27 de outubro de 2009

Le Tendon Revolver. AAVV (United Dead Artists)


Esta é uma publicação do artista francês Blanquet, em que, tal como outras publicações mais ou menos conhecidas, maiores ou menores, consubstanciadas em projectos de envergadura ou simplesmente com a vida simples de fanzine (citemos alguns: a Rojo, a Manual, a Fukt, a Cabeça de ferro, etc.), junta toda uma série de autores com desenhos livres, autónomos, soltos, e elabora um objecto artístico capaz de criar uma família de referências interessante.
Encontramos aqui autores que seguimos, de uma maneira ou de outra: Nuvish Mircovich, Charles Burns, o próprio Blanquet, Francesco Defourny, Daisuke Ichiba, Xavier Robel, Frédéric Fleury. Outros que ou não conhecíamos ou não havíamos prestado atenção quando por eles passámos noutras plataformas.
Há também trabalho fotográfico e poemas. Estes são ambos de Marie-Laure Dagoit, ambos num tom semi-pornográfico que aponta às fronteiras que os autores desenham para poder atravessar: “...rien n’est admirable comme une bite./débarbouilée par la langue et essuyée par/les cheveux”. Por vezes, parece estarmos perante Herberto Helder. Uma fúria quase idêntica. Há ecologia, há retratos sociais, há pesadelos, há foda, há patetice pura, há horror inominável e apenas adivinhado, há terrorismo gráfico.
O folhear destas revistas é um acto rápido. O seu efeito não.
Nota: agradecimentos a Marcos Farrajota, pela troca.

19 comentários:

Anónimo disse...

Há foda???!!!! Que rebeldia... que inconformismo, ultimamente está a tornar-se mais "underground", o que é bués de cool...

Pedro Moura disse...

Pois é... Deveria ter escrito o que queria em primeiro lugar: "Há a ocorrência ocasional de figurações accionais de relações sexuais desviantes e de uma força passional algo violenta e incomodativa, expressas através de comportamentos sexuais fora dos códigos normativos societais", mas como tinha acabado de ler um compêndio de crítica estruturalista pós-documentalista que aplicava toda uma série de grelhas argumentativas e vindicantes sobre esses mesmos posicionamentos sexalizantes, penso que a aplicação desse vernacular se justifica. Mas é vez sem exemplo.
Obrigado,
Pedro

Anónimo disse...

Devia-se era limpar definitivamente a Banda Desenhada destes Blanquets. Não haverá gente decente em França? É escumalha como o Blanquet, Burns e co que dão mau nome à Banda Desenhada.
E quanto à linguagem do seu último post, compreende-se a dificuldade de utilizar uma linguagem honesta e respeitadora perante as vísceras desta arte degenerada, mas faça um esforço, você até tem feito um bom trabalho... vamos continuar a manter a "casa limpa"?

gambuzine disse...

eu tenho o zine esgotado de carabine musclee
se vieres cá fazemos negócio

gambuzine disse...

que mania a desses anónimozitos ...a verdade é que eu tambem näo gostei do carabine musclee; falta-lhe algo na cabecita ..ser underground sem nada para dizer é resvalar para a gazófonia peidorrenta e para sexo bizarro "bora aí meter nojo ..."até os bons desenhos se tornam desinteressantes

Anónimo disse...

Calma Teresa, ninguem está a comparar o seu trabalho com o destes artistas degenerados. Sabemos ver bem as diferenças. Você está noutro patamar.

Pedro Moura disse...

