Numa abordagem extremamente concentrada, como digestão de
leituras maiores, serve o presente post
para dar conta da recepção do segundo volume da prequela da saga de Battling Boy, de Pope e companheiros. Este
segundo volume continua a acompanhar a demanda de Aurora West pela sorte da sua
mãe, levando-a a oposições ao seu pai, o herói Haggard West, e a fortuna de
Arcopolis, lentamente tombando nas mãos dos pesadelos. (Mais)
Os autores continuam a explorar
de maneira muito equilibrada todo género de ideias feitas ou elementos típicos
das narrativas heróicas (e super-heróicas) necessárias a uma história desta
natureza, para mais orientado para um público jovem. Mas também têm em conta ingredientes
mais modernos, não só pelos papéis femininos, mas também colocando em primeiro
plano as fragilidades, ignorâncias e “telhados de vidro” dos próprios heróis.
Como toda a boa ficção popular que compreende as dinâmicas que mais fazem
sobreviver as narrativas, há um peso significativo nas relações familiares, nas
personalidades de cada personagem, os seus sonhos e medos, obsessões e erros, e
depois as equações que os ligam uns aos outros, levando assim a que, em cada
acção, o mecanismo do interesse do leitor esteja mais em compreender em que
medida é que cada movimento da personagem responde à situação e de que forma isso
alterará as relações, do que numa suposta “pressa” pela resolução dos
problemas.
O tom mais desprendido da aventura desenhada pelo próprio Pope
está algo ausente, porém, uma vez que parece ser da responsabilidade de Petty o
desejo em burilar a prequela como uma história de contornos bem mais trágicos
(quase mesmo “desligando” uma história da outra em termos de ambiente). Desta
maneira, em The Fall, uma vez que
estamos cada vez mais próximos dos acontecimentos do início de Battling Boy, aprendemos neste volume
alguns dos segredos mais dolorosos, como a verdadeira causa da morte da mãe de
Aurora e a identidade, e transformação, do seu “amigo imaginário” (e, de certa
forma, os mecanismos das origens dos monstros neste universo diegético). Em termos
de construção narrativa, porém, parece ser este volume mais acelerado e
dinâmico que o anterior.
Rubin continua aqui a mostrar algumas das razões pelas quais a
sua escolha foi quase “natural”, mas ao mesmo tempo existem atalhos – ao nível
dos cenários, pormenores, planificação dos episódios de acção, e mesmo a
elegância titubeante da composição das páginas – que enfraquecem a prestação
anterior (já para não comparar com o seu trabalho próprio, fortalecido sempre
pelo cor, mesmo que convencional).
Dito isto, The Fall of
the House of West, que ainda deve contar com um terceiro volume (apesar de
nunca haver indicação paratextual disso), continua a cumprir a sua função de “sessão
da tarde”.
Nota final: agradecimentos à editora, pelo envio do livro em
formato pdf.
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