25 de dezembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 28: EM BUSCA DO SENTIDO


No vigésimo-oitavo programa com Gabriel Martins, André Oliveira e quem agora escreve pouco aqui, leu-se Eight Lane Runners, de Henry McCausland (Fantagraphics: 2020), "EM BUSCA DO SENTIDO", auscultando as categorias literárias do nonsense, absurdo e surrealismo (que não são, de forma alguma, sinónimos) para compreender formas mais ambivalente e livres de construir significados. Querelas de bolso e desejos natalícios algo patéticos seguiram-se. Apresenta-se igualmente um terror de pêlo.

20 de dezembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 27: MITOLOGIAS


No vigésimo-sétimo programa de André Oliveira, Gabriel Martins e Pedro Moura, lemos Battling Boy, de Paul Pope (First Second, 2013) para falar de um entendimento da palavra "MITOLOGIAS", enquanto sistemas complexos e integrados de narrativas, em relação à banda desenhada. Várias interrupções felinas domésticas e diminuta paciência, mas chegamos ao porto. 

18 de dezembro de 2020

"Espectros do vivente" na REII

Tenho o prazer de anunciar a publicação de um pequeno artigo, menos académico do que deveria ser, intitulado "Espectros do Vivente na Banda Desenhada", na Revista de Estudos de Identidade e Intermedialidade, Vol. 2, no. 2 (2020), cujos frutos advêm de uma apresentação no colóquio Figura do Pós-Humano: Limiares do Corpo e da Máquina, que foi organizado pelo CEHUM, e teve lugar em Junho de 2019.

Poderão aceder ao pdf directamente aqui.

9 de dezembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 26: ADEQUAÇÃO DA FORMA


No vigésimo-sexto programa de André Oliveira, Gabriel Martins e este criado, partimos de Jolies Tenèbres/Beautiful Darkness, de Vehlmann e Kerascoët para discutir a questão da "adequação" entre a forma e o conteúdo. Citaram-se dois conjuntos - Tatanka dos espanhóis Cava e Raúl, e Woyzek de um trio de autores francófonos (cujas imagens surge no final do video), e o autor Roy Sikoryak. Houve mais ou menos controlo. Faz-se o que se pode.

25 de novembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 24: DESENHAR, DEPOIS ESCREVER


No vigésimo-quinto programa de André Oliveira, Gabriel Martins e este vosso, lemos Beneficio, da dupla polaca Krzystof Gawronkiewicz e Michael Kalicki (Timof/Europe Comics 2018). É provável que o ponto de partida - a ideia de um livro construído a partir de imagens pré-existentes à qual depois se acresce matéria verbal e, com ela, a ideia de uma "história", "intriga" ou "narrativa" - possa ter desequilibrado a leitura, mas foi o norte da conversa. Mas depois lá perdemos o fio à meada, como de costume. Agradecimentos ao Jakub Yankowsky pelo apoio em informações. Fãs do Jean Graton, é melhor dispensarem este episódio.

18 de novembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 24: DESARRUMAR O TEMPO


No vigésimo-quarto programa com Gabriel Martins, André Oliveira e este vosso amigo, quisemos falar sobre modos de altear a ordem cronológica de uma narrativa, pelo que eligimos o tema "DESARRUMAR O TEMPO", mas sem livro central. André Oliveira falou das suas estratégias de escrita em vários livros, e depois surgiram outros exemplos, leituras específicas, dúvidas e contradições, como manda a boa lei das discussões. E houve acidentes domésticos, disfarçados o melhor possível.

10 de novembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 23: O OUTRO LADO


Vigésimo-terceiro programa com Gabriel Martins​, André Oliveira​ e este vosso. O livro lido em comum foi "The Other Side" (de Jason Aaron e Cameron Stewart, publicado pela Vertigo). A noção que presidiu à conversa foi "PERSPECTIVA/O OUTRO LADO", como contar uma história de dois pontos de vista, e depois para a baralhação habitual. Habituem-se. 

8 de novembro de 2020

Adeus, Eduardo.