Sim, concordo que esta escumalha deveria ser toda varrida da terra. Toda esta malta intelectual da treta e com manias de artistice. Eu, no fundo, gosto é de banda desenhada "verdadeira", "pura", as aventuras do Yakari, o humor de Astérix, e as trocas e baldrocas do Gardfield! Mas como ganho muito mais dinheiro e prestígio, e amiguinhos, a escrever sobre porcarias destas, faço este sacrifício. No meu tempo é que era a boa banda desenhada, hoje em dia é só porcaria. Ando a enganar as pessoas há tanto tempo...
Está decidido, a Frémok as urtigas, d'agora em diante é só Takataka!
Pedro
P.S. Espero que entendam o desabafo estupidificante. Tendo em conta que não há dinheiro, nem prestígio nem amigos, acho que vou continuar a apostar nestas "degenerências".
P.P.S. O meu caro anónimo... está-se mesmo a ver que seguiu o "Black Hole" com a baba toda...E espero que tenha o "História Muda", que foi publicado entre nós, pela Polvo. Excelente ainda. Abraços.
E Teresa, sim, guarda-me isso. Troco por dois álbuns do Michel Vaillant, que sei que te faltam para completares a estante.

gambuzine disse...

???????????está aqui alguma teresa a falar do trabalho da teresa?????

gambuzine disse...

näo quero vaillant e näo conheco ninguem com mais de 14 anos que queira...
blanquet é muito bom charles burns e nemoto tambem e com tantos bons autores carabine muscleé consegue ser uma grande seca, tu gostas tudo bem ,há grandes autores que fazem colectaneas que säo um bocejo total, nem os arrojos gráficos as salvam, näo sei como é que o blanquet consegue semelhante acto kamikaze

Anónimo disse...

Tendo nós lido o Barthes, partimos da assumpção que a linguagem é o objecto em que se inscreve o poder. Você aparece-nos, armado no seu escudo de assumido academismo, a tentar reproduzir na banda desenhada o discurso do poder. Você tem-se encarrega-se de repetir a linguagem do poder para que chegue um momento em que o sentido das suas palavras nos pareçam naturais, que se tornem estereótipos, mas o seu sucesso tem sido, parece-nos um pouco limitado, pelos excesso de elipses, referências e outros rodriguinhos, que o tornam, frequentemente, mortalmente aborrecido e com o sentido das suas palavras a perder-se. Claro que também é muito possivel que os seus leitores (que devem existir) acabem por associar uma linguagem hermética e entediante ao discurso do poder. Não é completamente disparatado associar a linguagem do poder a algo aborrecido e indecifrável,de facto até acontece com alguma frequência. É a palavra repetida, fora de qualquer encantamento ou magia, o estereótipo de que fala Barthes: Os signos só existem na medida em que são reconhecidos. O signo é um seguidor gregário; em cada signo dorme esse monstro: o estereótipo. Pensamos que a luta contra o estereótipo e seu reino é a táctica mais segura para evitar que o discurso se enraíze nas tentações do autoritarismo na banda desenhada, que nos parece ser um mal de que você pode padecer. Mas agora, não sabemos se foi por uma exposição demasiado longa ao takataka, mas a sua linguagem mudou. Ou será que apenas evoluiu momentaneamente para uma forma mais despojada? Será que você consegue manter este estilo, digamos, de linhas mais às claras? Desconfiamos que não. Esperamos que se possa assistir a uma demonstração da tentativa de subversão do discurso. É um convite ao jogo. Que jogo? Ora da caça, ora da fuga do estereótipo.

Pedro Moura disse...

