1 de julho de 2024

LERBD: 20 anos.


Por incrível que pareça, já passaram 20 anos desde que abri este espaço dedicado à banda desenhada. Como já escrevia em alguns títulos, pequenas resenhas com o espaço que havia (na Mondo Bizarre, mas já antes na flirtUrbe, e outras coisas), e na Quadrado foram-me sendo abertas as portas a estender-me em objectos mais ensaísticos, o blog começou como um bom repositório desses textos, logo plataforma de novas reflexões e, ao longo dos anos, palco onde fui experimentando moldar a aprendizagem do discurso crítico, transformado à medida das minhas próprias leituras, aprendizagens e maturação. E não foi apenas a banda desenhada, pois em rigor falei de ilustração, projectos literários que mesclassem imagens, animação, cinema, objectos poético-icónicos, colecções de desenho, e outras realidades...


Houve muitas fases, distintas, diria, e momentos diversos de vontades, energias, capacidades e possibilidades. E que também se relacionavam com outras actividades que estivessem associadas: organização de exposições, de documentários, escrita de obras maiores, a criação autoral, o ensino, etc. Não se pode negar a associação de uma coisa a outra. Quando iniciei a minha escrita sobre banda desenhada, nos anos 1990, era de uma maneira muito tímida. No início dos anos 2000, foi sendo cada vez mais agressiva e fincada, abrindo portas a outras colaborações, alianças e certezas. Numa "cena" tão pequena como a nossa, não foi difícil a integração, circulação mas também tomada de posições mas que sempre foram livres e transversais (não me esquecerei quando o Geraldes Lino ficou muito surpreendido por me ver a colaborar com o Festival da Amadora, achando que eu era um "alternativo do Salão Lisboa", com o qual, na verdade, nunca colaborei).


Não esconderei que tinha a esperança, assim como presunção e água benta, de ir contribuindo para uma nova maneira de pensar e reflectir e escrever sobre a banda desenhada (na esteira de um Domingos Isabelinho e muitas referências internacionais), mas passadas duas décadas, não me parece que tenha havido uma transformação profunda da "crítica", palavra sobre a qual continuo a ser egoísta (não é o mesmo que "opinião", "resenha", "notas", "leituras", etc.). Continua a haver falta de espaço de mais profundas e balizadas considerações culturais da banda desenhada, não foi conquistado lugar suficiente em meios de comunicação mais "tradicionais" (jornais, televisão, mesmo a rádio, apesar dos esforços). O campo continua preocupado ainda mais em divulgação, senão somente repetição de notícias, mas há excepções, claro, capazes de furar a doxa e o desejo claro da entrada em pequenos enclaves de amizade e repetições, e menos em tomadas de posicionamento verdadeiramente crítico, em contextos mais alargados. 


Gostaria de pensar organizar algo mais bombástico, mas fiquemos com algo simples. Na próxima Segunda-Feira, ao fim do dia, na FBAUL, no seio dos eventos da COST, haverá uma pequena mesa-redonda comigo, os críticos Sara Figueiredo Costa e José Marmeleira (a primeira escrevendo sobretudo sobre literatura, o segundo sobre arte e música, mas ambos igualmente dedicando-se mal podem, e de forma séria, informada e alargada, sobre banda desenhada), assim como a Ana Matilde Sousa/Hetamoé e Hugo Almeida/Mao, ambos usando os chapéus, cosidos uns nos outros, de investigadores académicos, organizadores de eventos, editores e artistas de banda desenhada. O tema lançado é o da tarefa da crítica, usando para título os termos empregues pelo crítico literário J. Hillis Miller, num texto muito influente, demonstrando a abertura que essa tarefa permite na leitura de um determinado texto.


Estão convidados!



9 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo,
Muitos parabéns pela data redonda e, sobretudo, por (independentemente das intenções iniciais) teres criado um blogue de referência na profundidade da análise, na fundamentação cuidada, na abrangência das escolhas e na honestidade da perspetiva (com o valor acrescido de ir noticiando o que vais fazendo).
Acompanho o blogue desde sempre, e só me fez bem, claro. E já que falas das intenções iniciais, sempre pensei que haveria espaço (e interesse) para a recolha de alguns artigos em formato livro. Talvez um dia...
Obrigado pelo blogue!
Abraços,
Pedro Mota

Pedro Moura disse...

