17 de junho de 2005

Kinderbook. Kan Takahama (Kodansha/Casterman)


Esta relativamente jovem autora japonesa não é muito famosa no seu país, e talvez o seja mais em França (e leitores de edições francesas), graças à sua colaboração com Frédéric Boilet em Mariko Parade (Casterman).
Esta é a edição francesa de uma colecção de histórias curtas que publicara em várias revistas, incluindo a Garo. A edição original, japonesa, pouco diferente (a última história na japonesa foi substituída por três novas na francesa) chamava-se Yellowbacks, apontando para aqueles romances baratuchos que se compram por tuta e meia. Isso é confirmado pelo teor das curtíssimas "histórias" em prosa incluidas no livro, das pessoas "pouco vulgares" e pelas personagens das bds. De facto, estamos perante um catálogo de pessoas vulgares, fazendo a sua vida vulgar e sendo confrontadas com situações vulgares, mas é o tratamento de Takahama dessas mesmas vidas que nos fazem descobrir que nada nunca é vulgar na vida de todos os dias. Por várias razões, as leves influências de um certo “gosto” europeu são mais que óbvias, mas ainda assim permite-se um olhar sobre pequenos gestos que não nos pertencem, ao princípio, mas dos quais nos apropriaremos, depois da sua leitura.
O estilo gráfico da autora dá uso a imagens dos corpos como uma espécie de fotografia contornada nos seus traços mais simples, com gradações de cinzentos e sombras. Quanto aos diálogos, estes surgem numa catadupa que não parecem seguir-se uns aos outros - aumentando à confusão de ler no sentido japonês -, mas antes retratando de próximo a forma fragmentária como falamos uns com os outros. Ora, tudo isso faz com que as situações que retrata não tenham nada de espectacular (ainda que o glamour esteja presente em certas referências) e, por isso mesmo, possam ser apelidadas de "realistas" sem com isso caír na esparrela mais corriqueira dos géneros. Posted by Hello

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