A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que pode atacar as pessoas em qualquer idade, apesar de quanto mais avançada as possibilidades aumentarem. Pauta-se por uma paulatina mas inexorável perda de capacidades intelectuais, sendo o aspecto mais marcante e terrível a amnésia: muitos pacientes podem conviver com os seus cônjuges ou filhos e não os reconhecerem. No entanto, outros sintomas poderão verificar-se numa esfera mais física, já que esta doença ataca todo o sistema nervoso: afasias, tremores, dificuldade em coordenar os movimentos, flutuações bruscas de comportamento e humor. A hereditariedade está quase confirmada, mas também há estudos que apontam ser o convívio com os outros e o exercício continuado das capacidades intelectuais uma forma segura de minorar os efeitos desta doença, se atacar.
Não existem hierarquias de doenças, mas quem convive ou conviveu com pessoas com esta doença sabe que não é uma forma digna de terminar a vida – pois não sendo uma doença terminal, é um término em relação a uma vida completa. E é triste e doloroso testemunhar as pessoas perseguirem fantasmas e caminhos que não se apercebem ser nulos.
Lamentámos a morte de Goscinny. A de Morris. O céu caiu-nos na cabeça de vez. A irredutibilidade dos gauleses cedeu. O corpo vive, é certo, mas o espírito, que já se arrastava, chegou ao seu ponto máximo de demência. Alea jacta est. Sed lex, dura lex. Nec plus ultra.
Nota: ou não percebo nada disto, ou estamos perante um dos mais interessantes álbuns de banda desenhada alternativa, eu diria mais, experimental, dos últimos dez anos. Parecia que Grant Morrison era o autor mais competente em cruzar referências para nos ofertar loucuras fabulosas, mas pelos vistos Uderzo tem essa capacidade também, ainda mais surpreendente de quem sempre viveu num círculo de uma banda desenhada mais clássica. Indispensável para quem tem medo de tomar LSD.
14 de outubro de 2005
Astérix (a morte de). Uderzo (Albert René/Asa)
Publicada por Pedro Moura à(s) 2:37 da tarde
Etiquetas: França-Bélgica
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4 comentários:
Já agora, porquê a decisão idiota da editora em traduzir os nomes das personagens passados 20 e tal anos?
Excelente pergunta, mas à qual não posso ser eu a responder. Porém, eis um tema de interesse: o da tradução. Deve ser-se fiel ou não nas traduções de banda desenhada, mesmo que se mantenham as estranhezas? Ou deve-se antes fazer "adaptações" de forma a que seja o mais legível possível? E rever as traduções de clássicos, tal como acontece na literatura, fará sentido na banda desenhada? Porque não? Mas que implicam essas "mudanças" para um maginário já cristalizado? Professor Girassol ou Prof. Tournesol? A "Metamorfose" de Kafka ou a "Transformação" (a palavra alemã é dúbia)? Essa decisão cabe às editoras? Ao tradutor? À tradição? Boa pergunta, boa pergunta...
Como já tinha afirmado noutro blog acerca desta questão: O bom senso terá de prevalecer. Hoje tenho 32 anos, Asterix (ou será melhor dizer Asterisco?) e Obelix (Obelisco?) acompanham-me desde a infância. Será que mudar os nomes das personagens não é o mesmo que redesenhar os albuns antigos? A maçã que Asterix corta na "Grande Travessia" poderá ser substituida por um ananás? Eu sei que estas situações já aconteceram em numerosos casos. Como disse um amigo meu, porque não "Lucas o Sortudo" em vez de Lucky Luke, ou Carlos Castanho em substituição de Charlie Brown? É claro, tudo isto se evita com a versão original, excepto a crescente infantilidade de Uderzo...
a questão toda é que não se limitaram a mudar os nomes (que, na minha opinião, é uma falta de respeito para com o autor e para com os fãs) mas ainda por cima, alguns deles não têm nada a ver com nada. Matasetix??? Mas o que é isto? Confesso que nunca consegui perceber o significado de Abraracoursix, mas com que direito é que se alteram, sem razões nenhumas aparentes, nomes de personagens que se calhar têm mais anos que as novas tradutoras?
E pior que (ou pelo menos tão grave como) alterarem os nomes das personagens, também alteraram a tradução de certos trocadilhos para coisas que não têm relação nenhuma com a cena, ou tira, em questão. Exemplo: uma das minhas favoritas é a do "desencadeou-se" no álbum Asterix e os Godos. Recentemente vi na edição nova da ASA a tradução desse mesmo gag e traduziram por "agora a bola está do teu lado" (ou qq coisa do género)... "Desencadeou-se" tinha a sua piada tendo em conta a situação correspondente. "a bola está do teu lado"... se calhar fui eu q não percebi. Mas devo dizer que estas novas edições da ASA (ainda por cima para comemorar os 45 anos de Asterix) me têm, não só desiludido, como revoltado bastante... desculpem lá o desabafo.
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