Caro Anónimo,
Para começo de conversa, seria muito agradável que assinasse os seus comentários, pois preferiria dirigir-me a si pelo nome, ao qual poderia associar um rosto. É uma regra de etiqueta se calhar antiquada, mas que gosto de seguir.
Em todo o caso, falarei de um modo simples. De quando em vez, leitores deixam-me comentários desta natureza dizendo que sou chato, hermético, etc. Seja. Não o nego. Mas porque me deveria pautar pelo modo como as outras pessoas querem que eu escreva se eu não sou essas pessoas? E se a esmagadora maioria dos textos sobre banda desenhada se cinge à sua apresentação sumária, biográfica, de factos, e de uma meia-dúzia de chavões que passam por juízos de valor, porque é que eu não tenho a liberdade de a querer ler com outros instrumentos? Não terão todas as áreas criativas direito a um chato? Não terei eu a liberdade de o ser? Não terei eu a liberdade de preferir ser um aspirante a Thierry Groensteen ou Jan Baetens em vez se ser aspirante a escrevinhar cromos?
Você diz que a minha linguagem é do poder. Mas qual poder? Sabe você qual é o poder que tenho? Eu até lho digo: 1. sou professor em várias escolas, ensinando coisas que têm a ver com a história, a crítica, a teoria e a escrita de banda desenhada e ilustração. Pensa você que emprego este tipo de discurso nas minhas aulas? Tem liberdade de o fazer, mas informe-se primeiro. Pensa que imponho aos meus alunos uma perspectiva fechada "do meu ponto de vista"? Pensaria mal.
2. fui convidado pelo FIBDA pela segunda vez para "comissariar" uma exposição e fui pago por isso. Acha que isso me dá um privilégio sobre a banda desenhada? Talvez sim. Mas uso para fechar outras possibilidades e perspectivas. Nunca me viu nem verá a fazer tal coisa.
3. recebo, recentemente, alguns fanzines de borla, um livro de editoras estrangeiras de quando em vez, se pedir com jeitinho e tiver sorte, ofertas de amigos e agora até da Casterman. Nunca recebi de grandes editoras, e nunca escrevo apenas por os receber, preferindo por vezes ficar calado do que "falar mal", como dizem as pessoas. Mas deixo sempre essa indicação de que os recebo, e de quem, como uma forma (talvez estúpida) de ser honesto com essas relações "de poder".
(continua)

Pedro Moura disse...

4. tenho tido a oportunidade de participar em júris, pequenas coisas, escolhas. Até agora, têm sido sempre oportunidades de me cruzar com pessoas que não conheço e que têm opiniões e gostos e experiências muito diferentes das minhas. Procuro impôr o meu "poder"? Sim, mas com argumentos e não prepotência (o que seria risível, se concebível alguma vez). E o que acontece? levo a minha avante? Às vezes até sim, outras menos, mas sempre num processo democrático e descontraído.
5. algumas publicações, associadas ou não ao "mundo da bd", convidam-me para escrever textos em torno deste território. Acha que deveria recusar? Se calhar, sim. Mas não o faço. E porquê? Porque penso, talvez estupidamente, mais uma vez, que consigo criar textos de um ponto de vista consolidado intelectualmente, honestamente adultos e conscientes dos públicos, para fazer abrir o território da banda desenhada a pessoas que não o conhecem bem, e tentar ir um pouco além das "aventuras", "sonhos", etc. É que eu cresci com a banda desenhada, mas ela também cresceu entretanto.
6. tenho tido a sorte de, ao longo destes últimos cinco anos, ter conhecido alguns autores de banda desenhada, uns mais proximamente, outros menos. Serve essa amizade para eu receber mais livros, ter um papel mais influente (vá-se lá a saber como), ter autógrafos em casa e poder vangloriar-me dessas amizades nos meus textos? Desafio a encontrar uma palavra que seja nesse sentido, como se beber café com X me tornasse melhor conhecedor do seu trabalho.
7. tive a sorte tremenda de ter construído um projecto para a RTP2 e ter contado com um realizador experiente e inteligente, levando-o ao porto desejado. Acha que foi por compadrios que entretanto tinha gerado antes? Olhe que não.
8. finalmente, tenho o poder para dedicar parte substancial da minha vida a ler livros de banda desenhada e a sentar-me à frente do meu computador, em casa, para escrever textos e fazer digitalizações e vídeos mal-enjorcados para expressar coisas que me apetece dizer sobre essas leituras. E que, que eu saiba, ainda não é enfiado pelas goelas abaixo das pessoas como obrigação. Vem cá quem quer, apesar de, último elo do poder:
8. pessoas do público.pt convidaram-me a juntar o meu blog à lista dos que eles apresentam, colocando-me o logo deles no meu blog, ajudando-me a alterar a imagem, e publicitando o blog na tarja do jornal, de quando em vez. E, claro, o cheque chorudo no fim de cada mês.
E, espero eu que esteja completo, é esta a circunferência do meu poder. Se ele serve para alguma coisa, é para que eu tenha uma mão-cheia de pessoas que perde uns minutos para dar uma vista de olhos aos textos que publico num blog. E os tais convites. E os tais insultos.
Até breve,
Pedro Moura

Anónimo disse...

