4 de dezembro de 2017
Colaboração em "Guimarães. Cidade visível".
Esse texto, "Ler com olhos de ver", repesca muitas das questões que fomos debatendo ao longo de anos neste mesmo espaço, ou na nossa actividade crítica e de docência, procurando um foco e concentração neste contexto mais específico. A revista é gratuita, mas a sua distribuição está limitada ao próprio município daquela cidade. Este número tem ainda o texto de comissariado e apresentação elaborado por Jorge Silva em torno do veterano da ilustração homenageado nesta primeira edição da BIG, Luís Filipe de Abreu, com algumas reproduções do seu magnífico trabalho.
[O editor, Paulo Pinto, disponibilizou o link para acesso digital à revista, aqui. Agradecido.]
Aproveitamos a oportunidade para recordar que no próximo Sábado, dia 9, pelas 15h, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, terá lugar a terceira e final palestra do ciclo, com o professor e artista Paul Hardman, em que discutiremos os contextos da criação e a flexibilidade de responder aos desafios múltiplos da ilustração.
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Etiquetas: Colaborações, Ilustração
22 de novembro de 2017
Fernando Relvas: 1956-2017.
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Etiquetas: Portugal
15 de novembro de 2017
Peek a Boo: A Masmorra dos Coalas. Psonha (Plot)
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13 de novembro de 2017
No caderno da Tangerina. Rita Alfaiate (Escorpião Azul)
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Etiquetas: Portugal
30 de outubro de 2017
Berlim. Cidade sem sombras. Tiago Baptista (Chili Com Carne)
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Etiquetas: Autobiografia, Portugal
25 de outubro de 2017
Des.Gráfica: participação.
Tivemos a honra de termos sido convidados no ano passado pelos organizadores a participar no concurso enquanto membros do júri, e este ano acrescenta-se o imenso prazer de estarmos presentes no próprio evento como uma espécie de keynote speaker. Assim, lá estaremos para falar com um público interessado em como estender os quadrinhos a um campo cada vez mais expandido em todas as suas dimensões...
Por ocasião desse encontro, o site Balbúrdia fez-nos uma entrevista que tenta tocar toda uma série de vertentes do nosso trabalho e outros acidentes. Partilhamo-la num link directo, aqui.
Esperamos encontrar lá muitos amigos e leitores transatlânticos do Lerbd!
Agradecimentos a Rafael Coutinho, esse porra louca, e Renata Letícia e Isa Castro, pelo convite em participar no Des.Gráfica ao vivo, e Lielson Zeni, Maria Clara Carneiro, Pedro Franz, pela atenção dada.
Mais informação aqui e na página de Facebook.
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Etiquetas: Academia, Brasil, Colaborações
AmadoraBD 2017: participação
O propósito principal é o da celebração dos espaços de leitura. Eis o texto que estará na apresentação dos núcleos, assinado por ambos:
« A diversidade da banda desenhada para todos os públicos e os álbuns ilustrados para a infância tem crescido exponencialmente em todos os sentidos. Há cada vez mais livros para mais tipos de leitores.
Distinguindo-se de tendências anteriores, há mais banda desenhada para um público feminino (o que não significa que os rapazes ou os homens não possam ler esses livros fantásticos!), tal como para um público mais maduro (tantos “romances gráficos”!), interessado em questões como as relações humanas realistas, política internacional, personalidades históricas nacionais ou até como fazer vinho. E há mais livros, despretensiosos, capazes de ensinar às crianças as raízes das descriminações raciais, de género, de idade, ou outras, que explicam como se constrói a democracia ou a memória, como brincar e cuidar dos nossos avós, e até como disparatar da forma mais criativa possível.
Os géneros clássicos continuam de boa saúde também, e com novos heróis e heroínas.
Esta exposição não pode mostrar tudo o que foi publicado nos últimos doze meses, mas enfrenta essa mesma variedade. Cada sala mistura livros para miúdos e para graúdos, livros sérios e livros tontos, tomos grandes e livrinhos esguios, uma vez que acreditamos que os leitores (e os livros) se devem misturar. Os pais devem ler com as filhas, mas os filhos também devem ler para os pais. E sozinhos. Ou com os colegas da escola, da natação, ou de jogar à bola lá na rua. E os pais podem falar deles lá no emprego.
Cada sítio cria a sua própria comunidade de leitores. Um bando de leitores no banco de jardim. Um cardume de outras leitoras no metro. Uma turma na escola. Outra no recreio. São tantos os sítios onde se pode ler! Pode ser qualquer lugar. Aqui estão apenas cinco.
Qual é o teu favorito? O nosso é... todos!»
