capa do livro (veja-se uma nota
final), mas pelo menos isso torna-se garante da sua circulação
entre o público português. (Mais)
16 de maio de 2018
Colaboração no Bandas Desenhadas: Como falar com raparigas em festas, de J. C. Mitchell
Três pontos de convergência.
Primo: a Bertrand publicou a adaptação do conto de Neil Gaiman por Fábio Moon e Gabriel Bá, de que já tinha antes falado, e para cujas considerações volto a remeter.
Secondo: a adaptação cinematográfica, assinada por John Cameron Mitchell, do memorável Hedwig and the Angry Inch, apesar de pronta há um ano, estreia agora no circuito internacional e a sessão de imprensa em Portugal foi na semana passada. No fim deste mês, estará em exibição. Em suma: pfff.
Tertio: o site Bandas Desenhadas permitiu-me assistir à mesma, convidando-me a escrever uma resenha ao filme.
Vi e fiz, num registo bem distinto do que costuma ser o linguarejar do Lerbd. Para pior, claro. Texto aqui.
Nota final: agradecimentos à Bertrand, pelo envio do livro, e ao BD.com, pelo acesso.
Primo: a Bertrand publicou a adaptação do conto de Neil Gaiman por Fábio Moon e Gabriel Bá, de que já tinha antes falado, e para cujas considerações volto a remeter.
Secondo: a adaptação cinematográfica, assinada por John Cameron Mitchell, do memorável Hedwig and the Angry Inch, apesar de pronta há um ano, estreia agora no circuito internacional e a sessão de imprensa em Portugal foi na semana passada. No fim deste mês, estará em exibição. Em suma: pfff.
Tertio: o site Bandas Desenhadas permitiu-me assistir à mesma, convidando-me a escrever uma resenha ao filme.
Vi e fiz, num registo bem distinto do que costuma ser o linguarejar do Lerbd. Para pior, claro. Texto aqui.
Nota final: agradecimentos à Bertrand, pelo envio do livro, e ao BD.com, pelo acesso.
13 de maio de 2018
O maestro, o cuco e a lenda. Wagner Willian (Texugo/Polvo)
Poderíamos
começar por dizer que Wagner Willian apresenta aqui uma narrativa
aparentemente mais domesticada do que aquela de Bulldogma.
Até mesmo em termos do género em que se inscreveria, O
maestro, o cuco e a lenda seria
colocado nesse tão vasto território da “aventura de fantasia para
a infância e juventude”. Afinal de contas, uma narrativa que nos
revela um protagonista a regressar a um local da infância, e que,
desviando-se para o bosque atrás da casa e graças a um acidente cai
numa realidade extraordinária, permitindo-lhe descobrir toda uma
vívida galeria de personagens, aproximá-la-ia, elemento por
elemento, tropo
por tropo,
de um rol de títulos clássicos, desde Alice
no país das maravilhas
e O
feiticeiro de Oz
a As
crónicas de Nárnia e
Labyrinth. (Mais)
10 de maio de 2018
Bartoon 25 anos. Luís Afonso (Arranha-Céus/Público)
Este
pequeno volume celebra os 25 anos da tira Bartoon, de Luís
Afonso, de uma forma curiosa. Convidando 25 personalidades, dos mais
diversos papéis sociais (responsáveis por organismos públicos,
académicos, artistas, desportistas, pessoas dos meios de comunicação
social, e colegas do autor), a escolherem um conjunto de tiras que
denotem as suas escolhas pessoas e algumas dimensões personalizadas
desta obra, o leitor terá tanto acesso à própria obra como a estes
25 olhares distintos sobre ela. Acompanhadas essas selecções por
breves parágrafos desses ilustres, vai-se desvendando também uma
pequena mas personalizada teoria da recepção, significativa para
melhor apreciar a tira. (Mais)
30 de abril de 2018
Best of 2017: para Paul Gravett.
Desde 2011 que participamos na chamada de Paul Gravett em contribuir para a "Perspectiva Internacional" do seu site, em que se mostram algum dos mais interessantes títulos de banda desenhada saídos no ano anterior de uma série de países, um trabalho muito interessante e bem mais diversificado do que o usual, por todas as limitações imagináveis.
Uma vez que já nos explicámos várias vezes sobre o que pensamos de listas e tops, continua a ficar apenas a nota que desejamos tão-somente que alguns destes livros tenham uma atenção mais alargada para além das nossas fronteiras e língua, e possam ser vistos como bons gestos no interior dos seus territórios, por mais distintos e incomparáveis que sejam entre si.
Este será o último ano em que participamos, passando a responsabilidade para o Gabriel Martins, a quem desejamos um bom trabalho. E ficam aqui também os profundos agradecimentos ao Paul Gravett e a sua amizade.
Link para a lista de 2017 aqui.
Uma vez que já nos explicámos várias vezes sobre o que pensamos de listas e tops, continua a ficar apenas a nota que desejamos tão-somente que alguns destes livros tenham uma atenção mais alargada para além das nossas fronteiras e língua, e possam ser vistos como bons gestos no interior dos seus territórios, por mais distintos e incomparáveis que sejam entre si.