Tive o enorme privilégio de me sentar nesta cadeira que agora estará duplamente vazia. Tive o prazer de conhecer o Eduardo Salavisa. Não fomos amigos íntimos, mas sim amigos por interesses comuns, na arte e na vida e no desenho. Conhecemo-nos graças ao seu trabalho, enquanto editor sobretudo, escavador do quotidiano através de desenhos breves como apontamentos, um "pintor da vida moderna" na mais próxima acepção de Baudelaire e, com efeito, com muitos dos mesmos gestos que Constantin Guys. Fizemos uma banda desenhada juntos para a revista Cais. Segui os seus livros, colecções, participámos em palestras, fui convidado por ele, convidei-o a ele a encontros destes temas. Aprendi com ele. 

Estes últimos meses foram de espera, inevitável, mas com uma franqueza, frontalidade e abertura desarmantes. Outra lição. 

Obrigado, Eduardo. Os que ficamos sentirão a tua falta. 

28 de outubro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 22: A BD E O SOUTHERN FOLK BLUES


Vigésimo-segundo programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O livro lido em comum foi "Lomax. Collectors of Folk Songs" (originalmente da Dargaud, lemos a edição americana da Europe Comics). A ideia foi pensar um pouco sobre a música na banda desenhada, mas focados neste livro em particular e outras questões que ele desencadeia. Houve concentração e alguma análise, mas depois, o costume...

20 de outubro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 21: O FUTURO POR VIR


Vigésimo-primeiro episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O tema que queríamos discutir era "O FUTURO POR VIR", e tínhamos um foco. Escolhemos "Ghost in the Shell", um clássico, quer da mangá, pelas mãos do seu criador Masamune Shirow, e depois refundado por Mamoru Oshii em animé. Mas falámos de uma catrafada de coisas e nem sempre organizados nas ideias. Por fim, enganei-me e falei de "Lomax" quando deveria ter dito "Frantz Duchazeau"! A desculpa é que... não, não há.

3 de outubro de 2020

A menina dos olhos ocupados. André Carrilho (Bertrand)

Será inevitável que todos os autores de banda desenhada, ilustração, literatura, música, teatro, ou empadas de galinha, no momento em que se tornam pais e começam a enfrentar a necessidade de participarem na educação de uma criança quer para a cidadania quer para a liberdade da imaginação, sentem a responsabilidade de criarem algo nesse sentido? Haveria muitos exemplos a apontar, uns movidos por uma certa capacidade em encontrarem caminhos comuns entre um território e as suas disciplinas de trabalho, outros talvez até por um certo egoísmo e egotismo, julgando-se capazes de fazer algo melhor do que aqueles que se dedicam a essa mesma tarefa. E haverá projectos que, nutridos por um movimento ou outro, trazem um contributo indelével a esse campo, mas muitos mais em que há um claríssimo falhanço, alimentado por uma pífia compreensão do que é preciso fazer, ou pior, empurrado pela tal arrogância cega aos demais exemplos. (Mais)

1 de outubro de 2020

Adeus, Quino.


Sei que é um cliché, mas é um daqueles "valores" - que tantos gostam de denegrir em posições cínicas e arrogantemente fingidas de uma certa superioridade cultural - que importa sempre defender - mais ainda AGORA! Lia Quino em miúdo, provavelmente percebia pouco, mas foi ensinando muito. É possível que seja mentira, mas porque não imaginar(-me) que a minha obsessão por etimologia tenha começado aqui?

Adeus, Quino. Em cada esquina te encontro.

29 de setembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 19: BD PARA A INFÂNCIA







Episódio dezanove do programa com Gabriel Martins​, André Oliveira​ e este que parla. O tema deste programa, sem textos propriamente de partida, foi "BD PARA A INFÂNCIA", uma fatia de produção que, apesar da mantida expressão e percepção social, tem sido preterida nos últimos anos... Não foi assim tão concisa a conversa, mas esperamos ter dito alguma coisa... O próximo episódio focará o primeiro volume da série Stray Bullets, de David Lapham. 