Para além disso, estará patente na Bedeteca da Amadora uma exposição dedicada ao projecto The Lisbon Studio Series, a série de volumes antológicos desse colectivo, na qual temos participado enquanto argumentista da artista Marta Teives. O segundo volume, na verdade, será lançado no AmadoraBD. Os autores estarão presentes todos os fins-de-semana no Festival para autografarem as obras, inclusive nós mesmos (no último fim-de-semana somente).
Mais informação, aqui.
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Etiquetas: Colaborações, Exposições, Portugal
18 de outubro de 2017
A teia da Ilustração 1: Leonor Riscado
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Etiquetas: Academia, Colaborações, Portugal
5 de outubro de 2017
Hanuram, A fúria. Ricardo Venâncio (G. Floy/ComicHeart)
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Etiquetas: Portugal
22 de setembro de 2017
The Lisbon Studio = Filhos do Manguito
Ficam todos os leitores convidados a estarem presentes na vernissage da exposição Filhos do Manguito, uma acção do The Lisbon Studio, na próxima Sexta-Feira, dia 29 de Setembro, pelas 19h00, no Museu Bordalo Pinheiro, ao Campo Grande, Lisboa.
Trata-se de uma mostra em que os artistas residentes desse estúdio prestam homenagem ao Pai-de-Todos Bordallo, com versões contemporâneas do Zé Povinho, novos trabalhos de cartoons políticos acesos à hora, e respostas gráficas aos tantos gestos desse grande autor, sobretudo aquele gesto mais resistente que se cumpre com os braços cruzados.
Será lançado igualmente o livro-companheiro deste projecto, com a presença dos artistas.
Vinde, compradres!
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Etiquetas: Colaborações, Exposições, Portugal
21 de setembro de 2017
Desenhar em cima da conserva. AAVV (Arranha-Céus)
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Etiquetas: Antologias, Ilustração, Portugal
20 de setembro de 2017
Mutations. João Fazenda (auto-edição)
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Etiquetas: Portugal
19 de setembro de 2017
Onírico. Fabio Q (auto-edição)
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Etiquetas: Brasil
Colaboração com Mattia Denisse. Marginália da Mesa J de "Duplo Vê".
Poderão consultar directamente aqui.
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Etiquetas: Colaborações, Territórios contíguos
8 de setembro de 2017
Colaboração no du9: Le collectionneur de Briques. Pedro Burgos
Existindo uma oferta cada vez mais intensa de banda desenhada contemporânea de autores portugueses que se expressam em abordagens mais genéricas, convencionais e de grande público, o que é um passo importantíssimo em termos de circulação e diálogo, é importante não perder de vista, todavia, a possibilidade de dar continuidade a vozes cuja maturidade se vira para dimensões políticas e sociais que raramente são exploradas nesta linguagem. Afinal de contas, podemos ler O coleccionador de tijolos também como um retrato da sociedade portuguesa durante os anos da crise financeira, cujas repercussões se fizeram sentir em aspectos bem mais profundos do que se poderia imaginar à partida. O livro é, assim, apesar da sua superfície narrativa, uma espécie de mapa concentrado dos traumas das transformações operadas na cidade. E, dessa forma, Burgos entra em diálogo com uma tendência nestes discursos, assegurados por autores como Marco Mendes, Nuno Sousa, Pepedelrey, Joana Figueiredo e uns poucos outros.
O texto da crítica, em francês, encontra-se aqui, existindo uma versão inglesa, disponível no Yellow Fast & Crumble.
Nota final: agradecimentos ao autor, pela oferta do livro, e a Benoît Crucifix, pela tradução francesa.
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Etiquetas: Colaborações, Portugal
23 de agosto de 2017
Bruxas/Wytches. Scott Snyder e Jock (G. Floy)
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Etiquetas: EUA, Mainstream
21 de agosto de 2017
Platinum End; vols 01 e 02. Tsugumi Ohba e Takeshi Obata (Devir)
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Etiquetas: Japão, Mainstream
18 de agosto de 2017
Monstress. Marjorie Liu e Sana Takeda (Saída de Emergência)
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Etiquetas: EUA, Mainstream
17 de agosto de 2017
A casa. Paco Roca (Levoir)
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Etiquetas: Autobiografia, Espanha
14 de agosto de 2017
Miracleman. A Idade de Ouro. Neil Gaiman e Mark Buckingham (G. Floy)
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Etiquetas: Mainstream, Reino Unido, Super-heróis
2 de agosto de 2017
Punk Comix/Corta-e-Cola. Marcos Farrajota/Afonso Cortez (Chili Com Carne/Thisco)
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27 de julho de 2017
O Homem que passeia. Jiro Taniguchi (Devir)
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Etiquetas: Japão
24 de julho de 2017
Adeus & Hello.