Este será o último ano em que participamos, passando a responsabilidade para o Gabriel Martins, a quem desejamos um bom trabalho. E ficam aqui também os profundos agradecimentos ao Paul Gravett e a sua amizade.
Link para a lista de 2017 aqui.
17 de abril de 2018
O reino. Ruppert & Mulot (Douda Correria)
Este será apenas um pequeno recado. Foi lançado recentemente uma edição portuguesa do magnífico objecto-jornal O Reino, da dupla experimentalista de banda desenhada Ruppert e Mulot, projecto este de que já havíamos dado conta na sua edição original há uns anos, aqui.
As mais das vezes, a existência de edições portuguesas não são propriamente motivo de júbilo, sobretudo se se seguirem os caminhos mais normalizados de sempre... Porém, neste caso não estamos a falar dessas máquinas comerciais já instituídas, mas tampouco de "apostas" em obras históricas ou significativas por plataformas editoriais sólidas, ou sequer das também agora usuais colaborações entre editoras nacionais e estrangeiras na publicação de um título. Trata-se, desta feita, de uma acção feita de paixão, risco e coragem.
A edição portuguesa deste jornal é feita pela Douda Correria, uma editora afecta sobretudo à poesia contemporânea e a outros objectos literários não-identificados. Não deixa de ser curioso que, para encontrarmos atenções particulares ao que ocorre na cena contemporânea mais afecta à experimentação, à verdadeira invenção da linguagem, e não apenas a sua clássica confirmação, não se possa contar propriamente com as plataformas mais comuns, mas sim de sectores inesperados. Ou, na verdade, não é nada curioso, é condição sine qua non dessa distribuição de atenção. Seja feita a sua vontade.
As mais das vezes, a existência de edições portuguesas não são propriamente motivo de júbilo, sobretudo se se seguirem os caminhos mais normalizados de sempre... Porém, neste caso não estamos a falar dessas máquinas comerciais já instituídas, mas tampouco de "apostas" em obras históricas ou significativas por plataformas editoriais sólidas, ou sequer das também agora usuais colaborações entre editoras nacionais e estrangeiras na publicação de um título. Trata-se, desta feita, de uma acção feita de paixão, risco e coragem.
A edição portuguesa deste jornal é feita pela Douda Correria, uma editora afecta sobretudo à poesia contemporânea e a outros objectos literários não-identificados. Não deixa de ser curioso que, para encontrarmos atenções particulares ao que ocorre na cena contemporânea mais afecta à experimentação, à verdadeira invenção da linguagem, e não apenas a sua clássica confirmação, não se possa contar propriamente com as plataformas mais comuns, mas sim de sectores inesperados. Ou, na verdade, não é nada curioso, é condição sine qua non dessa distribuição de atenção. Seja feita a sua vontade.
15 de abril de 2018
Futuro proibido. Pepedelrey (Escorpião Azul)
14 de abril de 2018
A leoa. Anne-Caroline Pandolfo e Terkel Risbjerg (G. Floy)
A longo
prazo, será produtivo pensar na colaboração desta dupla de uma
forma mais analisada. Tentar compreender como é que atingem uma
fórmula de fundação sólida tal que a factura dos seus livros não
pode ser considerada do ponto de vista de uma “história com
desenhos” nem de “desenhos historiados”. Todos os factores
contam na sua estruturação prístina, inconsútil, enquanto banda
desenhada. A leoa é uma biografia da escritora
dinamarquesa Karen Blixen, autora da famosa autobiografia África
Minha (graças igualmente ao filme de Sydney Pollack de 1985), A
festa de Babette, e de Contos e Inverno. Uma biografia que
vai além desses instrumentos, pra devolver uma vida profunda,
imaginativa e vivida dessa personagem. (Mais)
11 de abril de 2018
Quireward # 03.
O terceiro número da Quireward está finalmente disponível.
Com histórias em inglês, este número inclui: o terceiro e último episódio de "Matias", desenhado pelo Sérgio Sequeira; um capítulo auto-suficiente de uma série de ficção científica, "David Kino", desenhada pelo André Pereira; uma curta história desenhada pela Marta Teives; duas das peças antes publicadas na Cais desenhadas por Vasco Ruivo e Catarina Coroado - todas elas escritas por mim -; e uma história de Nuno Fragata à qual acrescentei texto.
A capa é de Wagner Willian e o design de Playground Atelier. Impresso a uma cor em risografia. Será agora lançada em Portugal na Feira Raia, este fim-de-semana, no Anjos 70. 34 páginas. 100 exemplares.
[sobre # 01]
[sobre # 02]
Com histórias em inglês, este número inclui: o terceiro e último episódio de "Matias", desenhado pelo Sérgio Sequeira; um capítulo auto-suficiente de uma série de ficção científica, "David Kino", desenhada pelo André Pereira; uma curta história desenhada pela Marta Teives; duas das peças antes publicadas na Cais desenhadas por Vasco Ruivo e Catarina Coroado - todas elas escritas por mim -; e uma história de Nuno Fragata à qual acrescentei texto.
