Pequena publicação, no sentido mais restrito e caseiro dos fanzines, e cujas aspirações não se podem igualar a de outros projectos mais musculados, como os Opuntia books, de André Lemos, ou a Imprensa Canalha de José Feitor et al., mas que mesmo na sua singeleza atinge um ponto de felicidade na exactidão da sua forma externa.
O título, O Incêndio de 1940, e o pequeno texto que ocupa três meros parágrafos na primeira prancha parecem não estabelecer qualquer ligação plausível e funcional com a história que é explorada visualmente nas restantes 15 páginas, uma peculiar fábula de um marinheiro/faroleiro abandonado numa ilha, lançando garrafas ao mar, pescando, e ora afugentando ora alimentando gaivotas. Dentro das garrafas seguem mensagens, s.o.s., talvez os parágrafos que acabáramos de ler. Uma história ficcionada pelo próprio personagem? Uma nota histórica que nos ajuda a localizar este marinheiro como o último obstáculo ao exército Nazi que tenta atravessar a Mancha?
Seguem-se depois metamorfoses, mais adivinhadas que efectivas, lentas ou repentinas (lentas na velocidade, repentinas por se darem “fora” do espaço de representação), o marinheiro em gaivota, a gaivota em peixe, o peixe pescado pelo pescador... E este, que vomita a garrafa (ou as garrafas) que havia antes lançado ao mar. E no mar nocturno, um barco fantasmado por uma trupe de marinheiros olhando a gaivota-marinheiro como um augúrio a abater.
Apesar do fanzine poder ser guardado tal qual, só, nas prateleiras dos restantes, a sua “capa” é uma garrafa de vidro, de cerveja. Outros zines intentaram estratégias semelhantes, algumas até bem mais arriscadas que esta, sendo as mais famosas as inúmeras criações de João Bragança ou ainda alguns dos números da espanhola La Más Bella. Mas Bruno Diogo não está aqui a tentar análises ou invenções formais, mas uma resposta minuciosa e que respeite os dois lados da sua ficção (daí que tenha falado de uma “forma externa” para uma outra, claro, “interna”). Será a mensagem enviada pelo marinheiro esta mesma história, esta mesma banda desenhada que aqui junto a nós vem fundear? É possível que este pequeno conto de metamorfoses, breve apontamento de uma vigília suspensa provoque em nós uma vontade de o desvendar, mas será tão ilusório esse resultado quanto as formas das criaturas que encerra ficarem quedas.
O título, O Incêndio de 1940, e o pequeno texto que ocupa três meros parágrafos na primeira prancha parecem não estabelecer qualquer ligação plausível e funcional com a história que é explorada visualmente nas restantes 15 páginas, uma peculiar fábula de um marinheiro/faroleiro abandonado numa ilha, lançando garrafas ao mar, pescando, e ora afugentando ora alimentando gaivotas. Dentro das garrafas seguem mensagens, s.o.s., talvez os parágrafos que acabáramos de ler. Uma história ficcionada pelo próprio personagem? Uma nota histórica que nos ajuda a localizar este marinheiro como o último obstáculo ao exército Nazi que tenta atravessar a Mancha?
Seguem-se depois metamorfoses, mais adivinhadas que efectivas, lentas ou repentinas (lentas na velocidade, repentinas por se darem “fora” do espaço de representação), o marinheiro em gaivota, a gaivota em peixe, o peixe pescado pelo pescador... E este, que vomita a garrafa (ou as garrafas) que havia antes lançado ao mar. E no mar nocturno, um barco fantasmado por uma trupe de marinheiros olhando a gaivota-marinheiro como um augúrio a abater.
Apesar do fanzine poder ser guardado tal qual, só, nas prateleiras dos restantes, a sua “capa” é uma garrafa de vidro, de cerveja. Outros zines intentaram estratégias semelhantes, algumas até bem mais arriscadas que esta, sendo as mais famosas as inúmeras criações de João Bragança ou ainda alguns dos números da espanhola La Más Bella. Mas Bruno Diogo não está aqui a tentar análises ou invenções formais, mas uma resposta minuciosa e que respeite os dois lados da sua ficção (daí que tenha falado de uma “forma externa” para uma outra, claro, “interna”). Será a mensagem enviada pelo marinheiro esta mesma história, esta mesma banda desenhada que aqui junto a nós vem fundear? É possível que este pequeno conto de metamorfoses, breve apontamento de uma vigília suspensa provoque em nós uma vontade de o desvendar, mas será tão ilusório esse resultado quanto as formas das criaturas que encerra ficarem quedas.
Nota: se desejarem adquirir uma cópia deste zine, que fez parte de uma exposição que Bruno teve no Porto, no Projecto Apêndice, procurem obter através do blog do autor.
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