Serve o
present post para indicar que já está disponível o volume
Desenhos efémeros, de António Jorge Gonçalves. Trata-se de
um tomo considerável, com mais de 300 páginas, que reúne material
fotográfico e documental das experiências em levar o acto de
desenhar para os palcos preconizado pelo artista. Seja sob a forma de
uma banda desenhada “explodida”, com a cenografia, figurinos,
cenários, etc. de O que diz Molero, em 1994, sejam os
primeiros “diálogos” de improviso com músicos a solo ou aos
variadíssimos projectos de espectáculos de desenho ao vivo que tem
vindo a desenvolver nos últimos anos, nos mais variados contextos, e
em âmbitos distintos em termos de público, género, grau de
interacção com os espaços, e as relações interartes implicadas,
temos aqui um passeio cronológico dessa dimensão do seu trabalho.
O volume é
sobretudo imagético, e é fruto de um aturado trabalho de arquivo,
pesquisa e, necessariamente, uma espécie de longo gesto de agregação
das colaborações de Gonçalves, vistas não apenas como momentos de
aprendizagem, encontro, experimentação, interrogação,
desenvolvimento do próprio artista e da sua lavra, como dos
estímulos mútuos que permitiu tanto aos seus interlocutores
criativos como aos públicos. Como modo de reforçar os conceitos que
subjazem estes actos e ajudando à consolidação da história, o
autor convidou várias pessoas para escreverem sobre esta dimensão,
sobretudo junto a colaboradores de longa data. É assim que se arrola
a presença de Rui Eduardo Paes, Carlos Pimenta e, claro, Nuno Artur
Silva, com quem Gonçalves criou a série Filipe Seems,
trazendo uma nova exigência à banda desenhada contemporânea
portuguesa. Além dos ensaios desses três colaboradores, conta-se
ainda com uma entrevista com Anabela Mota Ribeiro, deslidando o
percurso e os desdobramentos sucessivos da linha, associando esses
espectáculos à banda desenhada e ilustração, aos famosos desenhos
no metro, a outras vertentes. Conta-se ainda com um breve texto deste
vosso criado, numa tentativa breve de pensar as implicações
específicas do desenho em performance, intitulado “Da efemeridade
da retina”.