A capa é de Wagner Willian e o design de Playground Atelier. Impresso a uma cor em risografia. Será agora lançada em Portugal na Feira Raia, este fim-de-semana, no Anjos 70. 34 páginas. 100 exemplares.
[sobre # 01]
[sobre # 02]
8 de abril de 2018
Noite estrelada. Jimmy Liao (Kalandraka)
6 de abril de 2018
Santa Camarão. Xavier Almeida (Chili Com Carne)
A
possibilidade de escrever uma “autobiografia” de uma outra
pessoa, em que um artista “empresta” a sua linguagem para dar voz
e corpo à biografia de outrem mas contada na primeira pessoa, não é
de todo inédita, se nos recordarmos do projecto de Emmanuel Guibertcom Alan Cope. Os modos de produção são diferentes, porém, já
que Guibert colhia a biografia de Cope a partir de conversas
gravadas, directas e ao vivo, ao passo que Xavier Almeida estará a
trabalhar à distância. O pugilista José Santa “Camarão”,
nascido em Ovar e famosíssimo durante as décadas de 1920 e 1930,
morreu em 1965. Almeida, instado por um artigo de jornal e criando
laços com a sua terra (é também vareiro), criou este pequeno livro
de banda desenhada a partir da pequena biografia escrita pelo próprio
boxeur. (Mais)
5 de abril de 2018
Do Inferno. Alan Moore & Eddie Campbell (Biblioteca de Alice)
A palavra “autópsia”, na sua
acepção moderna e médica, formou-se no cadinho da emergência do
pensamento científico, já no século XVII. Originalmente, a palavra
significará tão-somente “ver com os próprios olhos”,
“testemunhar” (e isto implicará sempre a ideia desta visão ser
a de um terceiro sobre um evento que lhe é externo). Apenas na
modernidade passa a significar “a dissecação de um corpo morto
para determinar a causa da morte”.
Como muitos outros críticos já o
disseram, e acima de tudo, o próprio protagonista deste imenso
romance – e esta será uma das poucas instâncias em que o emprego
deste termo técnico literário não é enviesado – em banda
desenhada, From Hell/Do Inferno é uma investigação
dolorosa, cruel, e violenta ao corpo morto que daria origem ao século
XX. Ao contrário do que se poderia imaginar a partir de uma mera
descrição, ou pior, através da miserável adaptação
cinematográfica de 2001 pelos irmãos Hughes, From Hell não
é um “whodunnit”. Focado nos assassínios de prostitutas em
Whitechapel, Londres, no estertor do século XIX, que ficariam
conhecidos como o caso de “Jack, o Estripador”, o livro assinado
por Alan Moore e Eddie Campbell não se interessará tanto pela
identificação do assassino, já que parte desde o primeiro momento
pela sua revelação: o Dr. William Gull. O que interessa aos autores
é a pesquisa do como aconteceu e, até mais, o porquê
íntimo dessas acções. (Mais)
4 de abril de 2018
Desolation.Exe ESP. Berliac (Fosfatina)
Serve o presente post tão-somente para indicar que a edição profissional e em língua espanhola de Desolation.Exe, de que faláramos anteriormente na sua primeira versão, foi publicada. O texto que tínhamos escrito foi transformado em prólogo, o que muito nos honra.
Em breve, daremos notícias do novo projecto do autor, que tem tido alguma recepção complexa, Sadboy.
Nota final: agradecimentos ao autor pelo volume.
Em breve, daremos notícias do novo projecto do autor, que tem tido alguma recepção complexa, Sadboy.
Nota final: agradecimentos ao autor pelo volume.
2 de abril de 2018
Ermal. Miguel Santos (Escorpião Azul)
Miguel Santos apresenta aqui aquilo que
se chama na indústria de entretenimento um projecto “high-concept”,
isto é, algo que se concentra de forma potente numa premissa, em si
mesmo pejada de implicações narrativas. Neste caso, trata-se de uma
história alternativa, passada numa província colonial portuguesa em
que a guerra colonial terá encontrado uma continuidade terrível por
estar associada a um confronto nuclear no hemisfério norte. Como
está indicado no próprio livro, numa espécie de sub-título, neste
universo a Guerra Fria “aqueceu”. (Mais)
26 de março de 2018
Master Song. Francisco Sousa Lobo (Kuš)
Este é o último livrinho do autor, e
apesar de textualmente estar muito distante do que fez até à data,
não deixa de ser surpreendente a maneira como se encaixa
perfeitamente no seu programa a longo prazo. Ainda que não haja
qualquer elemento que permita uma leitura auto-ficcional, e muito
menos autobiográfica, não deixa de ser possível criar uma redoma
que, unindo toda a obra, nos faça pensar na continuação e uma
pesquisa muito pessoal de uma expressão da própria intimidade.
Contado na primeira pessoa, e em verso, podendo falar-se de dísticos
rimados, a parte textual transforma-se, como o título indica, numa
canção. E como uma canção, ouvi-la várias vezes vai despertando
novas ideias. (Mais)