[procurem a etiqueta "infantil" para encontrarem neste blog recensões a alguns dos livros que cito no programa"]

23 de setembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 18: GUERRA




Episódio dezoito do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e o autor deste blog. O tema deste programa foi "GUERRA", o livro comum, "O POEMA MORRE", [remeto ao texto que havia escrito quando foi publicado] de David Soares e Sónia Oliveira (Kingpin Books). Houve mais concentração sobre este título e os seus mecanismos temáticos do que um passeio pelo(s) género(s), mas lá chegámos. Um problema de gravação tornou tudo mais lento e por isso as vozes parecem mais graves.

16 de setembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 17: RIR PARA NÃO CHORAR







Episódio dezassete do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e este vosso criado. O tema deste programa foi "RIR PARA NÃO CHORAR" e o objecto que nos concentrou a a tenção foi a série "MEGG AND MOOG" de Simon Hanselmann, a qual ultrapassa títulos individuais, mas leu-se em comum dois dos volumes da Fantagraphics e o volume publicado em português pela Chili Com Carne.
Estávamos cansados, e com energia baixa, mas genuinamente interessados na discussão e até nos rimos ao relembrar algumas das horríveis anedotas dos livros... A ideia é compreender o mecanismo do humor negro para melhor revelar questões muito, muito incómodas e que desejamos manter à distância...

8 de setembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 16: TENET







Décimo-sexto episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. A estrutura da discussão foi bem distinta, pois em vez de um livro de banda desenhada, discutimos o filme "TENET" de Christopher Nolan (2020), passando por vários elementos. Porém, houve uma tentativa de nos centrar em questões do storytelling, da estruturação narrativa, dos truques de aparência complexa, do desenvolvimento de personagens e criação de um fundo empático, enfim, da velha questão do equilíbrio entre histórias "plot-oriented" e "character-oriented", etc. Esticámo-nos um pouco, pois era sem rede.

2 de setembro de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 15: ADAPTAÇÃO







Décimo-quinto episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e este vosso criado.

O tema deste programa é "ADAPTAÇÃO", e falámos de "No Longer Human", de Junji Ito (Viz Media 2019), o qual adapta a novela de 1948 de Osamu Dazai (publicada em Portugal como "Não-Humano", pela Cavalo de Ferro 2014). Conversa com mais um uísque, mas correu ordeiramente, para variar.

25 de agosto de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 14: RETRATO DA SOCIEDADE







Décimo-quarto episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O tema deste programa é "RETRATO DA SOCIEDADE", um tema algo geral, tendo-nos virado para um clássico moderno, "Ghost World", de Daniel Clowes (Fantagraphics, 1997; trad. port. "Mundo Fantasma", Devir 2005). A ideia era discutir a forma como os livros estão ancorados no seu tempo, podendo ser vistos como retratos mas igualmente como "datados". Mas depois destrambelhou. Que querem? Mais férias precisas...

24 de julho de 2020

Desvio. Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho (Planeta Tangerina)


Este título poderá vir a tornar-se num importante contributo para a literatura gráfica portuguesa, menos pelas suas conquistas estéticas ou reinvenção da arte, relativamente calma, mas por o que ele poderá representar em termos de espelho das emoções mais vigentes nas gerações jovens dos nossos tempos. Desenganem-se aqueles que procurem aqui uma “plot-oriented story” à la Harry Potter ou outra bodega YA que ande por aí à espera de adaptação cinematográfica. Desvio não é bombástico. Sussurra com compreensão. (Mais) 

21 de julho de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 13: DIÁRIO DE BORDO







Décimo-terceiro episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O tema deste programa é "DIÁRIO DE BORDO" e, partindo de "Propaganda", de Joana Estrela (Plana, 2014), discute questões que têm a ver com os géneros-irmãos do diário de viagem, reportagem, autobiografia e outras paragens e movimentos. Mantivemos o rumo, fomos mais concentrados e até conseguimos partilhar leituras presentes.

