Serve o present post para informar que, por ocasião
da exposição “Os Arquitectos são poetas também”, dedicadas à obra e vida de
Cottineli Telmo, patente no Padrão dos Descobrimentos, projectado por ele-mesmo
e o escultor Leopoldo de Almeida, participámos no programa radiofónico da TSF,
“Encontros com o património”.
Conduzida por Manuel Vilas-Boas, o programa espelhou a
carreira multifacetada do autor português, focando-se o cinema com a presença
de João Mário Grilo, a dimensão da banda desenhada e ilustração com este vosso
criado, e, claro está, a espinha
dorsal do programa, a sua vida como arquitecto com duas historiadoras de arte,
Joana Brites e Ana Mehnert Pascoal. (Mais)
Dada a centralidade da sua obra arquitectónica, que não
apenas constituiu o cerne da sua vida profissional e acesso a muitas das vias
do seu trabalho, para além das ligações familiares que estabeleceu com tantas
outras disciplinas (sobretudo o cinema), a banda desenhada, e a nossa intervenção,
centra-se apenas em dimensões amplamente estudadas e apresentadas pelos
historiadores desta arte no nosso país, como António Dias de Deus, João Pedro
Ferro, Carlos Bandeiras Pinheiro e João Paiva Boléo, tendo estes dois últimos
editado o volume O pirilau que vendia balões e outras histórias de
Cottinelli Telmo, em 1999, através da Bedeteca de Lisboa e a Baleiazul,
ainda hoje o volume de referência que agrega a obra banda desenhística, mas
além dela, do autor.
A exposição, sendo apresentada num espaço tão exíguo,
procura articular todas as dimensões multidisciplinares de uma forma integrada,
mas não deixa de ser surpreendente encontrar ali a presença de muito (todo?) o
material de Cottinelli Telmo nestas áreas, desde capas de livros ao incontornável
e fundamental ABC-Zinho, mas incluindo-se mesmo desenhos que, sendo
“soltos”, fizeram um imaginário muito próprio do autor. Deixamos algumas fotos
[sem qualidade].
Estes historiadores, e outros, já apresentaram de forma
consabida os dados biográficos, bibliográficos e estéticos que há a apontar, e
dos quais bebemos. Resta-nos apenas acrescentar que, sendo Cottinelli Telmo um
autor importantíssimo, de charneira mesmo, importa também compreender a sua
plena integração num tempo particular, em que o acesso geral à cultura, às
disciplinas expressivas, à possibilidade de criar, não era de forma algum nem
um dado adquirido nem uma possibilidade simples, mas antes um caminho estreito.
Isto significa que a sua integração num panorama mais alargado, europeu, é
significativo, sendo possível associá-lo a tendências estilísticas que já
vinham sendo cultivadas noutros países no mundo da ilustração de imprensa,
caricatural e ensaística até, e que passaria em parte pela banda desenhada.
Ainda assim, com Stuart e, depois Botelho, Nunes, e outros artistas, trata-se
de uma geração que se encontra antes daquela linguagem “clássica” e “apurada”
que se tornaria a norma com advento dos, posteriores, Saint-Ogan e Hergé.

O programa é
transmitido hoje às 12h10, com repetição à 1 da manhã. Para aceder ao
programa em podcast, visitar aqui.
Estamos gratos à equipa do programa pelo convite.
Sem comentários:
Enviar um comentário