
Esta parece-nos ser uma oportunidade curiosa, dado que se trata de uma experiência inovadora em relação ao ensino à distância, apesar de levantar alguns problemas (já indicados por algumas pessoas) sobre o seu impacto económico, social e educacional em relação às estratégias mais normalizadas. Isto é, o facto de ser um veículo que disponibiliza informação gratuitamente a um número assombroso de pessoas, mesmo estando associado a uma série de processos típicos de um ambiente de ensino (escrita de trabalhos, discussões balizadas, leituras orientadas, etc.), pode não significar automaticamente melhor ensino ou um avanço efectivo dos conteúdos académicos possíveis.
Neste momento, o programa pormenorizado do curso ainda está a ser trabalhado, mas estará disponível em breve. Descritivamente, tratar-se-á de um curso sobre "como é que a banda desenhada [a palavra empregue é "comic books", remetendo a um pólo de produção muito particular, e não a "comics" em geral] pode ser usada para explorar identidades, estereótipos e papéis de género/sexuais". Uma outra frase, que diz pretender "abordar questões sobre representações e construções de género envolvendo homens e mulheres", parece afunilar desde logo a questão aos papéis da heteronormatividade, mas talvez as questões possam vir a abrir-se mais com as leituras a fazer. Seria bom compreender desde já se a hipersexualização dos super-heróis será tratada, abordando o típico desequilíbrio entre os uniformes dos heróis (que lhes cobrem o corpo todo) e heroínas (que revelam estrategicamente partes do corpo), ou mesmo da figuração (protuberâncias mamilares perfeitamente esféricas e em circunferências superiores às cabeças, desafiando a gravidade, traseiros que independentemente da posição de combate ou de descanso são apresentados ao olhar, etc.), ou como é que determinados assuntos, como as emoções, a biologia, as expectativas, são distribuídas, mas nada disso é (ainda indicado). Já para não falar de que há um notório desequilíbrio entre desejo e fantasia nestas distribuições, mesmo no interior de uma economia exclusivamente heterossexual ("corpos de mulheres enquanto objecto de desejo sexual", "corpos de homens enquanto fantasia do si"). Desta forma se justificam as imagens escolhidas para este post, recolhidas aqui e aqui.

No entanto, acreditando que mais vale seguir as coisas e depois entender o que lhe falta do que minar o projecto em si, fica aqui o desafio aos interessados.
Consultem o site aqui, onde se podem inscrever directa e facilmente.
2 comentários:
Só uma dúvida: está lá escrito "comics books"? Estranho se assim for, porque o correcto será "comic books".
Cordialmente,
G.Lino
Não, o erro foi meu, entretanto corrigido. Obrigado!
Pedro
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