30 de junho de 2006

Free Radicals. AAVV (Paper Rodeo)


A capa, desenhada por Cybele Collins, penso que diz tudo: existem dragões diversos que saem das nossas cabeças e sopram fogos que se podem juntar num incêndio comum e brilhante. Mais do que uma metáfora, é uma imagem que preside ao gesto editorial de Leif Goldberg, um dos protagonistas da cena de Fort Thunder, de que já falámos várias vezes, por ocasião de outra antologia da Paper Rodeo, e das publicações Kramer's Ergot e The Ganzfeld.
Agregando mais de quarenta artistas, apresentam-se desenhos, ilustrações, bandas desenhadas, colagens do que parecem ser rabiscos ao telefone, páginas arrancadas de sketchbooks, etc., tudo impresso em folhas coloridas (cinco), fazendo até de um folhear rápido um caleidoscópio alucinado, como impõe a lei desta família de experiências gráficas. Nesse ponto, e noutros, estão próximos destas publicações.
Encontrar-se-ão aqui artistas nossos favoritos, desde Josh Simmons (dos demenciais Happy e All About Fucking), Mat Brinkman, Brian Chippendale, C.F., a outros novos nomes (para mim) mas que me prendem logo, como Mark Farhall e Josh Thompson. Algumas das participações não são tão significativas como estas, mesmo incorrendo em exemplos que parecem infantis, ou da pior ilustração adolescente possível, mas talvez sejam desvios kitsch ou soluções na edição... Para os cultores destas funções desarrumadoras dos zines, Free Radicals é tão fundamental como o foi, por exemplo, a publicação Coober Skeber (o segundo, o Marvel benefit issue), do mesmo grupo.
Finalmente, saliente-se ainda a participação de Sam Lopes, também da escola de Rhode Island de onde vem grupo de Fort Thunder, mas que têm participado muito no círculo galerístico com os seus trabalhos figurativos e de estranhas lições sociais... aqui apresenta uma breve parábola sexual que seguramente bebe de uma série de fundamentalismos religiosos ainda hoje visíveis.
Nota: existe uma animação abstracta de Len Lye intitulada Free Radicals (1958), que consiste em riscos brancos sobre o filme preto, os quais se parecem balancear e mover ao ritmo e melodia dos tambores Ragim (África do Sul, se não estou em erro). Não sei se haverá ou não uma ligação directa, ou se é antes com qualquer outra referência, por isso não elaboro. Mas esse filme, na sua livre convergência de elementos tão díspares aponta para uma mesma vontade neste grupo de artistas, que me parece pertinente deixar a menção. Posted by Picasa

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