Olá, Pedro, obrigado. Interesse? Deve ser pouco? Dinheiro? Nenhum? Um best of é páginas em branco! Abraço!

Anónimo disse...

Nunca comprei um livro teu.Nunca comprarei nada da tua editora, e não é por taquanhez. Eu tenho pricípios. E não faço concessões por ninguém. Nem por ti nem por ninguém. O trato contigo foi sempre ao nível daquilo que tu transmitias. Behaviarismo gera behaviarismo. ewu podia ser mais altivo mas não me apetece. Tu vives nunma toore de marfim muito alta e o cadáver dos elefantes adensam-se. Dizer mal de gigantes da banda desenhada em prol de salvar os "bandeiras portuguesas" que estudaram na tua escola de betos onde leccionas e os treinas para serem projectos teus e de ti e para ti. Isso não funciona. Leio com discernimento. Leio-te em transversal porque tu adensas te na escrita. A parte visual reclama exemplo VISUAIS. técnicas que se sustem na imagem com a escrita. O Kayfabe leva um 8 de 1 a 10, só porque são limitados no que mostravam, mas levam um 8 porque mostram a parte gráfica a funcionar segundo um olhar visual atento á técnica e expressão. Coisas que interessam a artistas que de facto põe no papel ou no digital o traço mancha cor ou sequencias e fazem analapses e prolepses tão ricas e tão bem propostas pelo James Joyce, embora ele não tenha sido o primeiro. Mas eu não sou perito da escrita.Leio-te a rir-me, sempre. Leio-te com um sorriso consciente de que tu o que queres é capitalizar-te. Queres tudo. Queres ter o controlo total de todas as áreas da produção. Como um polvo. É primeiro crítico, cospe no Pratt onde come( O PRATT NÃO É ROMANCE DE CORDEL, E NÃO FAZ MONÓLOGOS NA ESCRITA COMO TU FAZES NA BD), come o Miller cosido( ELE NUNCA FOI RACISTA, NEM XENÓFOBO, ESTÁ SÓ EM DECLINIO) , ser dono de uma editora, elege quem é para edição na Chili com Carne, abre livrarias, abre galeria, determina quem recebe bolsa de novos autores em Portugal na área de Bd, promove livros lixo só porque são feitos por portugueses, (não devia haver bandeiras na arte, embora exista legados que nos unem culturalmente, a arte devia ser universal, não é?) e controla muito mais basta ir acompanhando a próxima leva de contradições dos pratos que ele refuta mas que que quer servir-se- Bom dia. Venho aqui raramente. E muito menos por ti. Porque aquilo que metes aqui, não te pertence, o objecto/sujeito da tua escrita. vai formatando as cabecinhas dos betinhos das excelentíssimas escolas exclusivas onde dás aulas. Era só ver palhaçada que seria ver-te a ensinar... Aqui ninguém quer nada teu.

Anónimo disse...

Essa coisa do parasita e hospedeiro saiu donde? Não foi de mim certamente. Isso do parasita e hospedeiro é parafraseado teu. O Ilan já não dá beijos? e o que é o Only Fans? foste a primeira pessoa que ouvi a falar disso. Depois estava vendo podcasts e percebi a que te referias. Eu não faço auto biografias como tu. Mas é aí que pesquisas estética? Poesia? Beleza? arte? Percebo. LOL O Hugo Pratt perde para esses sites.

Anónimo disse...

Que comentário tão rancoroso e injusto. Cheira-me a frustração acumulada.

Anónimo disse...

Cheira-me a liberdade. A tua opinião a ti pertence e a minha opinião a mim pertence. O que tu pensas a mim não interessa. Eu não tenho nada a perder. Para ti ou pra gajos que se julgam titãs, respondo eu. Não outros, disfarçados de avatar do dono da resposta que te pertence. Oiraite, Moura?

Anónimo disse...

Você não gosta, não gosta, mas por cá comentou três vezes…

Anónimo disse...

Muitos parabéns pelo blog e carreira! Claramente é necessário sobretudo se deixa algumas pessoas nervosas.

Pedro Moura disse...

Bom, são tantos anónimos que imagino que seja sempre a mesma pessoa, a falar consigo mesma, com uma espécie de capacete feita de espelhos próximos dos olhos, que lhe dá febres em náo se reconhecer a si mesma.
Camarada "negativo": estás absolutamente à vontade para não me ler, mas parece que isto é uma espécie de heroína da qual não te libertas... Diz sim à vida, não à droga!