Já falei sobre este fanzine neste blog, e remeto-vos a esse texto, nas quais as descrições formais e de intuitos centrais se mantêm neste terceiro número. A convivência dos trabalhos mais díspares, quer em termos de meio, de linguagem ou de aproximação, tornam esta publicação, tais como a Cospe Aqui, a Venham Mais Cinco, ou outras, em objectos muito curiosos e salutares sobre uma espécie de democracia criativa. No caso da Ups!, porém, o campo de criatividade é bem mais alargado, não se cingindo à banda desenhada (uma da Teresa Pestana, de quem já não ouvia há muito), à ilustração (por ela mesma), ou à “intervenção gráfica” (um nome que serve de saco para aquilo para o qual não temos nome próprio...), surgindo colagens, autocolantes, fotografia, fotografia documental de performances e espectáculos (ora com legendas ora sem quaisquer explicações de maior), poesia, prosa (inclusive um descartável-desdobrável), num culto às artes que oscilam entre produções ditas marginais – isto é, não-conformes a discursos mais institucionalizados e dentro das expectativas normalizadas de cada m, mas sem com isso querer dizer que não caem noutro tipologias, precisamente a da “marginalidade assumida” – e as mais consensuais escolhas estéticas, que se relacionarão tanto com academismos como com as fórmulas de sucesso da arte contemporânea. Precisamente como a Cospe Aqui, se bem que com valências diferentes, também a Ups! trabalha como uma espécie de resposta “fora do território” a um território outro, mais amplo (?), das artes contemporâneas.
O diálogo que estabelece com esse território, com os territórios mais restritos do fanzínico, ou com o das publicações (in)dependentes – a ligação ao Aquilo Teatro aponta a uma vertente institucionalizadora do discurso, mesmo que este se mantenha “alternativo” – torna a Ups!, como sempre, num objecto digno da atenção daqueles que prezam, acima de tudo, a liberdade de se dizer aquilo que se deseja, independentemente dos consensos que jamais se encontram.
1 de julho de 2006
Ups! 3. AAVV (Aquilo Teatro)
Publicada por Pedro Moura à(s) 10:38 da manhã
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