26 de novembro de 2013

Les gens normaux. AAVV (Casterman)

Este projecto antológico, que mistura géneros tais como os da reportagem, testemunho, autobiografia e ensaio, na banda desenhada, encontra-se numa linha que começou há décadas atrás com Paroles de taulards, em 1999. Projecto colectivo que conta com inúmeros agentes, editoriais, criativos, artísticos, e a nível mesmo de logística à sua produção, estes projectos podem-se englobar num sentido geral como a criação de condições para que pessoas possam contar as suas histórias, nos seus termos, pelo meio da banda desenhada. Isto é, através de várias estratégias de produção, procurar que cidadãos do mundo os quais rara ou parcamente têm acesso aos instrumentos que os tornarão agentes relatantes da própria história, possam encontrar um caminho a essa mesma expressão. O projecto começou com os “taulards”, isto é, os presos, e atravessaria “classes” tais como os surdos, os iletrados, os drogados, os imigrantes… e agora os homossexuais. Longe de querer tornar cada um desses grupos “comparáveis” entre si por uma qualquer perspectiva, ainda assim emerge a ideia, ancorada em factos e atitudes generalizadas, de que todos esses “grupos” são, de uma forma ou outra, marginalizados pelas estruturas normativas das nossas sociedades, as quais criam uma noção, ilusória, falsa, fantasmática, de “normalidade” - a infografia “sem marca” da casa de banho dos homens - a partir do qual todo e qualquer desvio será visto como “diferente”, “desvio”, “marginalizável” se não mesmo “marginalizado” de modo efectivo.

Les gens normaux nasce de um gesto entre as publicações bd Boum e Les rendez-vous de l’histoire, com a Casterman (esta última aceitando este projecto no quadro da sua colecção Écritures à medida de Japon e projectos similares), projecto que convidou Hubert (apenas Hubert) a recolher dez testemunhos de contactos da cidade de Touraine, entre lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais, os quais depois foram transformados em bandas desenhadas curtas. O fito é portanto criar uma massa crítica de experiências reais e ancoradas em casos singulares e individuais que poderão dar um “rosto humano” ou pelo menos uma “escala doméstica” a questões que muitas vezes são discutidas e esgrimidas em quadros absolutos, abstractos e muitas vezes na ignorância, e ainda as mais das vezes na ausência quase total de uma compreensão de como estabelecer diálogos entre as partes, mormente aquelas que se vêem a si mesmas como “opositoras”. Os artistas convidados a estas “traduções” são Cyril Pedrosa, Alexis Dormal, Virginie Augustin, Jeromeuh, Zanzim, Simon Hureau, Merwan, Freddy Nadolny Poustochkine, Freddy Martin, Natacha Sicaud e Audry Spiry. Com a excepção dos autores de Portugal, de En silence, de que faláramos, a maior parte destes autores não são de forma alguma nem de primeira linha na fama nem tampouco na conquista de linguagens particularmente singulares e diferenciadas. Ainda assim, já havíamos mencionado um projecto de Martin, também. A ideia de que este não seria o espaço ideal para pesquisas que levassem ao desenvolvimento de uma linguagem mais vincada e forte seria imediatamente desmontada pela participação de Baudoin em Paroles de taulards, cuja história é uma das mais concisas mas ainda assim visualmente, a um só tempo, estruturadas e livres dos seus trabalhos. Ainda assim, temos aqui autores cuja arte é digna de nota nos seus gestos mais contínuos, como Sicaud e Merwan.

Além do mais, para contextualizar as palavras dos testemunhos, apresentam-se ainda textos curtos dos mais variados autores (políticos, activistas, investigadores, historiadores) que não apenas constroem uma imagem do espaço da “homossexualidade” enquanto tema político recente em França (devido à lei dos PACS, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adopção homoparental, etc.), mas integram-na em discursos variados e alargados no tempo: da medicina à psicologia, passando mesma pela religião, a legislação e o papel “cultural”, revisitando a Antiguidade, a Revolução Francesa, os séculos XIX e XX… Estes textos são escritos por pessoas como Éric Fassin, Maxime Foerster, Florence Tamagne, Louis-George Tin e Michelle Perrot, a última das quais alguns leitores poderão reconhecer como uma das coordenadoras do imenso projecto História das Mulheres no Ocidente, cujos 5 tomos foram publicados em português pela Afrontamento.