20 de julho de 2020

A época das rosas. Chloé Wary (Planeta Tangerina)


São estes gestos editoriais que garantem ainda alguma felicidade de uma verdadeira contribuição para a diversidade de vozes e acessos à banda desenhada em Portugal. Já o repetimos em várias ocasiões, e aqui mesmo neste espaço, que atravessamos um momento relativamente estável e interessante de editoras especializadas que vão alargando o leque de vozes. Mas a meu ver, seria ainda mais feliz se editoras generalistas abrissem um pequeno espaço à banda desenhada que fosse ao encontro dos assuntos, abordagens e tratamentos estilísticos que lhes interessam nos seus catálogos – por hipótese, o romance contemporâneo, a ficção historiográfica, a reportagem política, a poesia, a literatura para jovens ou para a infância, o diário de viagem, etc. Não tem de ser necessariamente uma colecção especial (se bem que a coerência ajudaria à consolidação de um corpus, o que a Bertrand/Contraponto não conseguiu fazer, apenas a título de exemplo), tem de ser coerente com um programa. Independentemente das questões económicas, cruciais e basilares, há também o esforço e o conhecimento e a sensibilidade. Ora, a Planeta Tangerina, enquanto plataforma quase de auto-edição, ou cooperativa, já havia com Finalmente, o Verão, das primas Tamaki (recentemente re-publicado) feito uma aposta num projecto de banda desenhada internacional que fazia falta na oferta em língua portuguesa. Agora, com dois livros, um de autores portugueses e esta tradução de uma autora francesa, arranja novamente um espaço fulcral. (Mais) 

17 de julho de 2020

Planície Pintada & Floema Dorsal. Diniz Conefrey e Maria João Worm (Quarto de Jade)


Perdoar-nos-ão os autores colocar num mesmo texto a apreciação dupla dos seus últimos títulos, apesar de tamanha disparidade. Queremos acreditar, ainda assim, que tal como as respirações criativas, partindo do mesmo ponto, se podem depois consubstanciar em ventos tão diferentes, que novamente esses movimentos se possam vir a unir numa força comum, a da leitura conjunta. (Mais) 

14 de julho de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 12: FORMATOS DO PRAZER







Décimo-segundo episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O tema deste programa é "FORMATOS DO PRAZER" e tem a ver com as diferentes formas de envolvimento cognitivo, emocional e até físico com os formatos diferentes em que a banda desenhada é publicada. Falou-se de serialização, de tempos e gerações, e um pouco do digital. Não houve texto em comum, e navegámos mais por memórias e hábitos de leitura.

8 de julho de 2020

A Assembleia das Mulheres. Aristófanes e Zé Nuno Fraga (A Seita)

O parágrafo que utilizámos para falar de O Penteador, de Paulo J. Mendes, poderia ser empregue com toda a precisão em relação a esta adaptação da comédia de Aristófanes. O artista em questão parece ter tido já experiências anteriores no campo da banda desenhada, mas surge, tal qual como Palas Atena, totalmente formada e armada da cabeça de Zeus. Isto é, com um livro totalmente criado por si, se exceptuarmos, claro está, a estrutura dramática, didascálias e falas do comediógrafo do século V. a.E.C. Além disso, a surpresa de ser uma adaptação de uma obra que não está propriamente nos programas escolares faz adivinhar uma escolha pessoal, genuína, pouco programática em relação a estratégias “escolarizantes”. (Mais) 

7 de julho de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 11: HUMOR LIVRE







Décimo-primeiro episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O tema deste programa é "HUMOR LIVRE". A leitura comum foi "Dolphin e Dolphino", de Afonso Ferreira, uma série de tiras que estiveram na internet e existiram como um pequeno fanzine. Mas a conversa navegou por muitos territórios criativos e muitas questões pesadíssimas que, naturalmente, não respondemos de forma alguma... Mas colocámos boas perguntas? Vocês o dirão.