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Veículo. D. W. Ribatski (Roax Press)
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Etiquetas: Brasil
11 de julho de 2017
Paiment accepté. Ugo Bienvenu (Denoël Graphic)
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Etiquetas: França-Bélgica
10 de julho de 2017
Clube Mediterrâneo. J. P. Mésseder, A. Biscaia., J. Monteiro (Editora dos Tipos/Xerefé)
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7 de julho de 2017
Coisas de adornar paredes. José Aguiar (Polvo)
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Etiquetas: Brasil
3 de julho de 2017
4 títulos Sociorama. AAVV (Casterman)
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Etiquetas: Adaptação, França-Bélgica
1 de julho de 2017
Curso de banda desenhada na Nextart.
Caso estejam interessados, as portas estão abertas. Ou passem palavra.
Mais informações directas aqui.
Nota: imagem de Hugo Maciel (estudos para projecto em curso).
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Etiquetas: Colaborações, Ensino
Vies de Marko Turunen. Marko Turunen, com Tea Tauriainen (Frémok)
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Etiquetas: Autobiografia, Experimental, Finlândia
28 de junho de 2017
Colaborações: histórias curtas em antologias
Serve este post para indicar algo que já circula há algum tempo no mercado nacional, e que foi anunciado quando da sua publicação, por outras plataformas. Tratam-de duas antologias na qual colaboramos como argumentistas, não fazendo sentido, portanto, fazermos um alargado juízo de valor sobre os mesmos projectos. Tratando-se de dois projectos bem distintos em termos de humor, propósito e natureza, isso revela-se na própria qualidade das histórias propostas por nós.
Crónicas da Comic Con trata-se de uma antologia coordenada por Bruno Caetano para a Zero a Oito, e cujo fito era um diálogo entre alguns criadores de banda desenhada com o famoso certame que tem tido lugar em Leça da Palmeira, para celebrar todo um sector da cultura popular. Nesse volume, participamos com duas histórias, "Dia da Caça", uma peça cómica com Marta Teives em torno de algumas das possíveis ideias do multiverso e variações de personagens famosos, e "Um para todos, tudo para um", com Nuno Rodrigues, um everything-bender dessas mesmas culturas mas procurando celebrar esses divertimentos de uma forma simples. Estamos numa companhia variada e não obstante a leveza do projecto, há competências asseguradas nas peças dos vários autores.
Dando início ao que se espera adivinhar como uma série de volumes de histórias curtas dos autores do The Lisbon Studio, e de certa forma dando continuidade a uma relação pessoal com esse colectivo mas mais particularmente com a artista Marta Teives, participámos com uma curta intitulada "O rasto do fantasma", que surge como uma mescla entre história de um quotidiano realista e alguns contornos onírico-poéticos. TLS Series: Cidades apresentar-se-á como uma colectânea de peças subsumida a um tema, e procurámos sublinhar essa palavra através da flânerie, as palavras e o amor. A companhia é significativa, se bem que muito diversa igualmente.
Ficam os agradecimentos aos artistas que aceitaram o desafio ou que estenderam esse desafio, assim como aos editores respectivos.
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24 de junho de 2017
Aventuras na Ilha do Tesouro. Pedro Cobiaco (Kingpin)
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Etiquetas: Brasil
20 de junho de 2017
O convidador de pirilampos. Ondjaki e António Jorge Gonçalves (Caminho)
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Etiquetas: Ilustração, Infantil, Portugal
18 de junho de 2017
Nimona. Noelle Stevenson (Saída de Emergência)
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Etiquetas: EUA
12 de junho de 2017
Nagual. Diniz Conefrey (Quarto de Jade)
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Etiquetas: Portugal
10 de junho de 2017
The Comics Alternative: Entrevista a Christopher Pizzino.
Mas por agora, fiquemos por um volume no qual não apenas operámos, ou assim o esperamos, uma leitura atenta, como tivemos o privilégio de conversas alargadamente com o seu autor, sublinhando alguns dos aspectos mais importantes do seu livro. Como dizemos na resenha crítica inicial no The Comics Alternative, não temos dúvida de que o argumento central de Pizzino neste livro tornar-se-á um pilar dos estudos futuros. basicamente tem a ver com o alerta e um despertar aos discursos que se tecem em torno da banda desenhada, mormente norte-americana, que constrói uma ideia de "maturidade" conquistada ao longo dos últimos anos. Nessa história simplificada ("antes as bds eram simples e infantilóides, hoje são para adultos", numa caricatura bruta), acabam por se criar outros perigos de recepção social, desde a ideia, absolutamente errónea, de distinguir "os romances gráficos" do "resto" da banda desenhada, e, claro, a criação de hierarquias de juízos de valor entre material que parecerá "digno" de atenção crítica e académica e disciplinar, e todo um fundo "negligenciável". É um peso valorativo que incorre com menos precisão noutras áreas criativas e inflecte um estatuto diminuído a esta arte em particular.
Poderão aceder ao artigo introdutório e à entrevista aqui.