A ordenação entre histórias dos testemunhos e estes textos complementares estão organizadas de maneira a que a leitura linear se possa informar mútua e/ou consecutivamente. E as histórias, como não podem deixar de ser, são tão diferentes como os caracteres humanos dos intervenientes: temos mulheres e homens que saíram de relações anteriores heterossexuais, temos pessoas que se identificam enquanto homossexuais desde tenra idade, temos pessoas cujos confrontos com as respectivas famílias foram de extrema violência e incompreensão e outros em que esse factor em nada alterou as redes de ternura e relacionamento. Há histórias que se centram na desaparição mortal de um companheiro, outros que se enleiam nos problemas jurídicos e económicos das relações entre dois homens ou duas mulheres à face da sociedade, histórias tristes e histórias felizes, histórias trágicas e histórias banais. Mas acima de tudo, o que deveria sobreviver da leitura conjunta é de facto a “banalidade” das experiências, no sentido em que as emoções, medos e alegrias têm de facto um denominador comum a que se deve adjectivar como “humano”. O título é, como se compreende, uma provocação. A “normalidade” - e não foi preciso Arno Gruen para pensar nisso? - não existe em si mesma, mas apenas uma conformidade a certos princípios sociais que são passageiros, ou voláteis, mas que, acima de tudo, não deveriam tornar-se obstáculo para a felicidade dos outros. É curioso o estudo da palavra “heterosexualidade”, a qual foi empregue como “desvio a uma norma” nas disciplinas médico-psicológicas, e apenas mais tarde, já no século XX, tomada para representar “o normal”, ou pior, “o natural”.

Se seguirmos, por exemplo, a cartografia do desenvolvimento das representações dos homossexuais (e lésbicas, se se preferir uma distinção que respeite não apenas a “diferença biológica” mas os esforços políticos específicos das mulheres) proposta por Didier Eribon, em Réflexions sur la question gay, entender-se-á que é muito recente (e não totalmente desprovida de escolhos) a emancipação, e constituição mesmo, dos homossexuais enquanto sujeitos. Estas questões, de dimensões políticas, económicas, jurídicas, etc., não são de forma algum matéria secundária ou complementar em relação à vida quotidiana dos entrevistados. Bem pelo contrário, são elas os obstáculos ou blocos que constroem a progressão das suas vidas. Estas dez histórias mostram dez pessoas, não dez “modelos”. Mas ainda assim dez pessoas que poderão servir de dez exemplos às formas como navegar essas representações. E são muitas, como se imagina, as noções que estimularão a discussão. De facto, Les gens normaux será menos um livro de entretenimento - ou não o será de todo - mas antes uma forma de pensar essas mesmas noções. Quer já elas façam parte do quotidiano dos leitores quer sejam ainda matéria tabu das suas considerações.

Regressando ao filósofo francês, Eribon constitui parte da sua discussão em torno da ideia da linguagem enquanto constituinte do sujeito, e foca sobretudo no insulto (aliás, a tradução inglesa elege mesmo a palavra como título). Eis uma cena famosa, citada: em Brokeback Mountain, Ennis, enquanto rapazinho, é exposto ao cadáver de um homossexual morto pelos cowboys da  área, e esse exemplo serve de advertência, lição moral e política, mas igualmente como argumento para evitar que os jovens “escolham” aquele caminho. Eribon, sob o signo dessa cena, indica como “a homossexualidade é portanto proscrita das relações prescritas entre os homens”, recordando quase os princípios do Levítico. O insulto surge assim como a interpelação de Althusser - Eribon diz mesmo ser uma das “mais notáveis (e concretas) formas” da interpelação - apontando como a constituição destes sujeitos é feita, à la Foucault, entre as estruturas de domínio e os processos de resistência a esse poder. Eribon também aproveita de Foucault a noção da “heterotopia”, espaços outros que se encontram no seio de um mundo social pejado de regras e limitações e normas disciplinares, mas nos quais se consegue ocupar um espaço de escapatória a esses mesmos poderes, ao destino da subjugação. Menos do que utopias, as heterotopias são espaços que marcam a diferença para com os restantes espaços, e no interior do qual o sujeito poderá encontrar outras formas de se constituir enquanto sujeito. De certa forma, todos os relatos de gens normaux procura precisamente essa constituição. Quando homossexuais ocupam lugar de personagens de banda desenhada sem que a sexualidade seja o aspecto central - como nos casos da ficção científica, de Artifice a Nu-MenI (de que falaremos em breve), ou todos os exemplos nos super-heróis norte-americanos - isso ainda é notícia, porque estimula o “grau de diferença” dos restantes textos…

