Este novo
livro do autor repete a concentração em um objecto pequeno que
havíamos verificado em Os Acrobatas, que entendemos na nossa
leitura como um retrato carnavalesco de uma certa sociedade política
portuguesa. Sexopatia, não deixando de poder providenciar
umas achegas à cultura local, todavia atinge um contorno mais
alargado, quem sabe próximo do universal. Num momento em que,
positivamente, se fala de forma mais franca, aberta e democrática de
saúde mental, de expressões da sexualidade, de identidade, de
liberdade no amor, de debatermos formas saudáveis de repensar as
relações entre as pessoas, inclusive sexuais, mas igualmente sob a
esteira de novas justiças e reequilíbrios sociais e políticos em
relação às mesmas realidades, não convém deitar fora o bebé com
a água do banho. A pulsão sexual é, ainda, selvagem, animal,
conspurcada, absurda, porca, estúpida, má, egoísta, bruta, franca,
e, por isso, um dos grandes bastiões da verdadeira e ulterior
liberdade humana.
22 de novembro de 2024
Sexopatia. Marcos Trindade (Chili Com Carne)
Publicada por Pedro Moura à(s) 11:24 da manhã 1 comentários
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