A série de álbuns Le Photographe, colaboração estreita entre um fotógrafo, Didier Lefèvre, e um autor de banda desenhada, Emmanuel Guibert, reconta as viagens do fotógrafo acompanhando uma missão dos Médicos Sem Fronteiras no Afeganistão, nos anos 80. Curiosa alternância: cada prancha (página) apresenta tanto vinhetas desenhadas como fotogramas, fotografias, provas de contacto, algumas mesmo riscadas, como na escolha prévia à publicação. Num diálogo singular entre fotografia e desenho, surgem toda uma série de questões, no que diz respeito à complementaridade ou oposição das duas linguagens, sobretudo no seu uso diegético, a sua percepção solitária e combinada, os seus propósitos, se uma está ou não em função da outra, que funções distintas assumem, que hierarquias se estabelecem, etc. Nalgumas pranchas parecerá mais simples o diálogo que estabelecem, noutras mais complexo, mas é preciso ver com muito mais atenção do que se fosse apenas uma em uso... Passível que é fazer uma narrativa com apenas um dos meios (fotografia ou desenho, isto é, foto-novela ou banda desenhada), que se passará ao misturá-los? Tornar-se-á a linguagem mais complexa ainda? E estaremos perante uma simples mistura? Ou algo bem mais múltiplo? Bom, a resposta será o leitor que a construirá aos poucos e com a leitura deste álbum que, para mal ou para bem, é diverso.
(aguardem mais desenvolvimentos, após encontro com Guibert, por ocasião do Salão Lisboa de 2005)
10 de abril de 2005
Le Photographe, 2 volumes até à data. Guibert, Lefèvre, Lemercier (Dupuis)
Publicada por Pedro Moura à(s) 2:10 da tarde
Etiquetas: França-Bélgica
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