Essa constituição, porém, não se constrói na ilusão de uma direcção entre aquele que fala e o que lê/vê sem mediação. Bem pelo contrário, depois do, e no, prólogo desenhado por Pedrosa, as condições das entrevistas de Hubert às pessoas são não apenas mostradas mas debatidas, ele próprio surge sempre representado no plano do enquadramento das histórias, mesmo que todas elas optem por uma analepse que torna visível os pretéritos de cada um. Essa inclusão do entrevistador, desenhado de modos diferentes por cada artistas, servem menos para uma flutuação da personalidade de Hubert do que para sublinhar o carácter mediado e flutuante, ou seja, necessariamente dialogante, entre todos os intervenientes, inclusive o leitor. Em todos os casos, jamais estamos perante histórias definitivas, normalizadas, portanto, mas em espaços de fluxo, em espaços de esperança de que o diálogo possa ser cada vez maior.
Nota final: agradecimentos à editora, pela oferta do livro.

6 comentários:

José Sá disse...

Olá Pedro,

Neste tipo de questões que alguns chamam de fraturantes, quando deviam servir para nos unir a todos, o tema natural, principal, que nos traz à volta da conversa, da análise, acaba por ser deixado para trás, ou quase, como aqui aconteceu com o livro, com a arte, a banda desenhada, a forma de expressão em si. Não é uma crítica ao teu texto, nunca seria, é uma constatação que me costumo repetir quando penso sobre a heteronormatividade das minhas formulações e de todos nós no que respeita (palavra ambígua) à identidade sexual de cada um de nós. Não consigo olhar para o subtítulo do livro, sem pensar na expressão comunidade LGBT. O alinhamento das palavras é sempre o mesmo, não é inocente, também normativo, primeiro as senhoras, depois os homens e recuso-me a continuar. Os exemplos dados incorrem também em cruezas inevitáveis à descrição das situações e definição de um ser humano, como é bom exemplo o "cadáver do homossexual". Alguma vez pensamos o "cadáver heterossexual", ou o "cadáver obeso", por que não? Repito, não é uma crítica ao teu texto, o que digo está próximo da tua reflexão de a "heterossexualidade" ser inicialmente o "desvio a uma norma", mas a normalidade a que se alude no livro resultará da diversidade de orientações sexuais de um grupo de pessoas, duma sociedade? Prefiro pensar que antes reside na diversidade de orientações que deveríamos reconhecer em cada um de nós. Com um grande esforço de "conquista civilizacional" estamos a abandonar a designação de um ser humano pelo seu tom de pele, era de imaginar que seria mais fácil relativamente a com quem se relaciona sexualmente. Se queremos pensar a universalidade dos direitos humanos não podemos considerar subgrupos na designação desses direitos. Abaixo o direito das mulheres, dos negros, das crianças, das orientações sexuais. Abaixo os orientadores sexuais. Compreendo as grandes batalhas que são travadas, mas são batalhas humanas.
Aligeirando um pouco, antes de casar, eu não conseguia responder sem uma reprimenda bem disposta a quem me perguntava se eu era solteiro: "- Ora, lá por alguns optarem por casar eu tenho que ser obrigado a usar uma definição que me distingue da livre opção deles? Os casados são casados, pim! Os que não são não têm nada que ver com isso. Quem opta por emigrar, é emigrante e os outros como é que ficam? Quem é padre é padre, eu que não sou, sou sacristão?"
Este livro merecerá certamente uma leitura atenta dos relatos nele contidos, certamente transmitidos com inteligência e sensibilidade, ou não estarias aqui a divulga-lo, mas no que respeita à banda desenhada, como factor distintivo, o que é que se passa com ele?
Dito isto :-), excelente entrada, fabulosas referências.
Obrigado, Abraços.
José

Pedro Moura disse...