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Etiquetas: Academia, Colaborações, EUA
9 de junho de 2017
O rei macaco. Silverio Pisu e Milo Manara (Arte de Autor)
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8 de junho de 2017
Klaus. Felipe Nunes (Polvo)
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Etiquetas: Brasil
6 de junho de 2017
Colaboração no The Comics Alternative: Fun, de Paolo Bacilieri
O lerbd, estamos em crer, é um espaço suficientemente amplo e presente para providenciar um contexto de leitura, ainda que atreito a livros relativamente recentes, mas que criam um panorama, esperamos nós, o mais alargado possível no que diz respeito à banda desenhada (e além dela) em termos de agentes de produção. E acreditando na necessária variedade das leituras que não permite comparações directas entre livros bem distintos, de instrumentos "contrários", estilos paradoxais e propósitos divergentes, ainda assim forma-se sempre uma "massa" da qual emergem, de quando em vez, intensidades de prazer distintas. Ora, o livro Fun, do autor italiano Paolo Bacilieri, traduzido recentemente para a língua inglesa, é um desses projectos que cria uma espécie de "inveja da criação". E são todos os seus elementos constitutivos que o tornam digno da atenção de um público alargado. Deixamos algumas notas aqui.
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Etiquetas: Itália
5 de junho de 2017
Cemitério dos Sonhos. Miguel Peres et al. (Bicho Carpinteiro)
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Etiquetas: Portugal
3 de junho de 2017
Lugar maldito. André Oliveira e João Sequeira (Polvo)
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Etiquetas: Portugal
30 de maio de 2017
Jardim de Inverno. Renaud Dillies e Grazia La Padula (Kingpin)
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Etiquetas: França-Bélgica, Itália, Mainstream
24 de maio de 2017
Colaboração no The Comics Alternative: entrevista a Maaheen Ahmed.
Em termos conceptuais, este livro vem trazer um contributo substancial, empregando a noção de "abertura" que havia sido delineada e teorizada por Umberto Eco, para a banda desenhada. Essa noção tem sofrido alguns abusos ao longo dos anos em certas abordagens que a empregam e aplicam, ou como o próprio Eco diria, escolhos da sobreinterpretação. Se nos for possível apresentar uma ideia simplificada, trata-se tão-somente do leque de interpretações possíveis, mas igualmente as suas limitações configuradoras, ofertados por um texto determinado graças a toda uma série de elementos presentes nesse próprio texto. Esses elementos apresentar-se-ão de uma forma "incompleta", exigindo uma participação activa da parte do leitor-espectador, o qual, completando o texto, colocá-lo-á numa forma mais finalizada no seu próprio acto individual de leitura (observação, experiência, interpretação, etc.). Não se trata, de forma alguma, de poder "interpretar o que se quer", num quase total abandono à total e infinita relatividade, que levaria a um esvaziamento da obra, na verdade, mas tampouco uma libertação da materialidade dessa mesma obra.
Isso levará então à distinção entre alguns textos mais fechados, menos flexíveis, que não oferecem espaço para uma completação da parte do leitor, e outras mais abertas. Neste ponto, caberá a quem argumentar o tentar descobrir como é que esses elementos funcionariam para que se pudesse cumprir tal distinção. Ora, é precisamente esse o papel que Ahmed cumpre no seu livro, analisando um corpus impressionante de banda desenhada, sobretudo no que diz respeito à sua diversidade de origens geográficas, anos de produção, géneros, estilos e até mesmo campos culturais. Encontraremos alguns "clássicos" europeus, como A Balada do Mar Salgado e a obra de Tardi, mas igualmente trabalhos de alguns dos autores contemporâneos finlandeses, como Marko Turunen, e títulos do mainstream de super-heróis norte-americanos. Esta diversidade é relativamente inédita em livros académicos em língua inglesa, revelando Ahmed como não apenas uma leitora transversal (muitos o são) mas uma investigadora interessada mais na operacionalidade do conceito do que na estruturação social e estratificada da banda desenhada em termos de produção (uma das suas limitações enquanto discurso cultural, inclusive académico).
O livro poderá, aqui e ali, sofrer de uma repetição de estratégias, uma vez que apesar da divisão de capítulos por género (aventura, ficção científica, noir, etc.), o argumentário regressa sempre ao mesmo ponto. Todavia, fica muito claro o que a autora pretende deixar nas mentes dos seus leitores, de forma a que estes possam, a partir daí, re-empregar esta noção. As leituras de Ahmed são, as mais das vezes, curtas, mas incisivas e iluminadoras, apenas diminuídas por pequenos deslizes factuais ou a ausência de um quadro mais sólido das referências do seu contexto específico (um preço a pagar pela economia de uma tão incrível variedade).
Poderão ler a entrevista aqui.
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Etiquetas: Academia