5 de julho de 2020

O Penteador. Paulo J. Mendes (Escorpião Azul)

 Com a relativa multiplicação de editores disponíveis para publicarem banda desenhada contemporânea em Portugal, entre plataformas generalistas, especializadas ou dedicadas à imagem e com espaço para esta disciplina, é salutar ver como se abre espaço igualmente a que surjam novos autores portugueses. E mesmo havendo ainda, ou até de forma estimulada nos últimos anos, fanzines, antologias, publicações colectivas e projectos de pequenos grupos mais ou menos informais, quando aparece um novo autor através de um “livro inteiro”, isso é ainda mais assinalável. Paulo J. Mendes tem um percurso que já teve na banda desenhada passos, um pouco como Penim Loureiro, que “regressam” aos amores da adolescência ou primeira idade adulta, conquistando o gesto de uma obra coesa e grande. (Mais)

30 de junho de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 10: FICÇÃO HISTORIOGRÁFICA







Décimo episódio do programa com Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O tema deste programa é "FICÇÃO HISTORIOGRÁFICA", e foi escolhido como livro de partida "Vil: A Tragédia de Diogo Alves", do próprio André Oliveira e Xico Santos (Kingpin: 2015). Interessou-nos interrogar a relação entre a ficção e a "verdade histórica" e a plasticidade desse encontro. O nome de David Soares esteve em destaque enquanto elemento de contraste com a obra de Oliveira, mas falámos noutros exemplos também, não apenas da banda desenhada. E introduzimos a ideia de falarmos do que estamos a ler. Provavelmente não é útil. Enfim.

11 de junho de 2020

Lerbd/Tinta nos Nervos - Conversa com os editores de "AWOBMOLG"







Conversa com Dois Vês e João Carola, os dois editores da antologia «All Watched Over By Machines Of Loving Grace» (Chili Com Carne: 2019). Com trabalhos dos editores e ainda de Amorim Abiassi Ferreira, Ana Maçã, André Pereira, Cátia Serrão, Cláudia Salgueiro, Félix Rodrigues, Vasco Ruivo, e design de André Vaillant. Uma colecção de curtas de banda desenhada "experimental" em torno de questões de como as tecnologias cada vez mais ubíquas reinventam a relacionalidade humana (#hightechlowlife). Relações familiares, amorosas, precariedade, navigabilidade do espaço, tempo e memória, a dimensão onírica e maquínica, a tensão imaginativa entre Ballard e Dick, "Ghost In The Shell" e "Black Mirror".



A Tinta nos Nervos apresentou uma exposição de curta duração ("Mata Borrão") dos trabalhos originais, esboços e estudos deste projecto, com venda dos originais, entre 10 e 17 de Junho de 2020.

26 de maio de 2020

3 Graus de Carequice - Episódio 05: TENSÃO







Quinto episódio do pseudo-podcast de Gabriel Martins, André Oliveira e Pedro Moura. O tema, desta feita, é "TENSÃO". O livro de partida é o volume, já com algum sucesso crítico, de Nick Drnaso, "Sabrina" (Drawn and Quarterly: 2018; ed. portuguesa Porto: 2019). Um termo-chave e particularmente paradoxal neste drama contemporâneo...

Havia escrito sobre este livro aqui.

8 de maio de 2020

«Para que serve?» Conversa com Madalena Matoso e José Maria Vieira Mendes (Planeta Tangerina)



Conversa com Madalena Matoso e José Maria Vieira Mendes, em torno do livro ilustrado para a infância, e todas as pessoas, "Para que serve?" (Planeta Tangerina 2020). Baseado numa conferência de Vieira Mendes no teatro Lu.ca, "Para que serve a cultura?" e fruto de uma densa colaboração com a ilustradora, arriscamo-nos a dizer que este é um livro muito filosófico e necessário para todos nós, pois coloca-nos uma questão, a qual, menos do que saber responder, temos de saber bem perguntar.
Nota final: agradecimentos à editora, pela oferta do livro.

6 de maio de 2020

«Bestiário» #s 1 & 2.