A questão é extremamente pertinente e é absolutamente verdade que este meu texto não é dos mais conseguidos no que diz respeito à leitura específica e de análise do livro em si. No entanto, também é verdade que se a banda desenhada é diversa, não podemos usar os mesmos instrumentos sempre, e no caso de "Les gens normaux", haverá variadíssimas dimensões pelas quais poderia pegar. Claro que podia dizer que, em termos de banda desenhada exclusivamente, não estaremos perante o projecto mais acabado e inovador do mundo, mas será que isso seria um posicionamento correcto perante o gesto deste livro? Não será antes o seu propósito comum e imediato a partilha destas vidas? Espero ter respondido pelo menos a esse aspecto do livro...
Concordo em absoluto que toda e qualquer conquista humana (preferia abdicar da palavra "civilizacional") deve ser feita em conjunto, mas não vamos ser ingénuos para pensar que atingimos já uma plataforma de identidade de direitos, pois isso é totalmente falso. Basta pensar nas mulheres. Claro que gostaria de dizer que acreditava que os direitos das mulheres em nada se deveriam distinguir dos dos homens - colocando de lado agora questões que possam de facto ter a ver com especificidades de sexo biológicas, já eu não haverá nada de similar nos homens da gravidez, por exemplo - mas todos conheceremos situações concretas em que isso apenas se verifica "no papel". Ainda hoje a diferença salarial, em funções idênticas, não só se nota como se tem acentuado, no nosso país. E poderíamos, houvesse tempo para estudar, e tentar compreender se não haverá de facto diferenças de tratamento por causa de orientações sexuais, cor de pele, idade, etc. (claro que há). Logo, esses "direitos diferenciados" servirão para assinalar o esforço maior que essas "categorias" têm de fazer, ao passo que aqueles que pertencem a categorias "privilegiadas" não têm. Basta que olhemos para nós próprios (falo por mim, pelo menos), e compreendamos o quão privilegiados somos em relação a outras pessoas que se afastam da ideia de "modelo" (sou branco-português, burguês, etc.). Isto é, se não temos a experiência de sentirmos na pele qualquer desse tipo de opressões sociais, não teremos nós o direito de dizer que elas não são sentidas, efectivas, duras, etc.
É por isso que é menos importante a "tolerância", que implica aceitar a existência de um modelo que faz o favor de permitir os desvios, do que a compreensão de experiencias de vida diferentes. Eis o fito da luta de direitos.
(continua)

Pedro Moura disse...

(continuando)
Concordo também que tenho dificuldades em dizer LGBT, muitas vezes confundindo a ordem das letras, mas mais uma vez não sou eu quem terá o direito de dizer "tu devias antes fazer isto ou aquilo". A única coisa que posso fazer é tentar conhecer cada vez mais as situações concretas e os enquadramentos políticos. Este livro ajuda sobremaneira nessa direcção.
Quanto ao meu lapso de escrever de formas categorizadas, muito bem-visto, e aceito perfeitamente a crítica. É mal-feito. Poderia procurar soluções mais elegantes e inclusivas. É como quando falo, em determinados lugares, de "banda desenhada homossexual". É ela em si homossexual? Significa que não pode ser lida por outras pessoas que não os homossexuais? Claro que é uma parvoíce ir por esse caminho, mas eu aina acho que faz sentido sublinhar essa diferença, e dou um exemplo. Em vários FIBDAs tiveram lugar exposições de temática erótica: quase sempre isso é cumprido com exemplos não apenas heterossexuais, como muitas vezes sexistas. Pode haver cenas lésbicas, mais usualmente para prazer masculino. Porque não se incluem pranchas do Tom of Finland ou do Fabrice Neaud ou do Gengoroh Tagame? A mim cheira-me que não será por uma questão de qualidade ou falta de acesso, mas sim princípios de heteronormatividade: "toda a gente gosta de ver uma mulher bonita; uma cena de sexo é estimulante para homens e mulheres; uma cena de sexo entre dois homens é uma pouca vergonha", ou então que levam àquelas frases que explicam muito: "não tenho nada contra gays, desde que seja lá entre eles/nos sítios deles/etc."
Portanto, mea culpa de todos os deslizes neste texto - a descrição da cena de "Brokeback Mountain", a falta de mais análise -, mas de resto, ainda há que fazer um esforço diferenciado...
Abraços!
Pedro

José Sá disse...