Lonesome cowboy, lonesome cowboy,
You're a long long way from home
Lonesome cowboy, lonesome cowboy,
You've a long long way to roam

I'm a poor lonesome cowboy
I'm a long long way from home
And this poor lonesome cowboy
Has got a long long way to roam
Over mountains over prairies
From dawn till day is done
My horse and me keep riding
Into the setting sun

Pedro Moura disse...

Bullseye!
Aceito.
Pedro

Pedro Moura disse...

Na verdade, retiro o que disse sobre o "aceito". Não o posso fazer, pois não estou nem me sinto solitário. Tenho excelentes companhias, desde mestres a companheiros de estrada, pessoas que me apoiam e outras pessoas que inteligentemente comigo discordam mas dão a cara, o nome e argumentam.
Apercebo-me de que, por mais que eu deseje ter uma conversa séria consigo, você prefere manter essa posição confortável do anonimato e, pior, da falta de frontalidade.
Pensava que aquelas bocas em relação ao Blanquet et al. eram uma boutade, e que no fundo até gostava. Agora apercebo-me que o uso da palavra "degenerados" o associa à mesma posição que os Nazis tiveram em relação aos artistas. "Sieg Hergé!"?
Passe bem.
P.S. Se continuar a enviar comentários anónimos, simplesmente apagá-los-ei. A minha paciência é infinita, e os meus níveis de educação nem tanto.

gambuzine disse...

näo leio barthes nem grönsteen e näo acho que esses chatos desses masturbinos mentais facam falta a quem faz bd ,ó pedro tu respondes-me com takastakatas fazes de mim parelha com o anónimo????? queres levar com uma abóbora podre???
e eu acho que te esforcas tanto nos textos que escreves que depois te faltam neurónios para compreenderes os simples comentários dos teus leitores
essa polarizacäo da bd arty vs bd infatiloide é completamente idiota , há bds para vários publicos , há bds com aspiracoes artisticas e outras de entretenimenteo,e todas as bds säo feitas por artistas goste-se ou näo
.
isso mostra a tua tendencia para hipervalorizar o que näo é takatakata e infelizmente foste logo pegar numa série que é uma total enfadonhice e um grande exemplo de como grandes desenhadores säo pessimos editores;eu desfiz-me da colecäo completa carabine musclee (tambem aqui acontece o que acontece nas bds comerciais ...desenhos bonitos sem nada para dizer )e fiquei com o exemplar em A3 ,porque a capa do burns é extremamente bonita...mas desfaco-me dele
quanto à tua carta branca e a tua contemporaneadade , sem desprestigiar o trabalho (bom) desses autores ...vamos a ver se ela se aguenta, estéticamente ficaste um pouco pendurado nos anos 90 mas como em portugal é tudo (ainda hoje mesmo com a globalizacäo) atrasadito
esperamos que os teus contemporaneos vinguem

e tu? o que lias quando eras puto? tratados de filosofia quantica?

gambuzine disse...

aiiiii yyyyyyyyesuuuuus o poder da palavra é ilimitado, até na bd o poder anda ligado à palavra ...
como poderia ser de outro modo? só mentes superiores conseguem definir arte, entender arte ...
artistas nascem e morrem sob o poder da palavra ,politicos mudos por muito que fizessem dificilmente existiriam, artista mudo tambem näo vai longe se näo tiver ninguem que fale por ele
o poder à palavra ,näo há como palavras sábias para mentes vazias , ofusca? ressoa? faz eco?
há cá eco??
e no final era a palavra,
näo no inicío
amen

gambuzine disse...

arte degenerada é aquela que sem um bom argumento criticointlectofilosofal e profundamente estético ninguem gosta?
eh eh eh eh eh

Anónimo disse...

Isto está a ficar demasiado esquizófrénico. Mas você não desanime, olhe que a banda desenhada nescional contemporânea precisa de si.

Divide!