Num momento em que a os editores, livrarias e todos os agentes associados à dita “indústria” do livro já lançam mãos de quaisquer bóias de salvamento das contínuas crises – económicas, de consumo, de confiança, educação, das plataformas digitais, alterações sociais e culturais, de sector, legislação e, mais recentemente, de saúde pública – é difícil encontrar uma solução que funcione como panaceia universal. Podemos estar no mesmo oceano de papel, mas as embarcações são bem distintas entre si, e as ondas levantam-se de maneira diferente, o marulhar afecta em variação. Uma opção, porém, se avizinha àqueles que ainda crêem no poderoso objecto que o livro é: fazê-los bem, fazê-los belos, fazê-los inteligentes. Entra a Bestiário. (Mais)

21 de abril de 2020

Tinta nos Nervos/LERBD: Apresentação da revista «Dois Pontos» # 02



Notas ?  margem mais ou menos organizadas.

9 de abril de 2020

Einstein, Eddington e o Eclipse. Impressões de Viagem. Ana Simões e Ana Matilde Sousa. (Chili Com Carne)


Este volume encerra um multifacetado e ambicioso projecto. A sua mera descrição desencerrará alguns aspectos dessa natureza complexa. Podemos começar por descrevê-lo como sendo um “livro-companheiro” de uma exposição intitulada E3, desdobrando o mesmo título. Esta exposição teve lugar no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, celebrando o 100º aniversário de uma expedição astronómica científica, organizada pelos britânicos em 1919. Por ocasião de um eclipse solar total, dois navios partiram em direcção a Sobral, no Ceará, Brasil, e à Ilha do Príncipe, esta segunda sob o comando científico do astrónomo Arthur Eddington, então académico já bastante conceituado pelo seu labor intelectual e em prol da ciência contemporânea. O objectivo era claro: confirmar algumas das previsões centrais da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, propostas as quais haviam sido apresentadas meros anos antes. (Mais)

7 de abril de 2020

Pentângulo no. 3. AAVV (Chili Com Carne/Ar.Co)


Conforme os números anteriores desta antologia, devo começar por indicar que, de uma maneira ou outra, estamos envolvidos no seu processo de produção. Apesar de não participarmos activamente neste novo número, quer com um artigo ou uma banda desenhada, ou até mesmo com “exercícios” directos, o nosso envolvimento enquanto docentes no Ar.Co leva a que, num caso ou outro, haja um cruzamento prévio com peças de alguns dos alunos envolvidos. (Mais)

28 de fevereiro de 2020

Mar de Aral. José Carlos Fernandes e Roberto Gomes (Comic Heart/G. Floy)


Este livro é, de uma certa forma, a continuidade do plano interrompido das Black Box Stories de José Carlos Fernandes, um conjunto de histórias curtas, talvez em forma de argumento ou talvez de outline, que seriam desenhadas por uma série de artistas. A maior fortuna dessas relações foi aquela alimentada pelos desenhos de Luís Henriques, que dariam três livros bem distintos (Umbrografia, Metrópole, Estrelas). A série acabou por não ter continuação. José Carlos Fernandes abandonou o mundo da criação de banda desenhada, Luís Henriques também. Consta que existiram outras “stories” começadas, mas nenhuma viu o lume da impressão. Até este título. (Mais) 

25 de fevereiro de 2020

Filhos do Rato. Luís Zhang e Fábio Veras (Comic Heart/G. Floy)


À medida que o tempo avançar e a esmagadora maioria dos protagonistas da guerra colonial começarem a deixar este mundo, o processo da sua memória vai dando cada vez mais frutos, e poderá mesmo chegar ao espaço público. É algo que se tem verificado, como um padrão, noutras circunstâncias históricas. Se quase se pode falar de um “pacto de silêncio” feito por essa geração em relação àquela que imediatamente gerou, o tempo aproxima-se em que também os objectos da cultura popular – no caso, a banda desenhada -, começará a responder. Não vamos fazer aqui o enésimo exercício de listar os trabalhos desta disciplina que versaram este conflito. Nos últimos anos, OsVampiros teve algum impacto, se bem que escolheu um caminho da narrativa de género; Filhos do Rato afasta-se dessa abordagem mais espectacularizante, validando porém elementos fantásticos. (Mais) 