Obrigado pelas tuas palavras, por favor não te sintas compelido a responder, eu comento para agradecer o teu esforço de divulgação (em parte) e para reconhecer a grande qualidade do teu trabalho neste blogue (em grande parte).
O meu comentário anterior é orientado pela máxima do célebre poema de John Donne "Por quem os sinos dobram". Mesmo quando referes as diferenças que me separam da minha mulher e de todas as outras, a gravidez, eu reclamo essa gravidez para mim e para os outros homens. Ela é nossa, faz parte "Do Contrato Humano" que alguns "Rousseaus" andarão a escrever ao longo dos últimos dois séculos e qualquer coisa e que é uma obra ainda maior, mais inclusiva, e que cabe a nós compilar no nosso dia a dia.
A questão da qualidade da banda desenhada não é despicienda, apesar de teres toda a razão quanto à sanidade/salubridade de evitarmos a rigidez do discurso. Na altura escrevi aquilo, ainda pela referência ao filme do Ang Lee. Não será certo que nos filmes que já vimos, nomeadamente sobre as batalhas da liberdade sexual, podem facilmente misturar-se grandes histórias com desempenhos artísticos menos conseguidos? Como exemplo de um filme relativamente próximo ao "Brokeback" recordo o biopic "Milk" do Gus Van Sant. Uma obra de ficção de um lado, uma biografia do outro. Recordo-me de, correndo o grave risco de sofrer de memória selectiva, para o filme de Ang Lee as conversas à volta da qualidade do filme como objecto artístico nas suas várias categorias distintivas não serem tão dominadas pela história do amor entre dois homens, como o terão sido as conquistas dos direitos humanos ao sexo e aos afectos no filme do Van Sant, querendo dizer com isto que (e, Pedro, não vais levar a mal :-) a qualidade da arte é fundamental.
Obrigado,
José

Pedro Moura disse...

Estou quase de saída e não tenho tempo para grandes argumentos, mas... Eis a razão pela qual devemos apoiar o "casamento gay" (que ninguém se chateie!!):
http://www.youtube.com/watch?v=X-YCdcnf_P8&feature=c4-overview-vl&list=PLA3D67612B92CD08B
E, José, nenhum comentário sobre o livro do André Oliveira (a procurar) e o do "Sandman"?
Tudo é bem-vindo, é sempre bom dialogar a sério.
Pedro

José Sá disse...

Já que perguntas, não quis mesmo comentar as entradas anteriores porque para um não tinha nada para dizer e para o outro nada de relevante.
Gosto do traço da Joana Afonso, é agradavelmente retrógrado (vascogranjista, mesmo :-) e enquadra-se bem nos ambientes narrativos dos seus últimos trabalhos. O problema para mim é o preconceito que muitas vezes carrego relativamente aos autores portugueses e de como se notam as influências que os inspiram e como elas muitas vezes são misturadas de uma forma sortida a fazerem lembrar os "Long Play" de sucessos que tocavam no gira-discos da casa dos meus pais nos anos 80. Há sempre uma aldeia, há sempre esoterismo... não, não há, é mesmo preconceito. No entanto, no dia anterior ao da tua entrada, passeava na FNAC por um dos livros mais recentes... e como não ficar impaciente com, entre outras homenagens a composições felizes de grandes autores de comics dos 70s e 80s, o rascunho, rascunho mesmo, de um aardvark, que é das coisas que eu mais estimo das minhas leituras de banda desenhada. Ter-se-á perguntado o autor: "- Devo Sim ou Devo Não ficar só pelo trocadilho do título?". Juro-te, eu estarei sempre do lado dos bons, ou seja, das pessoas que trabalham na banda desenhada, que divulgam e apoiam bd, como é este o caso, especialmente relevante pelo que se pôde constatar do FIBDA, e aplaudo o esforço, por isso custa-me comentar - quando comentar não custa nada - o desafio que é em Portugal editar um livro de bd.
Quanto ao "Before Sandman", dizendo isto, nada a dizer, também não comentei o Antes dos Watchmen, apesar de ainda ter lido os Minutemen, pelo passado, e o Dr. Manhattan, pelo futuro. Vivemos uma espécie de era "full monty", certamente devida à crise económica que nos leva à exploração ao limite de tudo o que deu e poderá dar dinheiro. Não sei se o nome do show do O2 Arena será o "The Full Monty Phyton", mas deixa-me também explorar até ao máximo da exaustão os trocadilhos ;-).
Boa viagem, boas conferências.
Que inveja :-) Muitas vezes imagino um "Sideways" à francesa, um road movie entre Angouleme e Paris, a banda desenhada, o sentido da vida, as crises da meia-idade :-))))
José