24 de agosto de 2023

Entrevista na Fábrica do Terror.

Serve o presente post para dar conta de uma entrevista que nos foi gentilmente feita pela Sandra Henriques para a plataforma Fábrica do Terror. A conversa incidiu sobretudo sobre o último livro, Como flutuam as pedras, com João Sequeira, mas também a curta "As brasas e a lenha", com Marco Gomes, na Umbra no. 4, dado que ambas, de uma forma ou outra, tocam os temas centrais do interesse daquele site e hub de informação. Mas isso permitiu pensar algumas questões mais abrangentes. Espero que seja do vosso agrado.

Podem lê-la aqui.

Um obrigado à Sandra e à Fábrica.

23 de agosto de 2023

Terror na Montanha. Jumpei Azumi et al. (Sendai)

Há uma excelente colecção da British Library dedicada a contos e novelas de temáticas aparentadas como o horror, o terror, o fantástico, o estranho, o insólito, etc., intitulada “Tales of the Weird”. Para além do aspecto visual e material, e o exímio trabalho editorial dos autores antologiados, a maioria dos quais britânicos, o que me fascina mais é a possibilidade de, dada a fonte imensa de material literário, poderem compor cada volume sob a égide de um tema, que tanto pode revelar de um ambiente comum nas histórias – o castelo, a floresta, jardins, as vilas piscatórias, o alto mar, –, como de uma época específica do ano – o Natal ou o Halloween - , como ainda géneros determinados por personagens, estruturas, ou objectos – a novela detectivesca, a ciência amaldiçoada, os vampiros, histórias passadas no metro, meios de comunicação assombrados, envolvendo tatuagens. Isto cria quase uma espécie de guia extremamente estimulante para pensar na criação literária, aberta aos mais díspares cruzamentos. Todavia, logo à partida, reconheceremos que a história em si revelar-se-á tanto mais eficiente quanto não apenas a sua intriga central, a sua premissa de fantasia e surpresa, como a compreensão e verossimilhança que emanar do contexto proposto.

15 de agosto de 2023

Cartas inglesas. Francisco Sousa Lobo (Chili Com Carne)

Tal qual em Deserto/Nuvem, mas também o poderíamos dizer de alguns outros projectos do autor, as circunstâncias do fabrico deste pequeno volume são expostas de forma clara na sua própria textualidade, tornando-se tópico, matéria e enquadramento do que ele oferta ao leitor. Fruto de uma residência associada ao legado literário de Eça de Queiroz, o título Cartas Inglesas difunde desde logo um elo intertextual que se pretende o mais transparente possível. Diria que de tão transparente que a rima estrutural – Eça escreveu uma meia-dúzia de crónicas para o jornal A Actualidade, do Porto, em 1877, sobre a vida social, cultural, política e relações diplomáticas de Inglaterra enquanto foi membro do consulado português naquele país, Lobo providencia-nos como um número similar de ensaios a partir da sua posição também enquanto emigrante no Reino Unido – desvanece-se de imediato pelas atitudes distintas. O território de Lobo não é o da pequena observação mundana pautada pela ironia, que tenta corrigir um mar de ignorância através de descobertas inesperadas para os seus leitores, mas bem pelo contrário remolda todo um rol de sentidos de familiaridade variada para criar reflexões incisivas. 

7 de agosto de 2023

O novo preço da desonra, e outros títulos. Hiroshi Hirata (Pipoca & Nanquim)

Apesar deste texto ser escrito a propósito da recentíssima publicação deste volume em particular, a verdade é que a sua valência cobrirá toda a edição deste autor pela plataforma brasileira, que se tem tornado nos últimos anos uma das mais significativas editoras daquele país, quer em termos de traduções de importantes obras internacionais (Larcenet, Ito, Cloonan, Sampayo, etc.) quer de autores nacionais (Jefferson Costa, Igor Frederico e Patrick Martins).