O que é preciso é começar 3.
Uma outra classe ainda de livros infantis recorrentes é o das enciclopédias “falsas”, isto é, aqueles livros que aparentemente se dedicam à explicação do mundo, de um forma que mima os modos de apresentação de dados científica, mas esboroando-se em estapafurdices divertidas (essa é a razão pela qual a paginação deste livro é ligeiramente complexa, com vários planos, camadas de focalização e intervenientes, e as figuras têm vários graus de inscrição nos territórios do naturalismo, estilizado e abonecado).
Este livro mistura toda uma série de ideias: uma paródia de “milagres” que, mais do que não serem compreendidos, não ser querem compreender; as fantasiosas ligações entre as cadeiras e as girafas como ponto de abertura a outras origens incríveis; e explicações de mistérios importantes do nosso quotidiano, como qual a razão pela qual as meias e as luvas desaparecem apenas separadamente…
A estrutura do livro parte sempre de uma dessas paródias, utilizando um acontecimento qualquer que já ouvimos nos noticiários, nos seus momentos mais “silly”. Esses são acontecimentos, que as pessoas pensam sem explicações, às quais o professor Aristítoles tem pronta resposta, ainda que não seja aquela que os livros científicos normais pretendem saber… Ainda que o mecanismo e os dados não sejam idênticos ao do Animalário Universal, os “objectos” a que se refere este catálogo de Prestifillippo são todos “bichos” como conta o índice: nómadas (como as luvas ambulantes), de estábulo (como as cadeiras-girafa), aquáticos (como as esponjas de banho, que deveriam ser espécies protegidas ecologicamente), territoriais (como as meias) e desterrados (como os espelhos, que nem sempre devolvem a imagem que estamos à espera). Há ainda uma história maior, de “um bicho à parte”, que expande o campo de possibilidades destes animalejos todos, e aprofundam a ideia de travessura que pode ser encontrada nesses mesmos animais-objectos.
Podemos imaginar que este livro pode ser acompanhado com jogos e exercícios empregando esses mesmos objectos em casa, desarrumando mais uma vez as categorias que, mesmo assim, são importantes de se ensinarem. Aliás, é desarrumando que talvez elas se aprendam melhor. E este catálogo seguramente que ajudará a essa saudável desarrumação.
Nota: agradecimentos à editora pela oferta do livro.
17 de abril de 2011
Catálogo de objectos travessos. Pablo Prestifilippo (Kalandraka)
Publicada por Pedro Moura à(s) 9:51 da tarde
Etiquetas: Ilustração, Infantil
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