3 de fevereiro de 2020

Maximum Troll On. Benjamin Bergman (Mmmnnnrrrg)


A convergência da cada vez mais forte da capitalização de tudo, inclusive as culturas populares, que inclui as sub-cultura infanto-juvenil, geek, e high fantasy, e os modos como criam zonas de intersecção, levam a que seja sempre particularmente complicado conseguir escapar a certas fórmulas e tropos associados a géneros determinados. Este minúsculo livro, que junta quatro aventuras de dois aparentes cavaleiros de ar medieval, e cuja continuidade entre si é discutível mas uma clara possibilidade, cria elos mais o que óbvios com sagas como O Senhor dos anéis, e todos os textos derivados, da obra de R. E. Howard (Conan e Kull) e, mais recente, A Guerra dos Tronos

Porém, o autor está menos interessado em criar uma variação sobre esses temas, ainda assim contribuindo para esse edifício, no típico exercício de “resposta literária” que constitui os próprios campos temáticos, do que transformá-lo num quase independente exercício de retórica livre, experimental e alucinada. (Mais)

20 de janeiro de 2020

Toutinegra. André Oliveira e Bernardo Majer (Polvo)

A noção da é profundamente distinta da do conhecimento. A oposição pistis e gnosis é um pilar histórico no crescimento da filosofia da igreja cristã, e se ambos os conceitos indicam uma aceitação de ua lição como verdadeira, os modos de aceder a essa verdade são diferentes, distinguindo-se uma dimensão emotiva de uma outra racional. 


A razão pela qual arrolamos essa discussão filosófica, ainda que não a aprofundemos, é porque nos parece estar subjacente, de forma inconsciente, na matéria debatida pela intriga de Toutinegra, o mais recente livro escrito por André Oliveira, desenhado por Bernado Majer. Penso que não será ofensivo para com o artista assumir que este é um volume que à continuidade a muitas das preocupações e assinaturas temáticas de Oliveira, mas que queiramos acreditar que existirá aqui frutos de discussões entre os dois autores e contrintuso equilibrados. Um dos recorrentes temas do argumentista é a importância da dinâmica familiar, seja esta composta por que elementos forem. E é quando essa unidade social se rompe, está à beira da ruptura ou numa tensão significativa, que as suas narrativas se tecem. Oliveira encontra aqui uma maneira naturalista de escrever os diálogos, que com pouco caracterizam de forma magistral as relações entre as personagens e as suas inscrições sociais. (Mais)

17 de janeiro de 2020

Parícutin. Gonçalo Duarte (Chili Com Carne)


Pequena obra de estreia do jovem autor para além da sua produção fanzinística, Parícutin é um objecto invulgar e que dificilmente se poderá categorizar. Depois dos vários trabalhos curtos pela Lobijovem, Dor de Cotovelo e vários títulos colectivos da Chili Com Carne, Gonçalo Duarte aventura-se numa narrativa mais alargada, cuja coesão se encontrará mais numa veia poética e impressionista do que propriamente pela organização de elementos concretos e cartografáveis. (Mais)

5 de janeiro de 2020

Blake & Mortimer: Le Dernier Pharaon. François Schuiten, Thomas Gunzig, Jaco Van Dormael e Laurent Durieux (Blake et Mortimer)


Confessemos que não somos alheios a todo um complexo de nostalgia, que muitas vezes suspende a razão, a aprendizagem e o desenvolvimento dos conhecimentos, e se prende tão-somente a memórias de um tempo diverso, protegido, de regressão infantil, no qual apenas os prazeres epidérmicos e imediatos contavam. A banda desenhada, sendo uma linguagem ou forma artística cuja presença era garantida desde um primeiro momento, teve um papel absoluta e naturalmente fundamental. Ora, dessas leituras primárias, existirão muitos textos que foram sendo abandonados, esquecidos ou apagados precisamente pela maturação cultural e intelectual, mas outros deixaram os seus fantasmas. E a série Blake & Mortimer faz parte do pequeno grupo de fantasmas que sobrevivem. (Mais)