O Fanzine inabrível é um projecto da montesinos (Pedro Moura, com a ajuda preciosa de Carlos Rocha). Trata-se de um fanzine, cuja primeira experiência havia sido tentada em 2004, por ocasião da feira da Família Alternativa, na galeria Zé dos Bois. Desta feita, no âmbito da Feira Internacional de Fanzines em Almada, foi lançada esta série de 11 exemplares únicos, numerados e personalizados. Lançada literalmente, à la Alberto Pimenta, tendo sido entregues à trouxe-mouxe por sobre as cabeças dos participantes, o público em geral.
Acrescentando ao que já havia escrito sobre os fanzines em geral (ver abaixo), digo agora o seguinte: qualquer publicação joga como pode com as expectativas do leitor. Através do título da publicação, do tipo, do autor, da editora, do formato, do design da capa, etc., o leitor cria de imediato, como na paixão à primeira vista, um horizonte de expectativas. Qual a diferença garantida por um fanzine? É que o fanzine, precisamente por a maior parte das vezes ser um objecto não-identificado à primeira, apresenta um horizonte sobejamente mais alargado que as publicações ditas “normais”. Mal abrimos o fanzine, ao sermos deparados com os desenhos, os temas, a montagem, os textos, etc., iremos colocá-lo numa prateleira qualquer conceptual, e em outras, sobretudo as dos gostos pessoais... Mas o fanzine permite que, nesse ínfimo e imperceptível segundo antes de o segurar e abrir, se dê essa possibilidade de energias que fluem espantosamente pelo nosso espírito, de que pode contar uma das mais significativas surpresas da nossa vida. Tal como quando se dá aquele segundo antes de escutarmos os primeiros acordes de uma música que jamais ouvíramos, ou os segundos de escuridão antes das primeiras imagens projectadas de um filme que nunca vimos...
O Fanzine inabrível joga precisamente com essa expectativa. Aparentemente, não é mais do que uma folha de cartão canelado enrolado sobre si próprio e agrafado ou colado, e depois escrevinhado por cima. Bom, esse é o seu aspecto material, de facto. Mas é mais que isso. O seu espírito é um concentrado dessas energias que inauguram as expectativas dos consumidores de fanzines. Ao tê-lo na mão, sentirão correr das mãos até ao âmago das suas almas essa esperança de verem algo que jamais esperariam ver. Uma vez que é inabrível, essa esperança jamais morre, mas é sempre energizada por dentro, eternamente...
Estes 11 exemplares são ainda acompanhados pelo projecto do CD inaudível, uma acção conjunta entre a montesinos e Filipe Leote. Os princípios são os mesmos.
Lista dos Fanzines inabríveis...
1 de 11, exemplar “Especial Natas” – cartão branco, mais certificado de primeiro exemplar; 2 de 11, exemplar “bom tempo” – com autocolante de símbolo meteorológico; 3 de 11, exemplar “Chico Fininho” – a comprido; 4 de 11, exemplar “Pop-Up! mini” – com badana removível; 5 de 11, exemplar “Pop-Up! max” – com badana removível, ao alto; 6 de 11, exemplar “Giducho” – com autocolantes 3D de um ursinho, doce e arco-íris; 7 de 11, exemplar “Quadrado”; 8 de 11, exemplar “enviesado” – quadrado, escrito de lado; 9 de 11, exemplar “às pressas” – tudo escrito à pressa; 10 de 11, exemplar “Totó” – escrito à totó; 11 de 11, exemplar “Geraldes Lino” – para entregar ao Sir Galaad dos fanzines no nosso burgo.
29 de maio de 2005
O Fanzine Inabrível (montesinos).
Publicada por Pedro Moura à(s) 4:44 da tarde
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1 comentário:
Estou curioso para ver tal obra. Ainda há algum?
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