Desta feita, a nota vai para a antologia de desenho contemporâneo FUKT, que já vai no seu sétimo número.
Existem cada vez mais acções que se assestam em exclusivo ao gesto do desenho, entendido quase sempre como (in)disciplina particular. Mas se Vitamin D. New Perspectives on Drawing, Drawing now: eight propositions e a recente exposição Desenhos de A a Z no Museu da Cidade apontam para uma escolha subsumida aos ditames do dito "mercado da arte" (mais ou menos intelectualizado pelos discursos da contemporaneidade, mais ou menos comercializado pelos valores de troca), e se antologias como a Rojo se preocupam mais com a concatenação de pulsões de uma cultura urbana, FUKT parece perseguir com uma maior simplicidade - e talvez com mais eficiência - o valor do desenho como forma de expressão quase exclusivamente. Isto é, não há dúvida de que um desenho é uma forma de expressão, mas as formas de expressão são normalmente acompanhadas por algo mais - um conceito, uma vontade, uma direcção, uma qualquer aquiescência para uma outra dimensão...
Em FUKT há uma energia que parece somente flutuar na expressão pura. É claro que isso é impossível. E seremos todos imediatamente capazes de associações e leituras que prendam estes desenhos e autores em tradições, linguagens específicas, buscas particulares, preocupações comuns... tipologias, axiologias, taxonomias, ontologias...
A revista é editada e coordenada por Björn Hegardt e conta com uma dezena de autores, muito diversos entre si (em termos de técnicas, origens, formações, materiais e verves) mas unidos nesta bandeira. Através do site da revista poderão descobrir toda uma rede de referências, assim como adquiri-la.
Fiz uma escolha reduzida para este post; por ordem temos aqui os desenhos de Michelle Oosterbaan (uma espécie de Hildegard von Bingen contemporânea, na qual o misticismo se forma em nuvens de lápis de cor), Martin Skauen (que recordará um perturbante taxonomista mais interessado em mutantes e teratologias), Anna Ling (que apresenta uma série de obscuros interiores, promissores de uma história que não virá) e Björn Hegardt (que opera um cruzamento entre objectos improváveis na esteira dos escritores do absurdo e do fantástico).
Nota: agradecimentos a Isabel Baraona por me ter colocado na senda da FUKT, e a Björn Hegardt pela troca.
19 de maio de 2009
FUKT # 7
Publicada por Pedro Moura à(s) 8:11 da manhã
Etiquetas: Antologias, Territórios contíguos
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2 comentários:
Oi,
gostei muito do seu blog, é bem interessante a forma como você aborda os temas, vou voltar sempre para ver as atualizações.
Abraços.
salud compadre!!!
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