27 de junho de 2018

Ler BD: Curso de banda desenhada na Nextart.

Serve o presente post, tal como ocorreu nos dois anos anteriores, para informar todos os interessados que estão abertas as inscrições para os cursos de Verão na Nextart, entre os quais se encontra um curso breve de introdução à linguagem, estruturas e criação de banda desenhada, ministrado por este vosso criado. A primeira fornada ainda tem algumas vagas.

Caso estejam interessados, as portas estão abertas. Ou passem palavra.  

Mais informações directas aqui.
Nota: imagem de Sérgio Sequeira (estudos para projecto em curso)




25 de junho de 2018

L’Orso Borotalco e la Bambola Nuda Italiana. Maria João Worm (Quarto de Jade)


Quase toda a história humana é pautada pelo fascínio da animação, no sentido da condição de algo estar vivo, mover-se, actuar, talvez mesmo pensar e comunicar. É talvez esse sentimento que nos tenha feito criar deuses, desenhar nas paredes, esculpir formas. É esse sentimento que, ao longo da cultura humana, nos fez criar histórias em que os objectos ganhavam poderes extraordinários, guardavam resquícios das almas dos seus antigos possuidores, enclausuravam seres vivos ou ganhavam eles mesmos uma espécie qualquer de vida. Um fascínio que mistura idolatria a receios, terrores a desejos, algo que pode tanto oscilar entre o sonho de Pigmalião e Geppetto, como o horror do Mickey em Fantasia ou dos pais do Pequeno Otik/Otesánek, de Svankmajer. Com o advento do cinema, de facto, rapidamente os criadores puseram à prova esse fascínio e são os brinquedos uma classe de objectos preferencial dessa “vida”, sobretudo graças à técnica da animação de volumes: desde o perdido The Humpty Dumpty Circus, de Blackton e Smith (de 1898) ao sobrevivente Dreams of Toyland de Arthur Melbourne Cooper, que data de 1908, mas a cuja tradição temática pertencerá igualmente a série contemporânea da Doutora Brinquedos, o já clássico Toy Story e igualmente o assassino Chucky. (Mais)

22 de junho de 2018

"Magma", colaboração na Strapazin no. 130

No último Abril, o Festival Internacional de Banda Desenhada Fumetto, em Lucerna, Suíça, apresentou como exposição central o projecto "Magma". Trata-se de uma colaboração à distância entre um grupo de autores suíços , que conta, por um lado, com  Fanny Vaucher, Corinne Odermatt, o colectivo Ampel, e a artista Anete Melece, da Lituânia, e por outro com uma "embaixada do Brasil", agregando Fábio Zimbres, Diego Gerlach, Rafael Coutinho e a artista visual Talita Hoffman. Ainda que nenhum destes grupos participasse como um "bloco nacional", mas bem pelo contrário como artistas altamente idiossincráticos, inclusive no seu entendimento formal e estético do que pode ser entendido como "quadrinhos", o projecto foi elaborado através de um contacto directo. 

Os artistas trocaram uma série de impressões, ideias e imagens ("trocar cromos" é um pensamento que nos ocorreu de imediato), que serviria para que houvesse uma rede de comunicação e possível influência mútua. Através desse trabalho de bastidores, os artistas desenvolveram trabalhos originais, alguns mais próximos do material trocado do que outros, uns investigando mais profundamente questões de identidade ou de potencialidades artísticas do que outros mas sem dúvida que em resposta a esse contacto. Esta é uma das dimensões interessantes do Fumetto, que como que encomenda trabalhos originais e imediatamente associadas a essa mesma circunstância.

A selecção dos artistas foi coordenada entre a directora do Festival, Jana Jakoubek, o artista brasileiro Nik Neves, e os resultados seriam publicados no número 130 da revista Strapazin.


Tivemos o grato prazer de sermos convidados a observar o trabalho de troca de comunicações entre os artistas e a génese e desenvolvimento de alguns trabalhos, com o intuito de escrevermos um ensaio associado à acção. Os resultados podem ser vistos e lidos em alemão e português (o nosso texto foi escrito sob a norma do Brasil), aqui.
Nota final: agradecimentos à Jana e ao Nik, pela amizade instantânea e confiança, assim como a Talaya Schmid, editora da Strapazin.

18 de junho de 2018

LEBD: Zines e blogs de workshops.


Para além da nossa actividade crítica (nos últimos tempos, sofrendo em termos de produção nos blogs), académica, docente e criativa, temos o imenso prazer de administrar de quando em vez workshops para pessoas mais jovens, e por vezes menos jovens, mas que jamais tinham criado banda desenhada. Serve o presente post tão-somente para mostrar as capas de alguns fanzines produzidos nos últimos anos, na escola Nextart e no Liceu Francês, assim como revelar um novo blog que mostra os resultados de outro workshop levado a cabo numa escola primária: Peixaria de Tascoaes.
Divirtam-se.

8 de junho de 2018

Pequena Bedeteca do Saber, dois títulos (Gradiva)



A Gradiva dá início a esta colecção em português, mas numa ordem diferente da original. O mesmo ocorreu, por exemplo, com a Biblioteca de Babel, a famosa colecção organizada por Franco Maria Ricci e Jorge Luís Borges para a italiana FMR e a espanhola Siruela, e publicada entre nós pela Vega. Aproveitando o projecto editorial original da Lombard, coordenado e pensado na sua génese por David Vandermeulen, autor do magistral Fritz Haber, e contribuindo dessa maneira para a criação de materiais originais e conduzidos por uma ideia central – no caso, a veiculação de conteúdos complexos sobre os mais diversos assuntos científicos, sociais, históricos e culturais da humanidade através de pequenas súmulas em banda desenhada ensaísta (voltaremos a este termo) –, a Gradiva lança mãos de dois temas mais centrais e, sem dúvida, mais caros ao seu próprio catálogo de primeira água. Esperemos, todavia, que não apenas haja uma continuidade deste projecto, pois existem alguns volumes excelentes em termos formais (volumes com os desenhos de Fabrice Neaud, de Alfred, de Jean Solé), tal como temas – organizados em sete categorias – 


fascinantes e tratados de maneira holística (a história da tatuagem, da prostituição, do conflito israelo-palestiniano, da génese dos escritos bíblicos), como não haja um desvirtuamento ou aproveitamento “local” de criar intervenções na colecção (como ocorreu na Biblioteca de Babel portuguesa). (Mais)